Sons que valem a pena
Uma torneira a pingar de noite, uma abelha a zumbir ao nosso ouvido, um avião a passar por cima da nossa casa... Há sons que guardamos na memória uma vida inteira.
Quanto à liberdade, que tipo de som fará? Talvez a pergunta pareça estranha. Contudo, se observarmos com atenção, veremos que se a liberdade fosse um som, seria bem agradável, evocando, a quem ouve, alegria e bons momentos, não é assim?
O filme “Sound of Freedom”, que estreou em Portugal no final de dezembro e poderá ser visto também em algumas plataformas digitais, traz ao de cima a eterna batalha entre luz e trevas.
Sem dúvida um dos filmes mais impressionantes a fechar o ano que terminou. Conta uma história real, que poderia ter acabado de forma trágica, mas deixa-nos um tom de esperança.
O tráfico de crianças para exploração sexual é um mal que se está a generalizar na nossa sociedade. E assim permanecerá enquanto continuar a ser uma realidade distante. De facto, não há muito que nós, cidadãos comuns, possamos fazer, para além de apoiar iniciativas como esta.
O filme conta-nos, em particular, o resgate de Rocío, uma menina de 11 anos que acabou à guarda de um grupo criminoso sedeado na zona rebelde da Colômbia, um local onde ninguém se atrevia a ir, exceto o herói. Esta é uma das muitas histórias verídicas de Tim Ballard, antigo membro do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, que levou a cabo diversas operações de resgate de crianças, retirando-as da posse de redes de tráfico de humanos para diversos fins, sendo o mais comum a exploração sexual.
Neste universo inclui-se a pedofilia, a pornografia, rituais satânicos, etc. A imaginação parece ser o limite. De facto, uma criança não tem força, nem se consegue defender. Com a sua beleza e inocência próprias são uma poderosa atração para os ditos abusadores. Já para os traficantes, tornam-se num ativo bem rentável, talvez mais que a própria droga, uma vez que numa só noite, podem passar pelas mãos de vários clientes diferentes.
Mas este filme mostra-nos também uma outra realidade, quase como que uma realidade paralela ao nosso dia-a-dia, onde o crime é dono e senhor de territórios e negócios, e a exploração de pessoas para diversos fins — crianças incluídas — é o dia-a-dia dos que nele vivem. Neste mundo não entram governantes, nem forças de segurança, mas Tim Ballard conseguiu, pela sua coragem e determinação, entrar neste mundo apenas para salvar uma menina inocente e entregá-la de volta a um pai que, no início da história, tinha sido ludibriado a entregar ambos os filhos a uma empresa que prometia dar-lhes perspetivas de um futuro mais risonho.
No filme, a personagem do nosso herói é interpretada por Jim Caviezel, conhecido por filmes como “A paixão de Cristo”. Para este papel, Caviezel teve de entrar no mundo obscuro do tráfico e da pedofilia, ver vídeos, falar com os membros das equipas de resgate e, claro, conviver de perto com o herói de carne e osso, Tim Ballard.
Na realidade, que impacto tem este filme em relação ao controlo do tráfego de crianças? Provavelmente não muito. Mas serve, certamente, para nos alertar para a necessidade de perceber o que se passa à nossa volta. Para termos atenção aos locais onde levamos os nossos filhos, o que os deixamos visualizar na internet, os amigos com quem convivem, etc.
O telemóvel é a distância que pode separar a criança de um traficante ou abusador. Também é o canal de acesso fácil à pornografia, a chats com pessoas que não conhecemos de parte alguma, abrindo portas para realidades das quais as crianças deveriam estar protegidas.
A ideia do filme não é deixar-nos com medo. Mas é bom perceber que estamos num mundo às avessas se permitimos que as nossas crianças sejam traficadas, contraiam traumas, se tornem incapazes de amar por serem obrigadas a crescer fora de tempo e a tornarem-se tão destruídas por dentro quanto os adultos.
Felizmente, sempre que o mundo precisa, aparecem pessoas de boa vontade que querem fazer a diferença na História. Certamente Tim Ballard e Jim Caviezel não serão as únicas pessoas no mundo a correr estes riscos. Basta olhar mais atentamente para as instituições do terceiro setor, artistas e outras pessoas particulares que se arriscam, talvez de forma mais controlada, para alertar para problemas reais que ninguém quer reconhecer.
Pessoas que dão a cara por causas que realmente valem a pena e usam o cinema, a música, a literatura e muitas outras armas para dar voz às suas ideias.
Há quem realmente faça um barulho saudável! Apesar de alguns tentarem destruir o ser humano das formas mais cruéis e injustas, não se pode matar a Liberdade. Ela apresenta-se sempre que necessário para nos mostrar que o mundo, apesar de tudo, é um local de esperança onde vale a pena viver.
Imagem capa de Alicja por Pixabay
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