Há idade certa para começar a ir ao dentista?
Autora | Ana Torres - Odontopediatra CM- Clínica Dentária do Marquês
Quando deve o meu filho visitar o dentista?
Esta é uma questão frequentemente colocada pelas mamãs e os papás aos seus médicos-dentistas. Segundo a American Dental Association (ADA) a primeira visita ao dentista deve ser feita no momento da erupção do primeiro dente, ou seja, aos 6 meses de idade e não deve ser adiada para depois do 1º ano de idade.
Apesar de parecer precoce, estudos da American Association of Pediatric Dentists (AAPD) revelam que uma em cada cinco crianças abaixo dos cinco anos tem cárie dentária. Assim, uma primeira consulta precoce permite:
1º Prevenir problemas dentários.
A prevenção é, e será, sempre mais importante que o tratamento. Sabemos como é importante a educação para comportamentos que protejam os dentes das crianças e a intervenção precoce pode ajudar a diminuir as suas consequências. É fácil imaginarmos que a probabilidade de uma criança ter uma cárie dentária aos 6 meses é bastante inferior à probabilidade de ter cáries aos 5 anos. Assim, uma visita precoce permite observar a criança antes da existência de problemas dentários, reduzindo o stress e ansiedade associados aos tratamentos dentários. Além disso, esta consulta numa fase inicial, permite informar e educar os pais para os melhores cuidados a terem com a higiene oral e alimentação dos seus pequenos, tendo um efeito extremamente positivo na redução de probabilidade de problemas e tratamentos dentários futuros.
2º Diagnóstico e tratamento de problemas dentários.
A cárie afeta tanto os dentes permanentes como os dentes decíduos, os chamados dentes de leite. Ainda existe a ideia de que os dentes de leite não necessitam de tratamentos pois são temporários e irão cair. Na verdade esta ideia está errada porque os dentes de leite também podem ter cáries e podem evoluir para situações de dor, infeções e problemas funcionais e estéticos. Um dente de leite, para além da clara função estética, também tem uma função mastigatória. Para além disso, permite manter o espaço da arcada dentária para o dente permanente sucessor. Caso este dente seja perdido antes do tempo, devido por exemplo a uma cárie que não foi tratada atempadamente, haverá perda de espaço na arcada e o dente definitivo não conseguirá erupcionar na posição correta, havendo a necessidade no futuro de realização de correção ortodôntica.
3º Diagnóstico e tratamento de problemas ortopédicos/ortodônticos.
Existem alterações nos ossos das arcadas que podem ser detetadas e tratadas precocemente com o auxílio de tratamentos mais simples e rápidos, como por exemplo pela utilização temporária de aparelhos removíveis. É possível assim evitar a progressão de mal oclusões e até alterações irreversíveis nos ossos maxilares que seriam de outra forma mais difíceis e morosas de tratar, e muitas vezes podem implicar até cirurgias mais agressivas.
4º Modelação do comportamento das crianças perante o tratamento dentário.
Se uma criança estiver habituada a visitar o dentista desde muito nova, fazendo tratamentos simples como uma higiene oral e a aplicação de flúor, é criada uma poderosa relação de confiança que permite, na eventualidade da necessidade de um tratamento mais invasivo (como por exemplo o tratamento de uma cárie), a redução dos medos e ansiedades que podem comprometer o sucesso do tratamento.
Autora | Ana Torres - Odontopediatra CM- Clínica Dentária do Marquês
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