Médico de Família ou só de algumas?

Médico de Família ou só de algumas?

Apesar de todas as promessas, em fevereiro de 2022, mais de um milhão de portugueses continuavam sem médico de família, o que se traduz numa dificuldade acrescida no acesso a cuidados primários de saúde por parte de cerca 10% da população portuguesa. E se por um lado este é um problema que perdura há anos na nossa sociedade, por outro, a perceção dos utentes sobre os cuidados primários de saúde ficou afetada pela pandemia da COVID-19 – uma questão delicada e que salienta a preocupação sobre a saúde em Portugal.

Na fase mais dramática de resposta à pandemia foi compreensível uma reorganização dos recursos de saúde. Ainda que urgente, esta decisão estratégica levou a um decréscimo de mais de oito milhões de consultas nos centros de saúde em 2020 e quatro milhões e meio em 2021, com impacto considerável em inúmeros casos.

Face ao foco dos serviços de saúde na gestão da pandemia, quisemos avaliar o impacto na satisfação dos utentes ao acesso a cuidados de saúde e à relação com o seu médico de família, caso tenha a sorte de a poder descrever. Os dados obtidos revelaram que apesar de 34% dos inquiridos estarem muito satisfeitos, o grau de insatisfação ainda é considerável: 39% dos pacientes sentem-se pouco satisfeitos com o acompanhamento do seu médico, realçando-se a dificuldade em estabelecer contacto ou o tempo de espera para obter consulta com o profissional de saúde nos últimos dois anos.

Nos casos em que a procura se esgota na preocupação pelas análises de rotina, a espera é uma consequência compreensível de um período sensível para o País. Porém, se pensarmos nos utentes com doenças crónicas, com por exemplo a diabetes ou com insuficiência cardíaca, podemos facilmente perceber a relevância da consistência do acompanhamento destas pessoas em questões tão simples como o ajuste da terapêutica ou a avaliação regular.

Hoje continuamos a gerir um País em duas velocidades: os que não têm ainda um médico de família e os que têm. E se esta é já uma realidade preocupante, a incapacidade de retenção de profissionais de saúde ajuda a explicar um cenário pouco otimista onde se prevê um acréscimo do número de portugueses sem médico de família.

Quando é que conseguiremos assegurar o médico de família como um direito de todos?


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