O Corpo do Vinho
O poder da escolha...
A história do vinho começa a ser registada com o aparecimento da escrita e, desde logo os escritores e pensadores Gregos mais relevantes começam a mostrar fascínio por esta bebida. Foi o néctar predileto de Baco, o único deus com uma mãe mortal, atingindo assim uma dimensão divina, foi considerada uma bebida afrodisíaca e capaz de oferecer a imortalidade.
Deixada de parte a mitologia, para além de fomentar uma experiência prazerosa, segundo a ciência, uma ingestão moderada de vinho estimula a produção de serotonina, também conhecida como a “molécula da felicidade”, ajudando no humor e na socialização. O vinho, principalmente tinto, contribui de forma benéfica para a prevenção de doenças cardiovasculares, sendo um constituinte da famosa e exclusiva dieta mediterrânica, o único padrão alimentar que a ciência já provou ser bastante benéfico para a saúde.
Segundo as boas práticas deste tipo de dieta, o vinho deve ser consumido em contexto alimentar, conjugando-o com vegetais da época, carnes e peixes, azeite de qualidade, queijos e frutos secos.
É uma bebida versátil, combina com qualquer momento, seja uma comemoração, um jantar romântico ou mesmo uma refeição entre amigos.
Mas será que sabe como escolher um bom vinho?
Sem necessariamente se transformar num enólogo, existem várias informações no rótulo que podem ajudá-lo(a) a tomar uma boa decisão. Quem sabe não surpreenderá a(s) pessoa(s) com quem decidiu partilhar um momento especial, construindo assim um momento inesquecível.
Preço
Apesar do preço às vezes ser um indicador de qualidade, nem sempre o é, não faltam exemplos que contradizem esse critério. Mais do que o preço, é importante que o vinho tenha um bom equilíbrio entre o teor alcoólico, a acidez e a fruta. Os melhores vinhos não são muito ácido, nem muito doces, nem muito fortes. No mercado Português existem vinhos de ótima qualidade em todas as categorias de preço, acessível a todas as carteiras.
Idade
Quanto mais antigo for o vinho, mais maduro ele se tornará, o que é ótimo para um vinho tinto de qualidade, pois torna-o mais suave. Mas se for um vinho branco, a antiguidade poderá não ser um bom critério, pois os vinhos brancos tendem a perder um pouco de efervescência, ou seja, prefira os mais recentes. Ao comprar vinhos rosé deverá privilegiar os mais novos, vinhos mais frescos tendem a ter sabores mais pronunciados.
Acidez
Acidez é a extrema secura que sente ao beber o vinho. O nível de acidez está diretamente relacionado com o grau de maturação com que as uvas são colhidas, uvas mais maduras originam vinhos com uma acidez menor (doces), enquanto uvas menos maduras vão produzir vinhos com maior acidez (secos). É muito frequente constar nos rótulos das garrafas alguma referência ao grau de maturação das uvas que originaram esse vinho.
Teor em álcool
A quantidade de álcool influencia diretamente o aroma, o corpo e a perceção de sabor, o paladar, logo, deve ajudar no equilíbrio do vinho. Não existe uma graduação ideal para todos os vinhos, de vinho para vinho encontram-se grandes diferenças nos outros parâmetros, sendo assim, um teor superior em álcool poderá ajudar a equilibrar um determinado vinho mas não outro. O teor em álcool é mais um indicador de estilo do que de qualidade.
Taninos
Os taninos são responsáveis pela estrutura do vinho tinto, servem para dar corpo e complexidade à bebida, causando um certo “choque” na nossa boca. Expressões como: este vinho é “macio”, tem “taninos equilibrados”, tem uma textura “aveludada”, referem-se aos taninos. Normalmente quanto mais grossa for a casca da uva usada, maior a quantidade de taninos. Uvas mais maduras normalmente originam vinhos com taninos com maior maturidade, ou seja, mais suaves.
Dizer que um vinho é muito rico em taninos normalmente significa que ele é adstringente. Em excesso, evidentemente, os taninos podem deixar o vinho desagradável, daí a necessidade de “equilibrá-los” ou “amaciá-los”. Por outro lado, quando combinados com certos tipos de alimentos, eles contribuem para deixar tanto o prato quanto a bebida mais saborosos.
Cor
Ao observarmos a cor do vinho, conseguimos ter uma boa noção do aroma e do sabor. A cor revela muitas informações sobre a bebida: idade, corpo, acidez, teor alcoólico, uva utilizada, colheita, tempo em que o líquido manteve contacto com a casca durante a maceração e se foi ou não submetido a algum estágio. Para além da cor, a visão também permite identificar a presença de cristais ou de turbidez na bebida, que deve ser limpa, clara e sem resíduos, indicando que o produto está apto para o consumo.
Monovarietal ou Blend?
Blend (assemblage em Francês) é a designação que se dá a um vinho produzido a partir da mistura de duas ou mais castas diferentes.
Monovarietal é a designação que se dá a um vinho que tem na sua composição, 100% de uma casta ou a predominância desta.
Portugal tem cerca de 250 castas autóctones, sendo que a maioria delas são exclusivamente Portuguesas, fazendo com que os vinhos portugueses sejam distintos e únicos, representam a qualidade e a personalidade do país.
A maioria dos entendidos na matéria tem a opinião de que a mistura de castas é mais benéfica, ajuda a aperfeiçoar e a criar dimensões, melhora aromas, cor, textura ou corpo, tornando o vinho mais equilibrado e complexo.
Cada pessoa tem a sua identidade e as suas preferências, o vinho é o reflexo de como o homem interage com a natureza. Os vinhos são como os chapéus… Há muitos e para todos os gostos. Branco, tinto, rosé ou champagne, é uma questão de gosto.
Deixe-se inspirar por esta bebida ancestral, escolha sempre bons vinhos!
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