A Importância dos Cuidados Paliativos

A Importância dos Cuidados Paliativos

O século XXI está a apresentar-se com uma característica marcante: o aumento da expectativa de vida em todos os continentes. Tal facto tem relação com as melhorias das condições de saneamento, bem como ao acesso a uma medicina mais desenvolvida e de maior qualidade, inclusive nos países em desenvolvimento.

Essa elevação faz com que a população mundial se torne envelhecida e, com isso, aparece a necessidade de investimento em políticas públicas relativas à melhoria da qualidade de vida dos idosos, já que envelhecer sem a devida qualidade pode ser algo impactante dentro da sociedade atual, tanto no que diz respeito aos sistemas de saúde quanto aos sistemas previdenciários.

Por isso, inúmeros governantes têm investido em medidas que incrementam a qualidade de vida baseadas em modificações no estilo de vida, tais como: um maior estímulo à alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos regular, gerenciamento do stress e dos riscos inerentes à terceira idade. No entanto, ainda que com todo esse investimento, invariavelmente em um determinado momento, todos irão chegar a um estágio da existência, a qual enfermidades que ameacem a vida irão surgir. É a partir deste momento que se passa a falar em Cuidados Paliativos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, “Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” (WHO, 2002).

Assim, os Cuidados Paliativos são promovidos diante de uma enfermidade que ameace a vida, ou seja, eles se centram na qualidade e não mais na duração da vida, sendo ofertados através de uma assistência humanizada e compassiva para os pacientes (e familiares) que se encontram nos momentos de uma doença ameaçadora e de difícil reversão. A sua filosofia aceita a morte como o estágio final da vida. Portanto, ela afirma a vida, e não acelera, nem adia a morte. Tais intervenções estão focadas na pessoa e não na doença, tratando e controlando os sintomas que geram desconforto, para que os últimos dias de vida sejam dignos e de qualidade, cercado pelos seus entes queridos. A abordagem também é focada na família do enfermo, para que a tomada das decisões seja a mais assertiva possível.

Esses cuidados poderão ser realizados na moradia do paciente, em um hospital ou em uma unidade de saúde. A decisão para o seu início é conjunta entre paciente, familiares e equipa de saúde. Um dos maiores problemas acerca dos cuidados paliativos é que, muitas vezes, eles são iniciados de forma tardia, pois o médico assistente, bem como o paciente ou a sua família rejeitam essa alternativa porque acreditam que, dessa forma, o paciente possa estar desistindo da luta e que não existe mais esperança. Isso não é verdade. Se o paciente melhorar ou se a doença entrar em remissão, ele terá alta e continuará com o tratamento que vinha realizando.

Dentre os seus princípios, destacam-se os seguintes:

1. Promover o alívio da dor e de outros sintomas.

2. Afirmar a vida e considerar a morte como um processo natural.

3. Não acelerar nem adiar a morte.

4. Integrar os aspetos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente.

5. Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte.

6. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.

7. Promover a abordagem multiprofissional para focar nas necessidades dos pacientes e dos seus familiares, incluindo acompanhamento no luto.

8. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso de vida.

9. Ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas stressantes.

Por fim, é preciso desmistificar a ideia que os cuidados paliativos só devem ser empregados quando não há mais possibilidade de tratamento e o paciente estiver em condição de terminalidade. O seu principal conceito é promover a qualidade de vida dos pacientes e dos seus familiares por meio de prevenção e alívio do sofrimento. Trata-se de humanizar a assistência, e essa humanização está justamente na maneira como a equipe avalia e aplica o plano terapêutico nos campos emocional, físico, social e até mesmo espiritual, afinal, todas essas áreas devem estar em harmonia para que o paciente se sinta bem.


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