
O Poder da Autocompaixão
A Prática da Presença Amorosa Connosco: Autocompaixão
No meu último artigo, para a Draft World Magazine, comentei sobre o que ficou mais evidente, para mim, no World Happiness Summit ocorrido em Miami - USA, em março passado: a força da empatia e compaixão.
Fiquei de escrever sobre a autocompaixão, já que o tema é tão importante para nossas vidas corridas, com acúmulo de tarefas, autocobranças, etc....
Porém... Tive que me submeter a um procedimento cirúrgico cuja recuperação foi mais lenta do que eu esperava. A ironia da vida (é, eu vejo a vida como uma brincalhona), foi que me deparei com autocobranças para escrever logo este artigo. Fui rigorosa comigo. Me censurava pela demora.
“Espera aí!!!! Esta é uma oportunidade perfeita para eu exercitar a gentileza comigo mesma”, pensei. Decidi ser gentil comigo.
Refleti que o mais importante presente que eu poderia dar-me era amor, tempo para me recuperar e atenção às minhas necessidades. Decidi desacelerar, sorrir e curtir a minha família, que cuidava de mim. Entendi que aquele momento era o exercício da presença amorosa comigo mesma. Me libertei dos sentimentos de frustração e culpa.
Só por esta experiência, eu sou grata a vocês. Por ter-me comprometido a escrever para vocês sobre este tema, Deus me deu de presente uma situação para exercitá-lo.
Lembrei-me das minhas metas dos anos passados e recordo que em 2004 coloquei uma frase que iria acompanhar-me até hoje.
Fotografia do meu Caderno de Metas de 2004.
Frase...
"Sempre procurei alguém que me compreendesse, que me aceitasse, que cuidasse de mim... Descobri esse alguém ontem quando me olhava no espelho."
A vida nos desafia a todo momento e não nos dá garantias de nada. São os momentos desafiadores da vida que favorecem o nosso olhar para como cuidamos das nossas vulnerabilidades. Estamos a tratar-nos com amparo e cuidado ou com resistência e autocrítica?
O Poder da Autocompaixão
A autocompaixão pode ser entendida como o desejo de nos oferecer acolhimento nos momentos difíceis, de modo a agirmos com maior gentileza connosco e consequentemente, com os outros.
Ela é uma ferramenta incrivelmente poderosa para lidar com as emoções difíceis e pode nos libertar do ciclo destrutivo de reatividade emocional que muitas vezes domina as nossas vidas.
A prática da autocompaixão chega a ser mais importante no desenvolvimento pessoal do que a autoestima.
Estudos científicos mostram que a prática da autocompaixão chega a ser mais importante no desenvolvimento pessoal do que a autoestima. Esta afirmação é da Dra. Kristin Neff, no seu livro "Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás". A autocompaixão é positivamente associada à sabedoria, ao otimismo e à felicidade.
Segundo a autora, “Uma das descobertas mais fortes e consistentes relatadas na literatura é que as pessoas mais auto compassivas tendem a ser menos ansiosas e deprimidas. Pesquisas demonstram uma relação muito forte entre a autocompaixão e a ansiedade e a depressão, conseguindo explicar em torno de 20% dos casos. Isso significa que a autocompaixão é um fator de proteção importante contra a ansiedade e a depressão”.
A autocompaixão é simplesmente a compaixão voltada para nós mesmos. Ao invés de nos julgarmos e criticarmos por inadequações ou deficiências, a autocompaixão nos ensina a sermos mais gentis e compreensivos, quando confrontados por falhas pessoais – Afinal, quem disse que devemos ser perfeitos?
Praticar a autocompaixão envolve desenvolver formas alternativas de pensar diante de situações desafiadoras e emocionalmente difíceis. Inicialmente esse processo pode ser difícil, e uma forma de iniciar essa mudança é pensar em como você agiria se o seu melhor amigo, filho, cônjuge ou familiar estivesse passando pela situação que você está. Dessa forma a compaixão fluirá com mais facilidade.
Seguem alguns exercícios para você fazer, se quiser desenvolver esta habilidade tão importante para seu bem-estar e plenitude.
1. Acalmar: envolve a sensação física de redução da agitação. Exercite o “mindfulness” (esteja presente neste momento e não fuja do medo, raiva ou qualquer outro sentimento que esteja a sentir). Dê-se um tempo. Respire fundo. Desacelere.
2. Confortar: apoie as suas necessidades como faria com um amigo. Como você consola ou encoraja um amigo em um momento difícil?
3. Validar: reconheça que o que você está sentindo é importante para aliviar o próprio sofrimento. Não julgue as emoções que está sentindo. Nos acolhermos quando cometemos um erro é extremamente importante para conseguir despertar a autocompaixão.
4. Motivar: motivar-se através da compaixão é diferente de se criticar e se diminuir para ter um desempenho bom. Usar a motivação para a autocompaixão é você aprender a ser um amigo caloroso e compreensivo consigo mesmo.
Lidando com nosso diálogo interno...
Todos temos aquela voz interna, que por vezes pode ser generosa e em outras ocasiões, não é nada gentil. Ela aparece com tom derrotista, punitivo, assustador e humilhante. Nos desencorajamos.
Praticar a autocompaixão é sobre se tornar um aliado interno em vez de um inimigo interno.
Parte de alcançar a felicidade e a maturidade envolve mudar as nossas vozes internas. Isso significa identificar variedades igualmente convincentes e confiantes de vozes e internalizá-las. Podem ser as vozes de amigos que nos querem bem de verdade, mentor profissional, ou qualquer outra pessoa que você confie e lhe queira bem.
Inspiro-me na Dra. Kristin Neff, que afirma que “conforme caminhamos por triunfos e tragédias das nossas vidas, o nosso relacionamento com o mundo é bondoso. Sentimos a nossa interconexão com tudo e com todos. Tornamo-nos conscientes do momento presente, sem julgamento. Experimentamos o espetro completo da vida sem a necessidade de mudá-lo.”
Esta forma de ver a vida é, sem dúvida, uma das maiores riquezas que a autocompaixão pode nos proporcionar.
Não precisamos ser perfeitos para nos sentirmos bem connosco e nossa vida não precisa ser de uma determinada forma para ficarmos contentes e satisfeitos.
Todos temos a capacidade de resiliência, crescimento e felicidade, simplesmente relacionando as novas experiências com a autocompaixão e com a apreciação.
Caso você se julgue incapaz de mudar, se achar muito difícil passar por este processo, tenha imediatamente compaixão por esse sentimento e comece a partir daí.
Cada novo momento apresenta uma oportunidade para uma forma radicalmente diferente de ser, encarar a vida e viver. Podemos abraçar tanto a alegria quanto a tristeza e, assim, transformar as nossas vidas.
Viva com paixão!
Fotografia de capa | Giulia Bertelli on Unsplash
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