Dia Mundial da Língua Portuguesa
Dia Mundial da Língua Portuguesa

Dia Mundial da Língua Portuguesa

A Universalidade da Língua celebra-se onde houver filhos de Afonso Henriques

Segundo os últimos dados estatísticos, são 273 milhões de falantes em todo o mundo que se expressam na língua “cantada” por Camões, Machado de Assis, Pessoa ou Pepetela. O “português” é a língua oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, região administrativa de Macau (em conjunto com o cantonês) e ainda podemos ouvir aquela que é a quinta língua mais falada no mundo em outras paragens como Goa, Damão e Diu, ilha das Flores (Indonésia), no Sri Lanka, ou em palavras japonesas que identificam padres e copos (os nipónicos não tinham estas palavras na sua língua antes da chegada dos portugueses ao arquipélago do Sol-Nascente).

E se é a mais ouvida abaixo do Equador, é a terceira mais falada no mundo ocidental, razões suficientes para a UNESCO declarar um dia no ano para celebrar a universalidade da nossa língua. Desde 2019 que a cultura universal celebra o Dia Mundial da Língua Portuguesa, mais concretamente a 5 de Maio.

Mas qual o significado da data e a sua simbologia? A data, 5 de maio, não se encontra associada a qualquer escritor ou obra editada, mas sim ao facto de ser neste dia que Cabo Verde presta homenagem a esta língua latina. A 20 de julho de 2009, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), à época presidida (em rotatividade) por Cabo Verde, instituiu como o dia fundamental da exaltação de uma das línguas mais importantes do continente africano precisamente no dia 5 de maio.

Estava dado o mote para a consagração universal, que viria a realizar-se dez anos depois, em 2019, quando a 25 de novembro, a assembleia-geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), reunida na sua sede em Paris, declara o mesmo dia 5 de maio como o Dia Internacional (ou Mundial) da Língua Portuguesa.

É um feito transcendental se pensarmos que a língua portuguesa não é uma das línguas oficiais desta organização das Nações Unidas, onde figuram o Inglês, Francês, Mandarim, Russo, Espanhol e, desde 1973, também o Árabe.

Num claro esforço de internacionalização da língua e dos autores portugueses, mas também da cultura que reforça os laços históricos de todas as paragens por onde andaram os “filhos” de D. Afonso Henriques, em 2021 vão-se realizar mais de 150 atividades espalhadas por 44 países, em formato misto (presencial e online) devido aos constrangimentos globais provados pela pandemia da COVID-19, celebrando, pelo segundo ano consecutivo, o legado de autores como Florbela Espanca, Cesária Évora, Juvenal Cabral ou Tom Jobim.

 


Autores |

Marta Loureiro Santos, doutorada em Comunicação, é professora universitária e fundadora da Universidade Sénior Contemporânea do Porto. É também autora com várias obras e investigação publicadas

► Artur Filipe dos Santos, doutorado em Comunicação e Património Cultural, é professor universitário e investigador no ISLA-Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia e membro do ICOMOS - International Council of Monuments and Sites. Especialista do património cultural e dos Caminhos de Santiago, é o autor do blogue “O Meu Caminho de Santiago” e autor de vários artigos e palestras sobre a tradição jacobeia