Ciência e os seus distintos anónimos

Ciência e os seus distintos anónimos

Quando a espuma dos dias desvanece e o nosso presente se transforma em passado o que irão relatar os vindouros? O que contamos nós dos tempos antigos? Aparentemente o que fica realmente para a História são apenas os grandes eventos e os nomes mais sonantes. E tal acontece também quando revemos os principais momentos da ciência. Mas reduzir este percurso de sucesso às epifanias dos homens é muito redutor. A ciência deve muito aos quase desconhecidos, muitos deles mulheres com pouco destaque. Um notável exemplo disto mesmo é Williamina Fleming (1857-1911), uma brilhante matemática escocesa. A sua vida não foi fácil. Recém chegada aos EUA o marido abandonou-a e a imigrante viu-se obrigada a trabalhar como empregada doméstica para cuidar da família. Por mero acaso o lugar onde trabalhava pertencia a Edward Pickering, diretor do Harvard College Observatory.

Num dia particularmente cinzento o astrónomo norte-americano, irritado com os seus assistentes lançou um desafio afirmando que até a sua empregada seria mais competente.

Na verdade, Williamina Fleming superou estas e outras expectativas. A cientista começou por acompanhar Pickering quando este tentava medir o brilho das estrelas.


Nebulosa cabeça de cavalo

Fotografia do banco de imagens Flickr

A Nebulosa Cabeça de Cavalo 
Provavelmente um dos objetos astronómicos mais conhecidos, a chamada Nebulosa Cabeça de Cavalo, na constelação de Órion, aparece logo abaixo da estrela mais à esquerda no cinturão de Órion (quando vista do hemisfério norte).
Esta nebulosa escura foi observada pela primeira vez por Williamina Fleming em 1888 numa placa fotográfica capturada pelo astrónomo WH Pickering (ambos trabalharam no Harvard College Observatory em Cambridge, Massachusetts).

Ela percebeu que quando se analisavam as fotografias tiradas através de telescópios existiam umas linhas visíveis à lupa. Estas linhas eram afinal o espetro eletromagnético da luz emitida. E porque é que isto se revelou importante? Foi graças a esta técnica que se conseguiu determinar a distância e a composição química das estrelas. Só assim outros, como Hubble, descobririam que existem, afinal, muitas galáxias e que o nosso Universo está em expansão.

Para o leitor que quiser aprofundar esta e outras histórias recomendo o recente livro “Eureka! As descobertas que mudaram a ciência” de Adriano Cerqueira e ilustrações de Ricardo Galvão. Um livro a não perder.

Por Luís Monteiro...

Luis Monteiro


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