Viver no Paraíso Natural
Até gosto do São Martinho, mas após as primeiras chuvas e a persistente ameaça de frio, desertei. Assim que começaram as dificuldades fugi? Sim, foi exatamente isso! Não é o que acontece com uma parte considerável dos conflitos que dão em divórcio?
De dossiê em punho, às duas e meia da manhã e sem me ter despedido convenientemente da minha almofada, entrei de forma triunfante no Humberto Delgado e com orgulho exibi todos os documentos e mais alguns. Fiz a simpática funcionária da companhia aérea folhear freneticamente o certificado de vacinas, teste PCR, EDcard, seguro de saúde (não vá apanhar covid no destino), passaporte (que só Deus sabe o que me custou a conseguir), entre outros documentos. Não tinham como dizer que não e lá fui eu!
Após 18 horas de viagem e trânsito em Amesterdão, pouco passava das 18 horas locais quando senti a receção literalmente calorosa “One Happy island… Bon bini Aruba!" (Uma ilha feliz...Bem-vindo a Aruba)
A intenção era começar a usufruir de imediato dos prazeres do Caribe, aproveitar todos os minutos, mas o cansaço e o jet-lag adiaram o paraíso, usufruí sim de um bom colchão. Quando o corpo exige… Não há como fugir!

Fotografia | A trabalhar em Aruba com uma vista para a praia Mango Halto. Inspiração...
Aruba é uma ilha com um clima tropical temperado, localizado nas pequenas Antilhas no sul do mar do Caribe, ao largo da Venezuela. Nunca ouviu falar?
Certamente as ilhas vizinhas Curaçau e Bonaire já lhe dizem alguma coisa. Calor já esperava, os 32 ºC não foram de todo uma surpresa, o que não sabia é que a temperatura pouco ou nada desce durante a noite. O vento é uma constante, o cuidado com o chapéu, as saias e os vestidos tem de ser permanente. Conhece aquela sensação de estar atrás do ventilador do ar condicionado? Um vento quente e húmido que invade todas as partes do corpo? Aruba é tal e qual!
Descoberta e ocupada em 1499 por exploradores espanhóis, mais tarde (1636) foi adquirida pelos Países Baixos, em 1986 ganhou alguma autonomia. Apesar de Aruba ser uma região autónoma da Holanda, os habitantes não se identificam muito com a história, cultura e tradições holandesas. Se a ilha tivesse uma identidade própria mais cimentada certamente lutariam pela sua independência. Contudo, a simbologia dos países baixos está um pouco por todo o lado, Oranjestad (sumo de laranja em holandês) é a capital de Aruba, Reina Beatrix é o nome do aeroporto.
Aruba já foi um armazém de haxixe colombiano, agora é sobretudo um destino de praia, principalmente para os norte americanos. Nos supermercados a diversidade de produtos americanos não engana, para não falar de todas as cadeias de fast food (wendy´s, domino´s, dunkin donuts etc.…) ou da frota automóvel. A proximidade justifica a americanização, basta pensar que de Boston a Los Angeles é exatamente a mesma distância de Boston a Aruba, ou seja, os americanos têm um paraíso mesmo à porta de casa.
Apesar da simpatia e da disponibilidade permanente para ajudar, os Arubanos são autênticos aspiradores, dedicam-se 24 horas por dia a sugar o máximo possível dos dólares visitantes.
Em Aruba têm moeda própria (florim arubano) mas o dólar é rei, nem imagina os "super poderes" que uma nota de 100 dólares tem, num segundo faz os olhos dos habitantes brilharem. Em todas as lojas, restaurantes e bares, as conversões de moeda são sempre contra o consumidor, a atenção com os trocos também deve ser permanente. Não estranhe se após uma refeição vir uma taxa de serviço de quinze porcento adicionada à sua conta, não é transversal a todos os restaurantes, mas acontece com alguma frequência.
A população de Aruba é uma mistura curiosa: africanos, europeus, indígenas caribenhos, sul-americanos (Venezuela e Colômbia) e norte americanos. Um verdadeiro cocktail cultural a viver em perfeita sintonia.
Em termos de língua, o Holandês e o papiamento são as oficiais, embora toda a gente fale um pouco de inglês e de espanhol.
O papiamento é uma língua que deriva do português que era falado pelos judeus e escravos vindos do nordeste brasileiro e das ex-colónias portuguesas na África (principalmente Cabo Verde) e constitui sessenta por cento do seu léxico, com influência do castelhano, inglês, holandês e de línguas africanas. O papiamento falado em Aruba é quase cem porcento igual ao crioulo de Cabo Verde.
Embora com um lado da ilha muito orientado para o turismo comercial, Aruba é um paraíso natural, a comida caribenha é excelente, principalmente todos os pratos que envolvam peixe e mariscos, acompanhados com o molho especial “hot papaia”. As praias são um infinito de azul, cada fotografia tirada podia bem ser um postal, águas límpidas de cor turquesa que acariciam uma areia branca e fina. Temperatura da água do mar? Inveje… 28ºC, sempre morna e agradável. Num país em que tudo acontece ao ar livre dá para esquecer por vários dias consecutivos que o Mundo vive uma situação pandémica, não fosse a obrigação de usar máscara nas lojas e supermercados, já nem me lembraria da covid-19.

O lema oficial da ilha “one happy island” faz todo o sentido, Aruba é um destino exótico que terá de colocar na lista de países a visitar.
AVISO | Quase esquecia! Se for a Aruba leve uma garrafa para encher com água da torneira, além da água potável ser boa, este líquido essencial para a vida é vendido a preço de ouro, um litro de água é muito mais caro do que um litro de combustível. A ilha caribenha de Aruba, apesar de estar cercada de lindos mares com águas cristalinas, não possui fontes de água doce. A solução foi a dessalinização da água do mar, este pocesso é utilizado na ilha desde 1903. Por isso, toda a água que sai da torneira está tratada e é própria para consumo.
Algumas palavras em Papiamento |
► Bón dia - bom dia
► Bón tardi - boa tarde
► Bón nochi - boa noite
► Si - sim
► No - não
► Awe - hoje
► Ayera - ontem
► Danki - obrigado
► Di nada - de nada
► Kon ta bai? - como vai?
► Mi ta bon - estou bem
► Kon ta bo nomber? - como é seu nome?
► Mi nomber ta... - meu nome é...
► Muchanan - crianças/filhos