
A magia dos caracteres chineses
Vamos falar de caracteres!
Caro leitor, se ao ver caracteres sente um arrepio ou tem vontade de sorrir, então, por favor, continue a sua leitura!
Os caracteres existem há mais de 3 mil anos! E como tudo o que é tão antigo, são mágicos. E, imagine lá, são muito mais fáceis de compreender e aprender do que imaginamos!
Podemos agrupar os caracteres que vamos estudar em quatro grupos principais:
► Os que representam o objeto – pictogramas. Por exemplo, o caracter 山 significa “montanha” e representa os contornos de uma serra;
► Os que representam ideias – ideogramas. O caracter 上 é um bom exemplo. Significa “em cima” e representa o que está acima da linha do horizonte.
► Os que juntam ideias ou objetos para dar um novo significado – ideogramas compostos. Como exemplo dou-vos o caracter 看 que significa “ver” e representa a mão (手) em cima do olho (目) para indicar esta ação.
► Os que juntam o significado com a fonética – semântico-fonéticos.
Estes caracteres são formados por duas partes: O radical e o fonograma (um caracter que dará o som). O radical indica o tipo de significado que podemos esperar. Por exemplo o radical 女 indica o lado feminino. Se lhe juntarmos o fonograma 马 (cavalo) que se lê ma (terceiro tom), obtemos 妈 ma (primeiro tom), que é uma das palavras mais importantes em qualquer língua: Mãe.
Conhecendo estes quatro principais grupos de caracteres, o seu estudo é muito mais rápido e assertivo.
Enquanto professora de mandarim estou consciente do enorme passo que é começar a estudar caracteres. É quando saímos do nosso alfabeto, da nossa cultura, e mergulhamos na chinesa. Nem sempre os caracteres são óbvios para nós, por exemplo, que 山 signifique montanha por representar os contornos de uma serra não é obvio para todos, mas se nos colocarmos na China, se nos lembrarmos das montanhas chinesas, talvez seja mais fácil encontrar as parecenças.
Há dois momentos distintos no estudo dos caracteres: A escrita e a leitura. Estes podem ser abordados ao mesmo tempo ou em fases separadas, consoante cada aluno. Começando pela escrita: escrever caracteres é uma arte, eles devem ser equilibrados, bonitos, harmoniosos. Seguem regras específicas para facilitar a sua escrita e mecanizar a ordem dos traços pode ser moroso. Escrevê-los à mão implica muito tempo de treino e de aperfeiçoamento, mas para os escrever no computador ou telemóvel precisamos essencialmente de os reconhecer.
O reconhecimento dos caracteres abre a porta à sua leitura. Ler os caracteres é abrir portas a um sem-fim de informação, a um lado enorme dos sites da internet e uma ferramenta muito útil para quem está na China. O reconhecimento dos caracteres permite-nos comunicar por escrito através do computador ou telemóvel pois escrevemo-los através de aplicações que utilizam o pinyin como base.
Mas… como e quando estudar os caracteres?
Devemos começar a olhar para os caracteres desde início. Os caracteres devem acompanhar todos os materiais de estudo do mandarim, a par com o pinyin. Encorajo sempre os meus alunos a dedicarem uns momentos ao reconhecimento de caracteres começando pelos mais simples. A pouco e pouco, encorajo-os a traduzir frases simples. Ultrapassado esse obstáculo, o desafio é ler em mandarim. A sensação de superação dos meus alunos é algo que não consigo descrever, mas é dos melhores momentos do percurso deles.
Estudar caracteres é um grande trabalho de memória visual. Quanto mais vezes os virmos mais rapidamente os vamos memorizar. Para quem prefere escrever, então aconselho que os copiem e escrevam muitas vezes. Outro método muito utilizado no estudo dos caracteres é a utilização de cartões de memória. Estes cartões podem ser comprados, feitos online ou feitos por cada aluno ao seu gosto.
Cada aluno deve escolher o método de estudo que melhor funciona para si. Defendo que não há formulas iguais para todos e principalmente no estudo do mandarim, cada um deve traçar o seu plano para que o objetivo que todos queremos – comunicar corretamente em mandarim - seja atingido depressa e bem.
Fotografia | Enrique Lopez Garre
Revisão | Tomás Múrias