O Amor, entre encontros, desamores e seus amores
Ai o amor! …desde sempre o quisemos provar e saber, sempre o quisemos viver e fazer.
A partir do momento em que o Homem se descobriu como ser desejante, foi aí, nesse momento que se achou buscador, como aquele que procura. Percebeu-se como aquele que “pró-cura” o que lhe falta, o que o satisfaz, o que o realiza. Procura aquilo que de algum modo provou e quer voltar a saborear.
Em parte, procuramos aquilo que já sabemos, se não, como saber o que procuramos?
Quando andamos sem saber por onde e à procura do quê, perdemo-nos no labirinto da existência de onde só o fio de ariana, tal como na mitologia, nos pode salvar, porque ele nos liga ao amor do outro.
No campo do Amor ainda pouco sabemos, teorizamos muito, mas o Amor não encaixa nem aceita rótulos, nem etiquetas, ou dogmas empoeirados.
O Amor faz-se e vive-se, como nos diz o Mestre Coimbra de Matos. Prossegue o autor dizendo que:
“ele é uma perícia e um sentimento que apenas se adquire e atinge na relação. Assim, tudo começa na relação.”
O Amor aprende-se no próprio ato de amar que acontece entre humanos. No entanto apesar dos rios de tinta que por ele escrevemos, apesar do conhecimento partilhado, quando não aprendido, quando não sentido, nem vivido, de pouco adianta, assim continuamos a colecionar encontros e desencontros, amores e desamores.
O Amor revela-nos um espaço de intimidade onde encontros profundos são possíveis, comprova-nos um encontro de inteireza que se manifesta nas suas várias expressões, como o Amor entre pais e filhos, o parental filial, como o Amor fraterno ou amizade, como o Amor conjugal ou a conjugalidade, entre todas as suas revelações e em seus desdobramentos possíveis.
O Amor sincero e saudável pede relações amadurecidas, sem disfarces, tal como nos recorda Erich Fromm:
“amor e intimidade quando amadurecidos são união, sob a condição de preservarem a própria integridade, pois no amor ocorre o paradoxo de que dois seres sejam um e, contudo, permaneçam dois”.
No Amor não se anulam eu e tu, no nós, da relação, estes podem-se encontrar outros, mas não perdem identidade, não se confundem. Sabem quem são, encontram-se em algo novo, criam-se e recriam-se, regressam outros ao seu eu e ao seu tu, para retornarem incessantemente à dança do encontro que se renova. Vivem o que Gabriel Garcia Marquez tão bem expressou: “quero-te não por quem és, mas sim por quem sou quando estou contigo!”
O Amor maduro reconhece, respeita e valoriza a pessoa. É tolerante e grato, benevolente e acolhedor. Aprecia a partilha e a intimidade, mas considera e respeita limites (que o sujeito adequa ao tipo de relação). A pessoa que se dá a si, a pessoa que se doa dá o bem mais precioso que tem — a sua vida. Isto não quer dizer que sacrifique a sua vida por outrem, mas que dá aquilo que está vivo em si: dá a sua alegria, o seu interesse, a sua compreensão, os seus conhecimentos, o seu humor, a sua alegria — todas as expressões e manifestações daquilo que está vivo em si, como tão bem defende Fromm.
“Quando nos encontramos, descobrimos pontas, permitimos dobras, revelamos avessos, suportamos ruídos, aparamos arestas, desatamos nós, retiramos espinhos (…)”
Beatriz Cardella in. Laços e Nós.
A capacidade de amar como dádiva está dependente do desenvolvimento do caráter da pessoa. O caráter ativo do amor implica necessariamente alguns elementos básicos, comuns a todas as formas de amor, nomeadamente o: cuidado, o conhecimento, a responsabilidade e o respeito.
Amemos.
Sugestões de Leitura:
• Cardella, B. H. P. (2009). Laços e nós: amor e intimidade nas relações humanas. Ágora.
• de Matos, A. C. (2003). Mais amor menos doença: A psicossomática revisitada. Climepsi.
• Fromm, E. (2000). A arte de amar. Pergaminho.
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