A Revolta do Relógio!

A Revolta do Relógio!

Oficialmente já foi… Na prática, de forma lenta e progressiva o verão está a fugir, a cada dia que passa temos menos um centímetro dele, um desaparecimento lento que vai conduzindo ao tradicional esquecimento sazonal.

Sem verão e com o saldo de férias (22 dias) esgotado o que é que agora não fazia falta? A temível mudança da hora…

Ainda estou para conhecer alguém que aprecie este recuo no relógio. Parece pouco, é apenas uma hora, mas é o suficiente para que todos os dias abandone o local de trabalho na escuridão.

Pois é! Chegou, para mim, um dos momentos mais tristes do ano… Porque mudamos a hora? Parece que está relacionado com a noção ancestral de aproveitamento da luz solar.

Como é sabido, o conceito de alterar o tempo de acordo com o comportamento do Sol não é recente, existem registos que indicam que os romanos contabilizavam o tempo de forma a ajustá-lo continuamente ao comportamento do sol.

Alguns séculos mais tarde, a ideia de alterar o horário nasceu na mente de um “jovem de 78 anos” filho de um comerciante de velas, de seu nome Benjamin Franklin. Nem mais, é exatamente esse que está a pensar, o autor da famosa expressão “um tostão poupado é um tostão ganho”.

Corria o ano de 1784 quando Benjamin com o propósito de poupar velas propôs pela primeira vez um horário de verão. Segundo ele, ao madrugar era possível aproveitar horas de sol, o que conduzia a uma significativa poupança de energia. Felizmente para o, à data já falecido, pai de Benjamin, a ideia ficou no domínio das ideias, caso tivesse sido implementada poderia ter comprometido a viabilidade económica do negócio da família.

Mais de cem anos depois, em 1895 George Hudson (cientista neozelandês) desenvolveu uma tese na qual defendia um sistema de “ajuste temporal sazonal". Como qualquer ideia inovadora, de início foi ridicularizada mas 32 anos depois foi mesmo implementada na Nova Zelândia.

Na Europa, o primeiro país que aderiu foi a Áustria (em 1916) e nos dois anos seguintes este pequeno país foi seguido pelo Reino Unido, França e EUA. Parece óbvio que a 1ª Guerra Mundial precipitou esta mudança, era preciso poupar combustível e conseguir mais horas de trabalho produtivo, recursos preciosos em tempo de guerra.

Após o final da guerra, com exceção do Reino Unido, que em 1925 tornou este sistema horário oficial (British Summer Time, BST), a maioria dos países deixou de utilizá-lo.

Por altura da 2ª Guerra Mundial, nos EUA o sistema horário foi novamente adotado, numa primeira fase era de caráter opcional para cada estado, mas numa segunda fase foi tornado obrigatório para todos os estados (excluindo o Hawai e o Arizona). Ficou conhecido como o “Uniform Time Act” (UTA).

Já na década de 70 graças à crise do petróleo, mais uma vez a mudança de hora voltou a ganhar vida e em 1981 tornou-se mesmo uma diretiva europeia.

Neste momento, ao ler aquilo que vou escrevendo, estou a ser invadido por um sentimento de revolta e de injustiça, com este artigo espero sensibilizar os leitores para uma “revolução”. Esta podia chamar-se o “29 de outubro”, um apelo com o objetivo de abolir a ditadura da mudança horária.

Queremos ter o mesmo horário que os “nuestros hermanos”...queremos um único relógio ibérico.

238 anos depois da ideia de Benjamin Franklin e 108 anos depois da 1ª Guerra Mundial, eis que continuamos a avançar e a recuar 1 hora, duas vezes por ano, nos nossos relógios.

Qual é a razão? Provavelmente a mesma do passado mas adaptada à atualidade: Certamente é para poupar gás e petróleo Russo!

“29 de outubro” sempre!


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