Brother Jonathan: o pior desastre marítimo na costa do Pacífico
Brother Jonathan: o pior desastre marítimo na costa do Pacífico
Brother Jonathan: o pior desastre marítimo na costa do Pacífico

Brother Jonathan: o pior desastre marítimo na costa do Pacífico

Brother Jonathan

1865 foi um ano recheado de acontecimentos, muitas páginas da história mundial foram escritas. Talvez abril tenha sido o mês que ficou na cabeça das pessoas devido ao final da Guerra Cívil Americana no dia 9 e ao assassinato de Abraham Lincoln, aos 56 anos, no dia 14. Sem dúvida eventos de grande importância que mudaram o rumo do continente e do mundo. Basta pensar que os Estados Unidos da América finalmente conseguiram nesse mesmo ano, aprovar a 13º Emenda da constituição, que veio marcar o final de um período de 339 anos de escravatura. Nenhum desses acontecimentos dessa primavera são novidade para si, hoje o foco é em algo diferente… Algo que provavelmente nunca ouviu falar, que nos faz recuar ao verão de 1865.

No dia 30 de julho faz 156 anos que ocorreu o naufrágio do navio Brother Jonathan. Um navio de 67 metros a vapor de roda lateral assistido por velas quadradas sobre dois mastros. Na altura, era considerado um navio costeiro luxuoso. Tinha saído de São Francisco (Califórnia) com destino a Crescent City, Portland (Oregon), e de lá para Victoria, na Ilha de Vancouver. Há que relembrar que a “febre do Ouro da Califórnia” que teve o seu auge nos anos 40 e 50, começava a acalmar, dando lugar à nova “febre do Ouro do Oregon”.

Brother Jonathan Carta de Viagem

A bordo do Brother Jonathan seguiam 244 passageiros e tripulantes, dos quais constavam oficiais do exército, mineiros e fazendeiros com o sonho de encontrar ouro mais a norte. Entre os passageiros, estava o ilustre general George Wright, que tinha participado com mérito, tanto na guerra do México como na Guerra Civil. Além das pessoas, o navio também transportava suprimentos militares, animais, equipamentos industriais de mineração e ferroviários, moedas de ouro recém-cunhadas para pagar tribos indígenas, barras de ouro do banco Wells Fargo, bem como ouro e joias valiosas trazidas pelos passageiros.

No dia 27 de julho o barco estava carregado e pronto para zarpar, mas devido à sobrecarga de peso, teve de esperar que a maré subisse para poder partir, ou seja, no dia seguinte. A viagem até Crescent City correu de forma normal, cumprindo assim a primeira etapa com sucesso. Cerca de 2 horas após a saída desta cidade, a intensidade do vento e das ondas aumenta drasticamente levando a que o capitão DeWolf tenha dado a ordem para voltar para trás. A favor do vento o navio atinge uma velocidade maior e 45 minutos depois, às 13h50 colide com uma das muitas rochas pontiagudas existentes no canal do Dragão de St. George Reef. O capitão ordena o abandono da embarcação, começando de imediato um processo de evacuação para os botes salva vidas. Eram 6 e com capacidade suficiente para todos, no entanto apenas conseguiram lançar 3. O primeiro com 40 pessoas, ao afastar-se, foi apanhado por uma onda tendo-se virado. O segundo, devido às ondas, foi esmagado contra o casco, sem sequer dar tempo para que a tripulação pudesse agarrar os remos. Apenas um bote com 19 pessoas, conseguiu escapar, antes do Brother Jonathan se ter afundado. Depois de duas horas intermináveis conseguiu chegar à costa de Crescent City.

Com base na lista de passageiros e tripulantes, o desastre ceifou a vida de 225 pessoas e, dos 19 sobreviventes, 8 eram passageiros (5 mulheres e 3 crianças) e 11 tripulantes. Este naufrágio continua a ser a pior tragédia marítima que ocorreu na costa do Pacífico.

Jonathan Rock, Local do Naufrágio

Dos corpos recuperados, conseguiram-se identificar alguns e notificar as devidas famílias, sendo que os restantes foram enterrados num cemitério local. Os corpos do capitão DeWolf, do general Wright e da sua esposa nunca foram encontrados.

Memorial no Cemitério Brother Jonathan

Memorial no Cemitério Brother Jonathan

Em 1993, uma equipa de investigadores liderados por Donald Knight, da Deep Sea Research (DSR), localizou os destroços do navio a cerca de 2 milhas do local do naufrágio, a 84 metros de profundidade.

Foram resgatados milhares de objetos, principalmente copos, pratos, jarras, garrafas, entre outros itens. 3 anos depois, em 1996, os mergulhadores conseguiram resgatar 1.207 moedas de ouro em excelente estado de conservação. Enquanto o resgate ocorria, os descendentes dos passageiros, seguradoras e o Estado da Califórnia iniciaram ações judiciais reivindicando o tesouro. Após uma longa e extenuante batalha judicial, em 1999, a justiça Americana decidiu a favor da Deep Sea Research. As moedas foram leiloadas e a empresa recebeu 5,3 milhões, quantia que mal pagou o investimento e as despesas legais.

Grande parte dos artefactos recuperados, dos destroços do navio, encontram-se em exibição no Museu Del Norte County Historical Society e, as barras de ouro e joias que não foram recuperados encontram-se neste preciso momento algures no fundo do oceano pacífico. Se estiver a preparar-se para uma autêntica caça ao tesouro, posso ajudar a eliminar milhares de quilómetros de busca, comece por procurar no canal do Dragão...

Fotografias | Noehill e Tripadvisor