A conexão Cérebro e Intestino
Entendendo a conexão cérebro – intestino – cérebro e a sua relação com a saúde
Junho é o mês da saúde do aparelho digestivo e, por isso, torna-se imprescindível abordarmos este importante sistema orgânico, e um dos temas que mais me encanta é a conexão cérebro – intestino – cérebro e sua relação com a saúde e com as doenças.
O eixo cérebro – intestino – cérebro mantêm entre si uma vasta conexão composta por estímulos nervosos e hormonais. Por causa desta conexão tão única, percebe-se várias manifestações digestivas ocorridas após (ou em decorrência) os transtornos psicoemocionais, tais como as diarreias por stress ou mesmo as gastrites de fundo nervoso.
Os hormônios liberados nas situações adversas, especialmente o cortisol e a adrenalina, ao serem produzidos após um estímulo danoso, promovem a produção exagerada de outros hormônios que impactam negativamente a saúde gastrintestinal, especialmente seu microbioma. Esta integração hormonal é a principal responsável pela conexão cérebro e intestino.
Por outro lado, já se demonstrou que o intestino humano possui cerca de quinhentos milhões de conexões nervosas, formando o intrigado sistema nervoso entérico, considerado um sistema independente do sistema nervoso central, mas que interage com ele o tempo todo, sendo também interligado aos sistemas nervosos autónomos simpático e parassimpático. Esta integração neural é a principal responsável pela conexão intestino e cérebro, mas não é a única.
Hoje já se sabe que os nossos hábitos de vida ocidentais, caracterizados por elevada ingestão de doces e açúcares, bem como farinhas brancas, alimentos processados e industrializados, derivados lácteos, glúten, gorduras inflamatórias e carnes vermelhas são fatores importantes e impactantes para a quebra do que chamamos de "Eubiose Intestinal", ou seja, do equilíbrio dos microrganismos que colonizam os intestinos.
E um intestino danificado, inflamado, disbiótico e hiperpermeável, com suas células e plexo neural imersas nesta inflamação (e sofrendo por ela), não produzirá hormônios, neurotransmissores ou mesmo absorverá nutrientes de uma maneira adequada. Isso favorece o aparecimento de processos como obesidade, resistência insulínica, esteatose hepática, transtornos psicoemocionais, dentre outros. Por isso se reconhece, na atualidade, uma variedade de condições, ditas mentais que, em verdade, podem se originar a partir do intestino.
Hipócrates, o pai da Medicina, em 400 a.C. Já afirmava: "Todas as doenças começam no intestino"... Nada mais verdadeiro! Sendo assim, doenças como Depressão, Transtorno de Ansiedade e do Pânico, Autismo e outras, antes considerados transtornos mentais natos (com forte fator genético), podem estar diretamente relacionados à saúde intestinal.
Várias vezes afirmo: cuide do seu intestino, pois um intestino saudável é a porta aberta para uma boa saúde, já o intestino doente é um passo largo para doenças, inclusive as neurodegenerativas, tendo em conta a vasta e rica integração cérebro – intestino – cérebro. Um tratamento preventivo e eficaz deve sempre se iniciar no intestino.
Autor | André Luís de Castro - Médico com residência em Clínica Médica