Isabel II: 70 Anos que Mudaram o Mundo
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1926 — 2022 ► Elizabeth II, nascida Elizabeth Alexandra Mary
Foi a monarca britânica da história que mais tempo envergou a coroa e o ceptro. A rainha que, não era para o ser, viu o mundo mudar com o fim do império e o surgimento do bipolarismo político e militar. Unânime no seu serviço à nação, viu a sua família ser devassada pelos problemas reais de um cidadão comum. Falece aos 96 anos deixando órfã a "Commonwealth" que ajudou a preservar.
Fevereiro 2022
70 Anos que Mudaram o Mundo...
A monarca britânica da história que há mais tempo segura a coroa e o ceptro. A rainha que, não era para o ser, viu o mundo mudar com o fim do império e o surgimento do bipolarismo político e militar. Unânime no seu serviço à nação, viu a sua família ser devassada pelos problemas reais de um cidadão comum.
A seis de fevereiro de 1952 o Reino Unido conheceu de forma precoce o fim do reinado de Jorge VI, um dos monarcas mais amados pelos britânicos, pela capacidade demonstrada em unir a nação no seu período mais negro, marcado pela II Guerra Mundial. Junto com a sua esposa, Elizabeth Bows-Lyon (que um dia Hitler apelidou de “a mulher mais perigosa da Europa”) e com Winston Churchill, soube elevar a moral de um povo que conheceu os horrores das bombas alemãs a cair sobre as suas casas. Por essa razão, o povo despediu-se de “Bertie” (como era conhecido nos círculos restritos da família) com especial comoção, ao mesmo tempo que, com apreensão, questionavam o futuro, desta feita sob os auspícios de uma segunda era isabelina: a era de Isabel II.
Quando no início do século XX o falecimento da rainha Vitória marcou o apogeu do império britânico, poucos acreditavam que, três gerações depois, ascenderia ao trono uma mulher igualmente excecional que suplantaria a “Viúva de Windsor” no recorde de anos ao serviço da nação (63, desde 1837 a 1901) e com tanta história em comum.
Tal como a sua trisavó, Isabel não era a herdeira direta do trono. Vitória era sobrinha de Guilherme IV que não deixou herdeiros legítimos, Isabel era sobrinha de Eduardo VIII que abdicou a favor do seu irmão, Alberto, que se tornaria Jorge VI. Isabel casaria com Filipe Mountbatten que, tal como Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, partilhavam origens e títulos germânicos e protagonizaram exemplares histórias de amor: Vitória esteve casada 21 anos com Alberto e a sua relação foi de tal forma profunda que, após o falecimento do seu príncipe-consorte, votou-se a um auto isolamento que durou mais de seis anos. Isabel conheceu com Filipe um matrimónio que durou 74 anos e nunca ninguém duvidou dos laços que os uniam e que lhe permitiu enfrentar as contrariedades dos cargos “de primeiros funcionários públicos” do Reino Unido, dos escândalos pouco reais mas realistas que assolaram a família e ainda atentados terroristas, como o que vitimou o tio de Filipe, o conde Luís Mountbatten, em 1979.
Mas a partir daqui, começam as diferenças notórias entre os reinados da trisavó e da trineta, com destaque para o apogeu e fim do domínio britânico no mundo. Enquanto que Vitória se viu coroada como imperatriz da Índia, em 1876 (34 anos depois da sua ascensão a rainha do Reino Unido) dando início a um império “onde o sol nunca se punha” e que se estendia por quase 24 por cento da superfície terrestre, ao mesmo tempo que era dona e senhora dos mares por força da sua Marinha Real, Isabel II herdou um império moribundo, ferido de morte pelo bipolarismo surgido do desfecho da II Guerra Mundial, com os Estados Unidos da América e a União Soviética a dividirem entre si a influência política e económica que um dia pertenceu ao reino de Sua Majestade.
Contudo, se a importância britânica no mundo é a nota dominante no que concerne à diferença entre os reinados das duas monarcas, muito mais há a acrescentar.
O mundo está muito mais rápido agora. Se no tempo da Rainha Vitória eram precisos realmente 80 dias para dar a volta ao mundo, no tempo de Isabel, mais concretamente em 1995, foi batido o recorde da volta mais rápida ao mundo: 31 horas e 27 minutos.
A notícia mais rápida a circular pelo mundo demorou, em 1997, apenas 24 segundos, com as principais capitais económicas a tremerem, em menos de um minuto, com o “crash” da bolsa de Hong Kong. Já o assassinato do presidente Abraham Lincoln, em 1865, demorou duas semanas até que o mundo soubesse pelos jornais a notícia do acontecimento.
No tempo da rainha Vitória, pouco do que acontecia dentro dos portões do palácio de Buckingham “transpirava” para a opinião pública. A 2 de julho de 1953 uma audiência de 27 milhões de pessoas assistiu em direto à coroação da filha de Jorge VI e não há um dia que passe sem que um membro da família real apareça na capa colorida de uma qualquer revista cor-de-rosa.
Certo é que o reinado de Isabel II é marcado também pelo mais longo período de paz na história do Velho Continente, ao passo que Vitória assistiu a conflitos sucessivos entre muitos dos seus filhos e netos, com a “Avó da Europa” a adivinhar o desfecho que culminaria com a I Guerra Mundial e o fim dos reinados de muitos dos seus descendentes.
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