O que é o Pinyin?
A Magia do Pinyin
Estudar mandarim não é um bicho-de-sete-cabeças! É muito mais simples do que imaginamos! E começa logo com uma boa surpresa: os caracteres não são o nosso primeiro foco!
Quando começamos a aprender uma nova língua, queremos começar por palavras que nos permitam começar logo a comunicar: Olá; Adeus; Obrigada; e os primeiros números. Estes objetivos costumam deixar os estreantes satisfeitos. O mandarim não é exceção. Mas como temos as expectativas baixas, esboçar um “Olá” chega perfeitamente.
Quem decide estudar uma nova língua costuma ter como objetivo inicial aprender rapidamente as primeiras palavras para começar a comunicar. “Olá”, “Adeus”, “Obrigada” e os números, deixam os estreantes satisfeitos nas primeiras aulas. O mandarim não é exceção, mas os alunos chegam com as expectativas muito mais baixas. Para eles, a ideia de esboçarem um “olá” nas primeiras aulas já é maravilhosa!
Lembro-me das minhas baixas expectativas quando, em 2009, comecei a estudar mandarim em Hong Kong. Lembro-me da viagem de metro para a minha primeira aula, lembro-me de querer desistir, de acreditar que nunca iria conseguir ler um caracter e de apenas valorizar aquelas aulas como um meio para fazer novos amigos numa cidade tão distante. E lembro-me também do alívio que senti quando a professora nos apresentou ao pinyin! Um sistema maravilhoso de transcrição fonética dos caracteres. As minhas expectativas cresceram! Os caracteres iam ficar para mais tarde! Quando vi nos apontamentos os caracteres acompanhados com letras e sílabas que conseguia ler percebi que aprender “Olá”, “Adeus”, “Obrigada” e os números era uma meta muito razoável e alcançável num curto espaço de tempo. Hoje em dia revejo-me em todos os meus alunos quando lhes dou esta primeira lição.
Pinyin, criado nos anos 50, significa “soletração de sons”. Este sistema de transcrição do mandarim foi aprovado pelo governo chinês em 1958 e hoje em dia é o principal método utilizado no ensino de mandarim a estrangeiros. Com ele o som dos caracteres é transcrito e associado a uma sílaba que pode ser incluída ou não numa palavra. Com este método familiarizamo-nos com os sons, com os tons e com o vocabulário, abrimos portas à expressão e compreensão oral e preparamos terreno para os caracteres que aparecem gradual e naturalmente no percurso de cada um. Adquirimos ritmo e confiança, solidificamos os conhecimentos e estruturamos o discurso. Aproximamo-nos do mandarim a um ritmo muito maior do que se apenas tivéssemos os caracteres.
O pinyin dá-nos a clara indicação do tom de cada caracter através de símbolos que são colocados em cima das vogais. Estes símbolos representam cada um dos quatro tons e, de certa forma, assemelham-se aos acentos usados na língua portuguesa. Este sistema mostra-nos que 茶 se lê chá e que 咖啡 se lê Kāfēi (café em português). Desmistifica o significado de cada caracter e mostra-nos as semelhanças com outros idiomas.
É através dele que conseguimos escrever em caracteres nos nossos telemóveis e computadores. A maior parte dos teclados ocidentais não está preparado para a escrita em caracteres, ela é possível, entre outros métodos, através de aplicações que nos dão uma lista de caracteres para cada sílaba na qual temos de escolher o correto para aquela situação.
Mas o pinyin não vive sozinho, ele depende do caracter, vive ao seu lado na esperança de um dia deixar de ser preciso na vida do estudante. As combinações possíveis entre as 26 letras do alfabeto são limitadas para tantos caracteres, assim sendo, iremos encontrar sílabas iguais com significados diferentes por estarem a representar caracteres diferentes. Por este motivo, aconselho sempre os meus alunos a olharem com carinho e atenção para os caracteres desde o início. Embora a nossa comunicação oral não dependa dos caracteres, a comunicação escrita está estritamente ligada a eles.
Mas será o seu estudo impossível? Moroso talvez, impossível não! Deixemos isso para a próxima semana!
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Revisão | Tomás Múrias
Fotografia | Herbert Bieser