A Origem do Dia de “Thanksgiving”

A Origem do Dia de “Thanksgiving”

É certo que este feriado (nos EUA) pouco ou nada diz a um português, não faz parte da nossa história nem sequer é uma daquelas tradições “adotadas”.

Porquê então dedicar um artigo a uma comemoração que nada tem a ver connosco?

Creio que essa questão tem duas respostas:

O facto de ter família nos EUA.

Mera curiosidade pelo alheio.

É um feriado não de sempre, mas arriscaria a dizer que para sempre!

Apesar de terem ocorrido várias celebrações mais antigas na Florida e no Texas (século XVI), oficialmente a celebração do “Thanksgiving” começou em 1621 na cidade de Plymouth, em Massachusetts (Nova Inglaterra). Foi nesta cidade que cerca de uma centena de Ingleses protestantes e, tudo indica que alguns cadastrados, desembarcaram após uma viagem marcada pela fome e várias doenças a bordo do navio Mayflower.

Após a chegada ao novo mundo, pensa-se que apenas metade do grupo conseguiu sobreviver e, a mortalidade só não foi maior graças à ajuda dos índios nativos, que os ensinaram a extrair a seiva das árvores, a evitar plantas venenosas, a lavrar a terra e desenvolver a agricultura, principalmente o cultivo do milho. Passado um ano, de forma a agradecer a abundância das colheitas e como forma de comemoração conjunta com os índios, o governador dos peregrinos, William Bradford, realizou um banquete com a duração de três dias. Tinha acabado de nascer o primeiro dia de Ação de Graças, celebrando a solidariedade e a fraternidade entre povos de culturas diferentes.

Com o passar dos séculos o dia de Ação de Graças tornou-se uma tradição anual.

Em 1863 Abraham Lincoln declarou que o dia de Ação de Graças seria um dia festivo e seria realizado sempre na última quinta-feira de novembro, mas só passou a ser feriado nacional em novembro de 1941, na presidência de Franklin Delano Roosevelt.

Este feriado nacional, por não estar associado a nenhuma religião, é celebrado de forma maciça pelos norte americanos. Não há família (incluindo a minha) que não celebre este acontecimento com um jantar especial onde todos se juntam à mesa para degustar os pratos típicos feitos à base de abóbora, milho cozido, batata-doce, puré de batata, molho de arando (cranberry), “cookies”, tarte de maçã e claro, o famoso e tradicional peru.

Na rua, o dia de Ação de Graças é celebrado em praticamente todas as cidades, festas, desfiles e alguma oração (nas gerações mais velhas) marcam a festividade. A cadeia de lojas Macy's é responsável pelo maior desfile conhecido Macy’s Thanksgiving Day Parade), realiza-se em Nova Iorque já desde 1924.

No ano passado, devido à pandemia de covid-19, este desfile não teve público a assistir, os americanos foram obrigados a acompanhar o evento através da televisão. Este ano, com a situação pandémica mais controlada, o 95º desfile (com um trajeto de 4 km) vai voltar a ter espetadores e espera-se que pelo menos 3,5 milhões de pessoas acompanhem de forma presencial e efusiva esta celebração, principalmente na 6ª Avenida (West 59th to West 38th Streets).

É um verdadeiro dia de festa, muitos são o que o consideram quase tão importante quanto o natal.

A tradição de dar graças a Deus antes de se iniciar as principais refeições do dia, continua viva e a ser uma presença assídua no seio das famílias americanas.

Para além de uma mesa farta e das festividades de rua, nos EUA o “Thanksgiving” é também sinónimo de férias e viagens, sendo muito comum as escolas e universidades fecharem por um período de cinco dias consecutivos.