Aveiro: Capital Portuguesa da Cultura
Aveiro: Capital Portuguesa da Cultura

Aveiro: Capital Portuguesa da Cultura

A cidade de Aveiro, frequentemente louvada como a Veneza de Portugal, oferece uma tapeçaria rica em beleza natural, arquitetónica e cultural. 

Aveiro é a primeira Capital Portuguesa da Cultura, uma iniciativa lançada a 7 de dezembro 2022 pelo Governo português, através do Ministério da Cultura, aquando da conferência de imprensa que anunciou Évora como Capital Europeia da Cultura 2027. As próximas cidades-capital portuguesa da Cultura serão Braga e Ponta Delgada.

Situada no coração da região Centro de Portugal, Aveiro abraça a ria que partilha o seu nome, constituindo um húmus fértil e prolífico para uma miríade de narrativas que entrelaçam o património histórico e contemporâneo, desde a faina das salinas aos edifícios em Arte Nova.

Aveiro

O panorama natural de Aveiro é dominado pela sua ria, um delta interno que sobressai como um ecossistema de uma biodiversidade pujante, onde as águas do oceano e as da ria se mesclam, resultando num final feliz o encontro do rio Vouga com o mar. Esse “caminho largo com água”, que os romanos apelidaram de “Vilica”, que nasce na Serra da Lapa, a 900 metros, a pouca distância do Santuário de Nossa Senhora da Lapa, na freguesia de Quintela, Sernancelhe e segue, de forma tortuosa, 148 quilómetros de vales e planícies, alimentando as cegonhas que se guardam nos postes de alta-tensão até abraçar a ria.

É um espelho de água salobra, é intricado por uma malha de canais que perpassam a cidade, dotando-a de uma singularidade paisagística e biológica, e servindo de sustentáculo para a economia local, outrossim baseada na salinicultura e na pesca artesanal.

Aveiro revela-se uma magnífica síntese de tradição e modernidade. O seu centro histórico, lastrado de edifícios revestidos de azulejos e de traça tradicional, coabita harmoniosamente com exemplares sumptuosos da Arte Nova, estilo que no alvorecer do século XX encontrou nesta terra uma imprescindível tela de expressão. Encoraja-nos a perdermo-nos nos seus canais a bordo dos moliceiros, as embarcações tradicionais outrora destinadas à apanha do moliço e que hoje navegam como ícones da identidade local. Entre a ria e o Atlântico, a cidade é porta de entrada para praias desafogadas e elegantes, como a de São Jacinto, a da Costa Nova ou a da Vagueira, onde o dourar das dunas beija o azul que o céu reflete no oceano.

Aveiro, com a sua conduta dialógica entre o passado esbranquiçado do sal e o futuro promissor, eleva-se não apenas como o coração de um distrito, mas como um epicentro de cultura, conhecimento e encantamento em território português. Ao divagar pela cidade — entre a arte, a ciência e o estuário da vida — depara-se com uma vibrante celebração do humano e do natural, num tecido urbano que, com subtil finesse, urde a elegância da história na trama da modernidade.

Nas veias da cidade fluem o espírito académico e dinamismo juvenil. A Universidade de Aveiro, fundada em 1973, é um dos polos de inovação científica e cultural do país, atraindo estudantes e investigadores de diversos quadrantes. Uma academia que se traduz num vetor de vitalidade e renovação, que permeia o quotidiano aveirense.

E porque esta cidade não é só ria, salinas, arte nova ou demais património notável, Aveiro é culinária e da boa. É um convite para degustar, sendo a sua ex-líbris a doçaria: os ovos-moles, alicerçados numa herança conventual, são uma verdadeira perdição para os paladares mais exigentes. Já as enguias da ria e a caldeirada de peixe representam a mestria aveirense em combinar os prodígios do seu meio aquático com as artes da cozinha.

Aveiro, a urbe conhecida pela singularidade dos seus canais e pela beleza da sua arquitetura, é detentora de um passado cuja tessitura se entretece na riquíssima tapeçaria da história portuguesa.


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