No Algarve só os preços estão ao rubro

No Algarve só os preços estão ao rubro

Ai ai Algarve!

O mês de agosto está praticamente feito, a “boa vida” está a queimar os últimos cartuxos, não tardará nada e a ditadura do relógio despertador vai assumir o controlo. É sabido que os Portugueses têm tendência a sofrer por antecipação, vale a pena perder tempo a pensar no fim das férias? Não será melhor aproveitar ao máximo os últimos dias?

Foi com esta “máxima” em mente que mergulhei de cabeça na internet. É nestes momentos que se percebe que as agências de viagens têm grandes semelhanças com os videoclubes de esquina…

O calor e o sol estão ao rubro, sou uma pessoa de praia, portanto fui à plataforma online que está mais na berra:

Para onde vai? — Algarve.

Datas? — Últimas cinco noites do mês de agosto.

Quantas pessoas? — Dois Adultos e zero crianças.

Filtros? — Casa de banho privativa e em frente à praia — On.

A primeira surpresa que tive foi o número de alojamentos com disponibilidade para me receber, sensivelmente 187, logo aí achei estranho pois a minha expectativa seria encontrar por volta de 10% desse número. Foquei-me apenas nos primeiros 20 resultados, constituído acima de tudo por quartos de hotel, apartamentos T0 e T1.

Há que realçar que fiz esta pesquisa com muita confiança e com o melhor dos estados de espírito possível, pois tenho um suíno de barro bem pesadito lá em casa, enfim pronto para a matança.

Feita a média das opções de alojamento que encontrei, conclui: nesta altura do ano, uma noite no Algarve está a custar cerca de 220 euros e, mesmo a esse preço, tenho uma probabilidade de 50% de ter o pequeno-almoço incluído. Portanto, as últimas cinco noites de agosto custam cerca de 1100 euros em alojamento. Se somar a esse valor as portagens, o combustível e as refeições, nunca irei gastar menos de 1500 euros em cinco dias.

Agora sim, finalmente consigo perceber os comentários e notícias que pairam por aí. Em termos de alojamento e restauração, após a primeira metade do ano ter sido muito animadora, criaram-se expectativas de que 2023 poderia vir a ser o melhor ano de turismo em Portugal, destronando o famoso 2019. Volvidos quase dois meses, eis o balde de água fria. Com os preços na ordem que há pouco referi, muitos Portugueses e Espanhóis, claramente (e tudo indica que por razões financeiras) desistiram do Algarve, é certo que alguns ficaram em casa, mas um número muito significativo de pessoas rumou ao sul de Espanha, ilha de Porto Santo e à Albânia.

Terão estes destinos sido escolhidos ao acaso? Não me parece… Basta ver os preços praticados nos alojamentos à beira mar!

Apesar da fidelidade dos turistas do Reino Unido, de julho para cá tem havido muitos quartos de hotel vagos, mesas de restaurantes vazias, espaços para estacionar e até mesmo para estender a toalha nos areais. Neste momento já se pode dizer que julho foi um “flop”. O mês de agosto ainda não terminou, não existem números disponíveis, têm sido feitas várias promoções de última hora (redução de preços), mas, realisticamente, acredito que a tendência vai-se manter.

A minha modesta opinião vai no sentido de que os operadores de restauração e hotelaria do sul do país, algures no próximo outono e inverno, façam uma pausa para pensar e tirar algumas ilações do verão 2023. Bem sei que a inflação e as subidas das taxas de juros também chegaram a estes ramos de atividade. Contudo, quando os preços sobem na ordem dos dois dígitos percentuais, não se pode esperar ter “casa cheia”. Não matem a “galinha dos ovos de ouro”. Os Portugueses e os Espanhóis continuam a gostar muito do Algarve, felizmente o sentimento não se diluiu, mas há que ter em conta o poder de compra das pessoas, sendo que o subsídio de férias não estica.

Das duas uma, “vendemos” o sul de Portugal ao Reino Unido ou, se quisermos lá Portugueses, algo tem de mudar. No reino do turismo, os aumentos de preços devem vir sempre acompanhados com melhorias na qualidade dos serviços prestados, caso contrário não serão justas, nem bem aceites.

Qualquer dia corremos o risco de transformar o aeroporto de Faro num “hub” dos “nuestros hermanos”.


Fotografia de Draft World Magazine — Direitos Reservados


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