80 dias de (In)Glória

80 dias de (In)Glória

O tempo continua a passar de forma rápida, num artigo anterior cheguei mesmo a caracterizar o fenómeno como “excesso de velocidade”.

Lembro-me como se fosse ontem, mas já está a fazer 80 dias que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio da Ajuda, conferiu posse ao novo Governo, constituído por 17 ministros e 38 secretários de estado, o terceiro chefiado pelo Primeiro-Ministro António Costa. Foi uma cerimónia tranquila entre amigos (velhos conhecidos talvez se enquadre mais), quase tudo decorreu como se esperaria. O quase refere-se ao “aviso” que inesperadamente o avô Marcelo sacou da cartola: “o mandato é para cumprir até ao fim”. Este aviso intergeracional foi o que fez mais eco na comunicação social, fez as delícias dos comentadores de opinião, foi um ótimo alimento para esse “governo sombra” cujos ministérios se dividem pelos canais de televisão. Foi para eles mas não foi para mim!

Dessa cerimónia o que me ficou bem presente foram as promessas do anterior e futuro primeiro-ministro, nessa altura do campeonato já não se enquadram na caixinha das promessas eleitorais que, como todos sabemos, por definição não são feitas para cumprir. Soaram a verdadeiras promessas… Ou será que não seriam?

Vamos a factos, Costa prometeu para os próximos 4 anos:

Um governo com uma responsabilidade absoluta;

Uma modernização com solidariedade social;

Mudança do modelo de salários baixos que existe em Portugal;

Mais crescimento e desenvolvimento do país.

Há que relembrar que no momento em que essas afirmações foram proferidas (dia 30 de Março de 2022) a invasão por parte da Rússia à Ucrânia já estava em curso há 35 dias (começou no dia 24 de fevereiro de 2022). Nos primeiros dias de guerra (final de fevereiro e início de março), a maior parte das pessoas acreditava que iria ser uma agressão rápida, uma questão de dias ou de poucas semanas. Mas esse pensamento foi-se evaporando e, no final de março, já era líquido que a guerra duraria meses, se não durar anos!

Ou seja, quando António Costa fez as referidas promessas, já sabia que a economia mundial estava em guerra, que não era uma questão de dias e que haveria certamente estilhaços económicos a sobrevoar o território nacional.

Nos dias que correm, seria de esperar que um governo de maioria absoluta que se libertou das algemas dos partidos mais à esquerda, conseguisse finalmente implementar as tão ansiadas reformas estruturais que o país necessita.

Posto isto, qual o estado do País real?

Serviço Nacional de Saúde (SNS): colapso das urgências de uma série de hospitais, chegando mesmo algumas a fechar. Já causou uma vítima nas Caldas da Rainha? De momento ainda não se sabe exatamente o que aconteceu…

Salários: Estamos a lidar com a maior inflação dos últimos quase 30 anos, os salários pouco ou nada aumentam, as taxas de juro a subir, ou seja, os Portugueses estão a perder poder de compra a olhos vistos. A receita do governo é “empobrecimento do tuga” para controlar a inflação.

Impostos: Em níveis estratosféricos! Com a inflação o governo está a arrecadar muitos milhões de euros extra!

Economia nacional: No decorrer do atual ano (e apesar de tudo), prevê-se que o PIB Português cresça 6,4%, um número que há partida enche o olho do cidadão. Mas vejamos… Em 2020 o PIB baixou em -8,44%, em 2021 cresceu +4,83%, ou seja, podemos dizer que nos últimos três anos Portugal cresceu 2,79%? Uau! Será anemia?

Convergência Europeia? Ou estamos cada vez mais perto de sermos o país mais pobre da Europa? 

O “clima” está de feição, António Costa é um primeiro-ministro experiente, está no partido socialista desde os 14 anos, não se conhece nenhuma carreira de advogado, portanto não é difícil de concluir que estamos perante um político profissional. A isto podemos juntar o bónus conjetural da “bazuca europeia”.

Que mais pode um dinossauro político ambicionar para conseguir fazer o que o país exige que seja feito? Com estas condições, como justificar um fracasso? Fica difícil… Sejamos justos, ainda só passaram 80 dias, ainda não é hora da cobrança mas reafirmo: O tempo passa rápido… Júlio Verne deu a volta ao mundo em 80 dias!

A oposição em Portugal está (e tem estado) moribunda, principalmente no que ao PSD diz respeito, ainda não se consegue prever quando voltará do “retiro espiritual no deserto”. A cobrança terá de ser feita pelos cidadãos!


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