A Cultura Une os Povos
Celebrar a Diversidade Cultural com Diálogo
A 21 de maio o mundo comemora o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, uma oportunidade para discutir a importância da defesa das manifestações culturais universais que unem os povos contra os muros da intolerância.
A Humanidade é uma amálgama de cores, movimentos, aromas, palavras, técnicas, diálogos, sons. Ao longo dos séculos os povos de todos os continentes souberam criar as raízes do que hoje conhecemos com testemunhos culturais ao longo das eras, levando a que as autoridades reconhecessem a importância da diversidade cultural como pilar fundamental do desenvolvimento da sociedade.
Apesar dos vários conflitos que eclodiram durante o século XX, o concerto das nações soube discutir com seriedade e firmeza estratégias de defesa do património cultural imaterial (ou intangível), provavelmente o mais puro exemplo de património gerado pelas comunidades, baseado na transmissão oral dos conhecimentos e, por consequência, o mais difícil de preservar.
Mas antes que se pudessem criar bases para a preservação de uma cultura que conecta milhares à volta de um lugar-comum, o mundo dos dois séculos anteriores ao que vivemos procurou refletir sobre a própria definição de cultura. Hegel, no séc. XIX pensou o conceito de cultura compreendendo relações históricas que buscavam perceber a organização dos modos de vida de uma sociedade. O filósofo alemão defendeu que a cultura resulta de um “espírito mundial”, com a mesma relacionada com as formas como a humanidade representa, apreende e se relaciona com os elementos fundamentais da sua existência, como a linguagem, o trabalho, a religião e a fé, a arte, as ciências ou a política. Na sua obra “Princípios da Filosofia do Direito ou Direito Natural e Ciência Política em Compêndio”, editada em 1820, Hegel reflete na natureza de um princípio particular determinado, que agrupa os Estados, os povos e os indivíduos num conjunto de conexões que se vão modificando à medida dos interesses e necessidades comuns num perpétuo movimento desse “espírito”. Um pensamento que legitima o próprio conceito de diversidade cultural, isto é, de que nenhuma manifestação cultural de um povo sobrevive sem a interação dos demais povos com quem se relaciona.
Fotografia: LPLT
Portugal nunca teria conhecido o fado se os povos indianos, os gregos ou os construtores italianos e hispânicos da Idade Média não tivessem produzido a cítola, instrumento musical que a maioria dos investigadores acredita como sendo o antecessor da guitarra portuguesa. A gaita-de-foles escocesa nunca ter-se-ia ouvido nas terras altas se os povos das Astúrias ou da Galiza celta não a tivesse levado para as Ilhas Britânicas, como testemunha aquela que poderá ser a mais antiga gaita encontrada no “país do kilt”, que se encontra no Museu de Edimburgo, feita de madeira de buxo proveniente, talvez, do norte de Portugal. Os brasileiros nunca teriam conhecido o samba sem a relação entre os povos ameríndios e africanos.
Milhares de manifestações culturais à volta do mundo que atestam a relação que os povos foram aprimorando à medida que as eras passavam e que resultaram de uma diversidade de cores, sons, aromas, movimentos, línguas, sabores que exultam a criatividade humana rumo à sua universalidade.
Por essa mesma razão, a Assembleia-Geral das Nações Unidas assina, a 21 de maio de 2001, a Declaração Universal para a Diversidade Cultural, um documento que procura defender um princípio que a UNESCO, desde a sua fundação, em 1945, sempre buscou preservar. A partir desse ano, as Nações Unidas celebram essa data como o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, com o objetivo de preservar a cultura que nos define mas que nos une a todos, frente a um movimento de intolerância e xenofobia que parece renascer das cinzas da II Guerra Mundial e que, para insegurança dos povos quanto ao futuro da própria Humanidade, se encontra em acelerado processo de expansão.
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