Djerba: Uma Pérola Cultural Reconhecida pela UNESCO
Mais reconhecida pelas suas praias de areia branca e água transparente, Djerba, uma ilha que pertence ao antigo reino da Tunísia. Esconde tesouros de inegável valor, de onde se destacam a sinagoga El Ghriba e que lhe conferiram, em 2023, o reconhecimento da UNESCO como Património da Humanidade.
Numa manta de paisagens azuladas pelo Mediterrâneo, emerge a ilha de Djerba, um vértice de cultura, história e beleza natural no território da Tunísia. Situada ao largo das costas tunisinas, Djerba, com a sua topografia singular, reclama a herança mitológica de ter sido o refúgio dos Lotófagos, povo descrito por Homero na "Odisseia" cuja dieta à base de lótus mergulhava os navegantes no esquecimento e no deleite.
Fotografia | Fonte - Barcha & Anis 1969.
Potenciada por um clima mediterrânico ameno, as praias de areia fina e o mar translúcido que conferem a Djerba um panorama idílico, onde o horizonte parece fundir-se com o azul-celeste numa dança hipnótica com o sol.
A história de Djerba é marcada pelo entrelaçar contínuo de diferentes culturas. Fenícios, romanos, bizantinos e árabes deixaram o seu legado na ilha, cada um contribuindo para o seu património multifacetado. No coração da ilha ergue-se a sinagoga El Ghriba, uma das mais antigas em atividade, regista o passo da diáspora judaica do ramo mizrahim pela bacia mediterrânica. Ponto de encontro e de peregrinação, a sinagoga El Ghriba é um arco para o passado da ilha. A venerável edificação, detentora de uma história que se diz ter começado com a destruição do Primeiro Templo de Jerusalém, guarda nos seus muros e corredores um profundo simbolismo religioso e histórico.
Fotografia | Fonte - Son Tung Tran.
Djerba convida ainda a contemplar a sua arquitetura distintiva, com as casas de arcos muçulmanos, com os seus muxarabis (balcões suspensos ou janelas oriel) cobertas de cal branco que se destacam contra o azul vivo do céu e das cúpulas verdes e encarnadas que adornam as mesquitas e mausoléus espalhados pela ilha.
A cultura de Djerba não está confinada aos arquivos da sua história, antes promana nas práticas diárias e no artesanato que moldam a identidade desta ilha. Os mercados e bazares são autênticas caixinhas de surpresa, onde se podem descobrir tecidos ricamente tecidos, cerâmica pintada à mão e, ainda, uma infinidade de especiarias exóticas que desafiam os sentidos.
O legado cultural de Djerba é ainda celebrado através de festivais que enchem as ruas de música, dança e cor, realçando a convivência harmoniosa entre as múltiplas comunidades que nela habitam, num total 163 mil habitantes, de acordo com o último censo realizado pelo governo tunisino, em 2014. Estendendo-se por uma superfície de 514 quilómetros quadrados, ostenta a distinção de ser a maior ilha do Norte de África. Encontra-se inscrita no Golfo de Gabes, ladeando a costa tunisina e distando meros 120 quilómetros do limiar fronteiriço com a Líbia, sendo as suas margens banhadas pelas tépidas águas do Mar Mediterrâneo.
No que concerne à trama histórica de Djerba, coube aos cartagineses o pioneirismo no estabelecimento de vias comerciais com a ilha já no século VIII a.C.. Todavia, foram os romanos que, no século II a.C., consolidaram a importância de Djerba no xadrez económico da região, fundando o entreposto comercial de Meninx. Múltiplas investidas — de árabes, berberes, sicilianos e espanhóis — foram perpetradas ao longo dos séculos, todos almejando dominar os férteis terrenos desta ilha.
Foi apenas em 1881 que os franceses assumiram o controlo significativo de parte da ilha, num arranjo concertado com as pretensões britânicas, transformando Djerba e toda a Tunísia num protetorado. Durante a égide francesa, os residentes de Djerba viram-se resguardados de antigos contendores.
Em 1956, Djerba, integrada na esfera territorial da Tunísia, participou da celebração da independência da Tunísia, primeiro como reino, depois, a partir de 25 de julho 1957, rompendo definitivamente com o jugo colonial francês. A ilha conquistou fama no circuito turístico por mérito da sua cidade de Ajim, eternizada em 1977 como o pitoresco pano de fundo de Mos Eisley, o lar de Anakin Skywalker da saga cinematográfica "Star Wars".
A classificação de Djerba como património da Humanidade (11 anos depois da Tunísia ter apresentado a candidatura na sua Lista Indicativa) foi obtida por conter importantes representações urbanas que se instalara na ilha por alturas do século IX d.C., insinuando-se num clima semiárido e frequentemente assolado pela penúria hídrica. A principal feição que a distingue é a sua reduzida densidade populacional, traduzindo-se na compartimentação da ilha em aldeamentos — pequenos aglomerados habitacionais, dotados de autonomia económica, interconectados entre si e com os fulcros religiosos e mercantis da ilha por intermédio de uma rede viária intrincada, fruto da confluência de vetores ambientais, socioculturais e económicos, que ilustram, com eloquência, como os habitantes de Djerba souberam orquestrar o seu “modus vivendi”, afinando-o às exigências e limitações do ecossistema que os acolheu.
À volta desta ilha, para muitos, paradisíaca, encontramos mais de dez praias de areal invejável, que convidam ao repouso e aventura, presenteia-nos com um caleidoscópio de praias, cada qual com a sua beleza e personalidade distinta. No norte, a Praia Sidi Mahrez ostenta areias brancas e águas azul-turquesa, num convite irresistível ao “dolce far niente” sob um sol radiante.
Seguindo para sul, a Praia Seguia transforma-se em paraíso para os desportistas náuticos, com ventos perfeitos para windsurf, kitesurf e outras aventuras à vela. A oeste, a Plage Rass Taguerness abraça-nos com a sua vastidão selvagem, convidando-nos para mergulhos límpidos e caminhadas relaxantes ao longo da costa. A leste, a Praia Aghir estende-se por quilómetros, oferecendo um leque de desportos aquáticos como jet ski e vólei de praia para os mais ativos. Fugindo da agitação, a Plage Sidi Yati oferece um refúgio tranquilo no hemisfério ocidental da ilha, onde a natureza reina intacta, longe das multidões. Já nas imediações da capital, a Plage de Houmt Souk recebe-nos com um ambiente animado, areia dourada e águas calmas, ladeadas por restaurantes e bares que pulsam ao ritmo da vida noturna.
Visitar Djerba é embarcar numa aventura de descobertas infindáveis, onde cada cantinho esconde uma história, cada sabor conta um conto e cada visão é um convite a mais uma jornada. A ilha oferece uma experiência plena, que combina tranquilidade, enriquecimento cultural e um convite aberto ao encantamento. Djerba, com o seu mosaico de cores, sabores e histórias, vale, e muito, a pena ser descoberta e celebrada.
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