As TIC ao serviço das Pessoas com Necessidades Especiais
O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assumiu um papel preponderante no que diz respeito ao apoio a deficientes, quer como Produtos de Apoio (PA) quer como assistência / ferramenta de acesso a diversos tipos de serviços.
Numa primeira análise, pode pensar-se que as pessoas cegas ou com baixa visão, são o grupo que mais pode usufruir das TIC para minimizar a sua condição de limitação sensorial para alcançar maior autonomia. Esta perspetiva está, até certo ponto, correta, no entanto, como vamos descobrir de seguida, outros grupos de pessoas têm nas TIC uma “valência capacitadora“ incrível. As TIC ocupam um lugar de destaque na aprendizagem de alunos com necessidades educativas especiais e oferecem Tecnologias de Apoio extraordinárias quer para os alunos quer para professores e terapeutas que os assistem.
Pessoas com mobilidade condicionada que se deslocam em cadeira de rodas, podem hoje, através das cadeiras elétricas, ganhar autonomia e, sem ajuda de terceiros, fazer percursos mais ou menos longos. Mesmo casos de pessoas sem capacidade motora nos membros superiores, podem conduzir as suas cadeiras com joysticks adaptados e controlados com a boca ou a cabeça, ou mesmo controlados com o olhar ou com comandos de voz quando adaptadas a computadores pessoais (PC).
O acesso ao PC é hoje possível a pessoas sem qualquer capacidade motora através dos mais variados tipos de switches, mouses, movimento da cabeça ou até da retina ou mesmo através do sorriso. Esta é, por vezes, uma ferramenta extraordinária de comunicação para pessoas paralisadas que perderam ou nasceram sem a capacidade da fala.
Também para estas pessoas, o conceito de domótica (resulta da junção da palavra latina “Domus” - casa com “Robótica” - controlo automatizado de algo) assume um papel principal, facilitando ou mesmo permitindo realizar tarefas como abrir e fechar portas, janelas, estores, etc.. Este conceito (domótica), sendo abrangente a todo o tipo de pessoas, é um aliado de peso para idosos, pessoas com deficit cognitivo, deficiência motora e sensorial. Aplicações para PC ganharam também o seu lugar na deteção e diagnóstico de problemas cognitivos, sendo o treino e reabilitação cognitiva, por norma mais atrativos, logo mais procurados e eficazes que os sistemas clássicos.
De facto, assistimos diariamente a pessoas que se auxiliam das TIC para realizar as suas tarefas diárias e os cegos, amblíopes e pessoas com baixa visão podem recorrer a diversos dispositivos eletrónicos para complementar a sua autonomia em tarefas como a leitura, o acesso a conteúdos alojados na World Wide Web ((Internet) desde que estes respeitem as diretrizes do World Wide Web Consortium (W3C) e por isso sejam acessíveis) ou a mobilidade e orientação por Sistema de Posicionamento Global (GPS), bengalas inteligentes, etc..
Imaginemos agora um casal de surdos. Naturalmente pensam em constituir família e, com a chegada do esperado filho recém-nascido, vêm-se confrontados com a dificuldade de não ouvir quando a criança chora. Todos sabemos que existem intercomunicadores auditivos para alertar os pais sobre o choro dos filhos, mas esta não seria uma solução no caso deste casal. A solução foi encontrada por engenheiros de reabilitação ao conceberem intercomunicadores que além dos alertas áudio e visual comuns, adicionaram alertas vibratórios. O mesmo tipo de solução serve para despertadores e outros tipos de alerta.
Pode também imaginar-se a situação, em caso de fogo, como os tradicionais alarmes de incêndio que dispõem, normalmente apenas alarme sonoro, a falta de segurança para pessoas surdas. Esta situação que pode ser colmatada com sinalização visual ou luminosa.
Atrever-me-ia a afirmar, que qualquer pessoa, independentemente da sua condição física ou grau de funcionalidade, pode exercer qualquer atividade profissional, desde que o seu posto de trabalho esteja devidamente adaptado. Estas adaptações passam muitas vezes por soluções de TIC, mais ou menos complexas, mas que serão sempre um investimento na valorização, não só das empresas e negócios, mas também na valorização pessoal dos colaboradores.