Black Friday: Poupar ou Gastar por Impulso?

Black Friday: Poupar ou Gastar por Impulso?

Apesar das temperaturas baixas que temos vivido neste final de novembro, oficialmente ainda não é inverno. Este ano, a sexta-feira 26 de novembro é o dia zero do consumismo, a tão esperada, por muitos, “Black Friday” abrindo assim a época de caça ao presente de natal. A sexta-feira negra acontece sempre no dia seguinte ao “Thanksgiven”, sendo que o "dia de ação de graça" é celebrado na quarta quinta-feira do mês de novembro (este ano calha a 25 de novembro).

Logo a seguir chega a “Black Friday” com distanciamento social, máscara no rosto e mãos higienizadas? Era bom, mas não sei se será possível…

A verdadeira essência do natal parece perdida, celebrar o nascimento de Jesus Cristo, encher os corações com amor e solidariedade, infelizmente são conceitos que, à luz das novas gerações, vão teimosamente caindo no esquecimento.

Tal como as calças à boca-de-sino, que ficaram fora de moda (ou não), caíram em desuso! (parece que este ano foi dada uma nova oportunidade a este design de calças).

A importação dos costumes americanos tem dominado esta época, transformando-a numa verdadeira celebração ao capitalismo.

Quais as cores do natal do século XXI? Fácil… O preto da sexta-feira e o vermelho do pai natal de um conhecido refrigerante a dominar o arco-íris do consumo!

Reflexões aparte, vamos mergulhar na origem deste dia, o termo “Black Friday” foi usado pela primeira vez para definir o dia 24 de setembro de 1869, dia em que houve uma queda drástica no preço do ouro, o que desencadeou uma crise financeira. O termo “Black Friday” associado ao consumismo, parece ter surgido em algumas revistas na década de 70, tendo sido duas décadas depois, usado pela polícia de Filadélfia para definir um movimento anormal de pessoas nas ruas, motivado pelas compras de natal.

Este fenómeno comercial tem tido um grau de adesão cada vez maior, a cada ano que passa, os lucros gerados são cada vez mais significativos para os comerciantes nacionais, sendo que devido à pandemia, o comércio online tem-se saído melhor.

Afinal quem não gosta de um desconto?

Entender a psicologia da “Black Friday” ajuda a compreender o fenómeno, que hoje já deixou de ser apenas uma campanha. Tornou-se, sim, num evento de proporções mundiais com impacto económico muito significativo.

Num dia normal, você não vai a um centro comercial horas antes de as lojas abrirem, não entra a correr, não tem um comportamento agressivo nem empurra as outras pessoas. Normalmente somos mais ponderados no processo de compra, mas quando sujeitos a um ambiente de caos atípico, mudamos o “chip” comportamental e desaparece a ponderação, simplesmente compramos de forma impulsiva.

O pensamento da pessoa foca-se na premissa: “está toda a gente a comprar, as oportunidades devem ser mesmo boas, tenho de aproveitar também”. Na dúvida, o instinto leva-nos a seguir o coletivo, a psicologia das multidões consegue explicar esse fenómeno.

A partir do momento em que as lojas (físicas e online) lançam promoções que prometem "o maior desconto do ano", "descontos únicos" e "imperdíveis", captam a atenção e despertam a curiosidade dos consumidores. Ao mesmo tempo o receio e o medo também são fomentados, no sentido em que o consumidor tem um tempo limitado para aproveitar as promoções e tudo pode esgotar a qualquer momento… O medo de perder a oportunidade ("the fear of missing out") é mais um elemento que condiciona o consumidor, fazendo aumentar a impulsividade e a predisposição para a compra.

A mentalidade competitiva associada à “Black Friday” é benéfica para as lojas, ajuda a aumentar o desejo e a criar necessidades que não existiam!

Em suma: Aproveite as oportunidades reais, faça o trabalho de casa antes de sair para as compras, analise os preços dos produtos e serviços nos últimos três meses para conseguir comparar no momento da compra. Adquira apenas aquilo que realmente precisa, caso contrário será um gasto desnecessário. Ponderação acima de tudo, como diz o ditado: “quando a esmola é demais o pobre desconfia”.