Casa de férias: Realidade ou Miragem?

Casa de férias: Realidade ou Miragem?

Arraiais, santos populares, sardinhas na brasa, final do ano letivo! O mês de junho traz consigo  vários eventos, e é também em junho que começa a surgir a vontade de fazer férias, mesmo em quem adora a sua profissão e que tem uma casa ampla e recheada de conforto. Não se trata de uma busca de conforto e luxo, muitas vezes é precisamente o contrário, abdicamos de alguns luxos do dia-a-dia em prol de uma mudança de ares.

No contexto de férias, já lhe aconteceu ter uma internet de qualidade superior àquela que tem em sua casa? Ou um colchão tão confortável?

A necessidade de férias é um sentimento transversal a toda a sociedade, não é um capricho dos ricos ou um refúgio dos preguiçosos. As férias são uma necessidade básica de quem trabalha ou estuda.

Por ser tão importante está consagrado no código do trabalho, se o leitor procurar o número 4 do Artigo 237º da Lei n.º 7/2009, encontrará dicas preciosas de como devem ser as férias:

“O direito a férias deve ser exercido de modo a proporcionar ao trabalhador a recuperação física e psíquica, condições de disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e participação social e cultural.”

O mesmo documento considera ainda que “o direito a férias é irrenunciável e o seu gozo não pode ser substituído”.

Após perceber que as férias são importantes e obrigatórias, que devem proporcionar descanso físico e mental, ainda assim, existe muita margem de manobra para cada um fazer uma interpretação diferente, goza-las à sua maneira.

Faz parte da natureza humana a busca pelo melhor, seja uma casa, um trabalho, um automóvel ou mesmo um restaurante. Neste caso específico, estamos à procura do melhor modelo de férias, será que o ideal é ter uma casa de férias? Ou pelo contrário, usufruir de um hotel é a melhor forma?

Se colocasse esta questão num fórum, certamente iria aparecer uma grande diversidade de opiniões, os defensores apaixonados dos hotéis versus os donos orgulhosos de casas de férias, é perfeitamente normal, se os seres humanos são tão diferentes, não seria expectável que todos tivessem de acordo de qual o melhor modelo de férias. Nem tão pouco há consenso em qual o melhor mês para se tirar férias, eis mais um exemplo em que a diversidade de opiniões é ótima e de salutar.

É certo que o COVID-19 veio alterar as nossas rotinas e a forma como encaramos as férias, mas não é menos verdade que a imunidade de grupo parece estar próxima, a normalidade poderá ainda fazer-se sentir este ano, finalmente vamos poder dar o tão ambicionado passo em frente.

Acontece frequentemente apaixonarmo-nos por um local e jurar que viveríamos ali para sempre. Em Lisboa, o Algarve alimenta mais fascínio, mas se questionássemos os Algarvios, certamente apontariam outro destino. Felizmente Portugal está bem recheado de locais com elevado potencial para férias, conseguimos ter uma disponibilidade de oferta para todos os sonhos e bolsos.

Vantagens de ter uma casa de férias |

As suas férias e possíveis finais de semana já têm um destino. Poderá trazer um significado mágico às sextas-feiras, fugir à rotina mais frequentemente. Pode receber familiares, amigos, até os animais de estimação podem ir consigo.

► Consegue desenvolver uma nova vida social com os vizinhos e/ou habitantes da zona.

► Pode gabar-se de ter uma casa de férias.

► Ter um cantinho só seu num local especial, pode confortar a mente.

► O investimento pode compensar a médio/longo prazo, o imóvel poderá valorizar-se ao longo do tempo, principalmente se fizer alguns melhoramentos.

► Devido ao menor uso, uma casa de férias não necessita de ser muito grande ou ter muitos luxos. Férias rima com desenrasque!

► Por ser mais pequena e afastada dos grandes centros urbanos, o investimento poderá ser menor quando comparado com a sua casa de residência.

► Quando não a está a usar, tem a possibilidade de arrendar a casa. Existem diversas plataformas digitais que permitem o arrendamento ou fazer alojamento local. Se a procura for grande, pode até passar a ser uma fonte de rendimento ou mesmo o seu negócio de futuro.

► Dependendo do número de dias de férias que tem ou se gosta de aproveitar os fins de semana, o investimento numa casa de férias poderá compensar financeiramente face ao que gastava em hotéis ou outros arrendamentos.

Desvantagens de ter uma casa de férias |

► Comprar a casa, usar as poupanças e/ou pedir empréstimo bancário.

► Por ser uma casa secundária, o imposto de selo será mais elevado.

► Mobilar e rechear a casa, o que nos dias de hoje significará uma despesa não inferior a dois mil euros.

► Pagamento de água e luz o ano inteiro, mesmo que use pouco ou nem use.

► Pagamento anual do imposto municipal sobre imóveis (IMI).

► Pagamento de condomínio.

► Terá de pagar um seguro sobre o imóvel mensal ou anual. Tirando a compra e a legalização, se somarmos todas as despesas acima descritas, ter uma casa de férias terá um custo fixo mínimo de cerca de mil euros anuais. Lembre-se também que quanto maior for a casa e caso tenha jardim, maiores serão as despesas.

► Sempre que usufruir da sua casa de férias, terá de se deslocar, o que implica custos a nível de desgaste da viatura, combustível e eventualmente portagens. Quanto mais longe da sua área de residência for, maior será a despesa.

► Sempre que for de férias, terá de fazer as limpezas da casa (ou pagar para alguém as fazer), cozinhar, fazer compras de supermercado, lavar e secar roupa.

► Fazer a manutenção da casa, por muito pouco que seja usada, terá sempre um desgaste associado.

► Ficamos de certa forma “reféns” da casa, quando pensamos em ir passar um fim de semana para outro local, ou até fazer uma viagem, com certeza irá passar-lhe pela cabeça que fez um investimento e que não o está a aproveitar!

Ter uma casa de férias poderá ser ótimo para uns e péssimo para outros, dependerá sempre das suas características individuais, gostos, forma como encara a vida e as férias. E, claro, também da sua disponibilidade financeira e orçamento familiar.

Conseguiu tomar a sua decisão?

Fotografia | Alfred Derks