Vacina Contra Covid em Crianças e Adolescentes

Vacina Contra Covid em Crianças e Adolescentes

As opiniões divergem... O que é preciso deixar claro?

Nos últimos tempos, muito se tem falado sobre ampliar o esquema de vacinação às crianças e aos adolescentes, o que tem gerado discussões, algumas vezes dotadas de ideologias e até de "achismos".

Entretanto, em ciência, não pode haver campo para achismos. Quando a pandemia começou, a informação sobre o papel das crianças e adolescentes na transmissão do Sars Cov-2 era desconhecido; hoje, no entanto, já existem inúmeros estudos (publicados em vários pontos do mundo) que trazem resultados similares: crianças transmitem menos do que adultos (por, na maioria das vezes serem portadores assintomáticos e com baixa carga viral), não podendo ser considerados proliferadores importantes da doença.

Assim sendo, a pergunta a se fazer é: se a taxa de transmissão em crianças e adolescentes é tão baixa, qual a necessidade de se vacinar essa faixa da população?

Advogando a favor da extensão da faixa etária de vacinação, tem-se o receio causado por uma doença nova, ainda não totalmente conhecida e, cujo desfecho pode ser imprevisível. Soma-se a isso o imenso pavor e dor que ela tem causado nos quatro cantos do Planeta. Essas, por si só, já seriam evidências robustas para a sustentar a decisão de um pai ou uma mãe ao decidir vacinar o seu filho ou, até mesmo, uma Nação propor a extensão do programa de imunização a faixas etárias mais baixas.

No entanto, é preciso que não nos olvidemos da ciência. Em situações como as que estamos vivendo, é preciso conciliar o racional e o emocional. Baseando-se em todas as informações técnicas e científicas que dispomos até o momento, a vacinação nestes indivíduos é, ainda, um ponto de interrogação.

E por que seria um ponto de interrogação?

Primeiro porque os estudos científicos com vacinas, conduzidos nesta faixa etária, a médio e longo prazo, são muito escassos.

Segundo porque já se resta demonstrado que muitas das vacinas oferecem riscos (pequenos, mas não deixam de existir).

E, quando o assunto nos coloca um ponto de interrogação na cabeça (por causa das poucas evidências), necessário é, então, apelar para as estatísticas que poderão nos indicar uma solução.

Elas têm-nos mostrado que a chance de uma criança ou adolescente internar por COVID é de 1 a 2 para cada 100.000 habitantes, já as chances de trombose potencialmente fatal com um dos imunizantes aprovados pela União Europeia é de 1 para 50.000 habitantes (portanto relativamente maior).

Do mesmo modo, o risco de miocardite por outro imunizante também aprovado pela União Europeia é de 40 por cada milhão de pessoas, portanto também relativamente maior do que as complicações na faixa etária.

Assim, é possível perceber que, até este momento, os riscos superam os benefícios em uma faixa da população tão pouco transmissora ou passível de complicações.

Por fim, trazendo o importante tema ao Brasil, recentemente o Presidente do Conselho Federal de Medicina do Brasil (autarquia similar à Ordem dos Médicos de Portugal), em entrevista concedida a um órgão de imprensa, falou sobre o assunto e demonstrou-se receoso acerca da vacinação em crianças e adolescentes, justamente por não existirem estudos suficientes capazes de atestar a segurança de tais imunizantes neste grupo etário. Seria preciso mais estudos para se indicar, com precisão e sem conflitos ideológicos, tal uso, explicou o Presidente. Compactuo com a visão dele.

Finalizo o artigo emitindo a minha opinião e realidade: sou médico, tenho 49 anos de idade e estou na linha de frente, atendendo a pacientes todos os dias. Sendo do grupo prioritário, recebi as duas doses de imunizante em março e junho do presente ano, além de ter tido COVID-19 em 2020. Assim, sou defensor do uso da vacina até porque fui usuário dela. Porém, tenho uma filha de 8 anos de idade, ou seja, uma criança saudável e com baixíssimas chances de risco para complicações e com os níveis de evidências científicas atuais, eu não recomendaria ou deixaria que se vacinasse agora, mas, a partir do momento em que os trabalhos forem apontando maior benefício do que risco, seria eu o primeiro a indicá-la para imunização.

Insisto que essa é uma opinião minha, respaldada no que vejo na minha prática diária, além de todo o material científico que tenho acesso, mas, sei que tal decisão é algo muito pessoal e deverá ser realizada pelos familiares, juntamente aos médicos assistentes, o adolescente e as autoridades sanitárias. A minha opinião, em nenhuma hipótese, deverá influenciar outras pessoas a evitarem as vacinas na infância e adolescência. Ela poderá servir apenas como guia, mas sem ser fundamento para tal.

 
[Caso do Brasil]