Museu Machado de Castro é Património Mundial
Museu Machado de Castro é Património Mundial
Museu Machado de Castro é Património Mundial

Museu Machado de Castro é Património Mundial

Núcleo conserva coleções de arqueologia, escultura e pintura desde a ocupação romana aos nossos dias.

Um dos museus mais antigos e visitados do nosso país, o Museu Nacional Machado de Castro encontra-se no antigo Paço Episcopal da cidade de Coimbra. Esta é a semana de celebrar o Dia Internacional dos Museus.

Em Portugal existem no total 12 museus nacionais espalhados um pouco por todo o pais, com especial incidência nas grandes cidades de Lisboa (8), do Porto (2) e ainda em Coimbra (1) e Viseu (1).

Se o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, concentram grandes atenções pelo grande número de turistas que conquistam ano após ano, em Coimbra encontramos um museu que leva os visitantes num percurso inesquecível da história e cultura portuguesas, desde o tempo em que os romanos militavam na Lusitânia, passando pela memória intemporal da rainha Santa Isabel até às pinturas barrocas do séc. XVIII.

Situado em pleno centro histórico da cidade de Coimbra, classificado como Património da Humanidade desde 2013, o Museu Nacional Machado de Castro (cujo nome evoca o contributo do escultor oitocentista Joaquim Machado de Castro, autor, entre outros, da estátua equestre de D. José I que se encontra no Terreiro do paço, em Lisboa) foi fundado na primeira década do séc. XX, em 1911.

Instalado no antigo paço episcopal da “cidade dos estudantes”, o Museu Nacional Machado de Castro (MNMC) é uma referência nacional e internacional pela riqueza do arquivo histórico e artístico. Pelas suas salas e corredores podemos encontrar vestígios da ocupação romana, começando pelas características arquitetónicas do edifício principal, que ainda hoje conserva galerias e o criptopórtico do séc. I, pertencentes ao fórum de Aeminium, cidade construída onde agora encontramos a “alta” coimbrã.

Ainda com respeito à arquitetura do primeiro dos dois edifícios que, desde 2012 (ano em que foi inaugurado o segundo núcleo, da autoria do português Gonçalo Byrne) compõem o MNMC, destaque para a porta da antiga muralha medieval, que atualmente serve como a entrada para o museu.

Quanto às coleções disponíveis, o acervo é maioritariamente composto por peças de arqueologia, escultura, pintura, cerâmica e mobiliário, entre outros, provenientes de igrejas e mosteiros extintos aquando da expulsão das ordens religiosas do território português, em 1834, assim como espólios procedentes de antigos colégios universitários.

Dos vários autores que podemos encontrar no MNMC, entre a escultura e a pintura, encontramos obras de mestres da escultura gótica como João de Ruão (autor da Porta Especiosa da Sé Velha de Coimbra), Gil Eanes (exímio escultor de imagens e túmulos funerários), Nicolau de Chanterene (autor da magnífica obra do Portal Axial do Mosteiro dos Jerónimos e artistas plásticos como Josefa de Óbidos, Domingos Vieira Serrão (pintor maneirista da corte de Filipe II) e Bento Coelho da Silveira (um dos mais conceituados pintores do séc. XVII, autor de obras em óleo de renomada importância artística como as telas do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, em Tarouca, Viseu).

A merecer especial destaque está o espaço dedicado à evocação histórica da rainha Santa Isabel, esposa do rei D. Dinis e padroeira da cidade de Coimbra. Na sala, conhecida como “Tesouro da Rainha Santa” podemos encontrar a Virgem-Reliário, uma peça toda feita em prata, do séc. XIV, um colar com propriedades milagrosas e ainda o bordão em forma de tau oferecido pelo arcebispo de Compostela Bereguel de Landoira aquando da primeira peregrinação da Rainha Santa no Caminho de Santiago.

Assim como os restantes museus nacionais, o MNMC desenvolve, na semana em que se comemora do Dia Internacional dos Museus (18 de maio), uma agenda dedicada ao tema “O futuro dos museus: recuperar e reimaginar”, proposto pelo ICOM – Internacional Counsil of Museums, fundado pela UNESCO em 1946, organização que, desde 1977, dinamiza esta data como proposta de valorização dos museus na preservação de um património cultural comum. 

Em Portugal, ao longo da semana, estão previstas mais de 600 atividades em todo o país.

Autor | Artur Filipe dos Santos, doutorado em Comunicação e Património pela Universidade de Vigo, é professor universitário e investigador no ISLA-Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia e membro do ICOMOS - International Council of Monuments and Sites. Especialista do património cultural e dos Caminhos de Santiago, é o autor do blogue “O Meu Caminho de Santiago” e autor de vários artigos e palestras sobre a tradição jacobeia.

Fotografia de capa | Manuel V Botelho

Fotografia das peças | Património Cultural