Bitcoin: Moeda Oficial de El Salvador
Um erro histórico? Ou um país visionário?
Quando falamos de países da América Central, o nosso imaginário leva-nos para Belize, Guatemala, Costa Rica ou mesmo para o Panamá. São os países mais “comerciais” da zona e como tal, sem dúvida os mais falados.
Os motivos para isso são diversos, para uns o deslumbre das praias paradisíacas, enquanto noutros prevalece o interesse pela história e a busca por vestígios das antigas civilizações Maias, Incas ou mesmo Astecas.
Também é verdade que os programas televisivos que exploram novos conceitos de existência, novos modelos de vida como por exemplo o “off grid”, tem dado a conhecer esta zona do mundo, conseguindo cativar cada vez mais seguidores, sejam eles jovens ou até mesmo casais reformados.
Como já vem sendo hábito, o meu interesse não está alinhado com a maioria das pessoas, tenho alergia ao comercial ou ao habitual, repugna-me o que está na moda. Procuro experiências diferentes, autenticidade, em jeito de brincadeira podia até mesmo chamar de verdadeiras migalhas de conhecimento perdidas no oceano do mediatismo.
Sem credos ou filosofias, hoje achei importante, da forma mais objetiva possível, partilhar consigo um acontecimento que teima em ser “abafado” pela maioria dos meios de comunicação social (por razões óbvias).
Pelo andamento da coisa, neste momento você já sabe que vamos viajar para a América Central, falta concretizar... El Salvador! Porquê? Tudo a seu tempo!
El Salvador é um pequeno país da América Central, banhado a sul pelo oceano pacífico, sendo que a oeste faz fronteira com a Guatemala e a norte e este com as Honduras. Provavelmente um país meio desconhecido para a maioria das pessoas, mas hoje (e algo me diz que também nos próximos tempos) está debaixo dos holofotes. Os mais recentes acontecimentos neste país estão a fomentar muitos olhares atentos por todo o globo, principalmente dos governantes, das reservas federais, dos analistas, donos da Banca, fundos financeiros e até mesmo dos paraísos fiscais.
No passado dia 7 de setembro entrou em vigor a designada "Lei Bitcoin". El Salvador, pela primeira vez em toda a sua história vestiu as “botas” de pioneiro e, é o primeiro (e único) país no mundo a aceitar de forma oficial na sua economia, a criptomoeda mais badalada de sempre. A ousada e radical proposta de Lei partiu do atual presidente e “influencer”, Nayib Bukele, foi submetida e aprovada pelo congresso no passado mês de junho, sendo que agora o plano de adoção da bitcoin como moeda nacional foi mesmo colocado em marcha. A nova lei aplica-se apenas à bitcoin e exclui qualquer outra criptomoeda, sendo que para já, teve o condão de provocar arrepios na comunidade financeira internacional. Segundo o Governo do país, um dos principais benefícios para os salvadorenhos reside na poupança de 400 milhões de dólares anuais em taxas de transferências de dinheiro vindo do exterior.
Fotografia | Nayib Bukele - Presidente de El Salvador / Autor: AndreX
Essa nova lei tem como objetivo estimular a economia nacional, fazendo com que as transações sejam realizadas via criptomoeda, nesse sentido o governo criou uma carteira virtual, denominada “Chivo Wallet”, levando a que cada salvadorenho tenha recebido o equivalente a 30 dólares americanos, um valor importante tendo em conta a débil economia do país, cujas remessas enviadas pelos emigrantes representam 25% do PIB.
Pelo País foram instaladas caixas automáticas para que a população pudesse movimentar as ditas bitcoins e, no primeiro dia de vigência da nova lei, as cotações da criptomoeda caíram cerca de 15%, principalmente devido a problemas na criptografia e nas transações. A massiva entrada dos Salvadorenhos na “blockchain” provocou instabilidades na rede. Na véspera da mudança, o governo de El Salvador tinha adquirido 200 bitcoins, mas a procura por parte da população foi tão forte que o governo teve de adquirir mais 400 unidades da criptomoeda, totalizando um investimento de 28 milhões de dólares.
Entre 1892 e 2001, El Salvador já teve uma moeda oficial própria, o colón, tendo posteriormente sido substituída pelo dólar americano e no presente pela bitcoin. Loucura? Ou muito à frente? Uma coisa é certa, para o bem ou para o mal, o mundo está atento!
