Afeganistão: Todos Falam… mas Ninguém Diz!

O mês de agosto foi de uma pobreza enorme, não escasseou apenas o clima de praia, mas também notícias! Um verdadeiro deserto cultural.

Estamos habituados a que o país, tirando o Algarve, pare nesta época, mas a ausência de boas reportagens, de comentadores com pensamento estruturado, um vazio de programas televisivos... É algo dramático, não é fado mas também provoca nostalgia e saudade.

A informação e a cultura não deviam tirar férias!

Já cheguei aquele ponto em que deixei de me importar com o fecho dos tribunais ou das escolas…leva mais de 3 meses para conseguir tirar o passaporte? Paciência! “cê la vie”.

Se os telejornais fossem um enchido, seriam certamente um chouriço… mas dada a falta de conteúdos, sazonalmente transformaram-se numa pequena linguiça.

Já não sabemos qual a praia de eleição dos nossos políticos, deixamos de os ver em tronco nu e de boné (o que não é mau), sem dúvida esta foi uma “silly season” atípica.

Na ausência de grandes acontecimentos, para além dos roteiros gastronómicos e de nos dar a conhecer alguns recantos desconhecidos do país, apenas têm para oferecer o tema Afeganistão. Nada contra esse país, sou sensível ao sofrimento do povo e em particular ao das mulheres. Sem dúvida assuntos de importância capital.

É particularmente mais dramático se pensarmos que o país vive em democracia há cerca de 20 anos e tem uma população com uma média de idades de 18 anos, ou seja, a maioria dos habitantes nunca conheceu outro regime. Será dura a transição para o regime Talibã!

Sou defensor que para termos uma opinião bem fundamentada sobre um determinado assunto, é importante conhecermos os bastidores da questão, não nos ficarmos pelo conhecimento superficial ou pelos títulos das manchetes.

Mas, o que realmente se passa no Afeganistão?

Há centenas de anos, sabe-se que a região onde fica o Afeganistão é rica em minérios, mas foram os Russos, que na década de 60 e de 70 do século passado que, pela primeira vez, mapearam a composição geológica do país.

Na primeira década do século XXI, após vários estudos de prospeção, um grupo de geólogos americanos em conjunto com funcionários do pentágono, descobriram vários depósitos de minerais no Afeganistão. Estes grandes depósitos incluem: ferro, cobre, cobalto, ouro e lítio, metais críticos para a indústria atual e de futuro. Relembro que, devido à escassez, em 2021 o preço do cobre subiu 40% e que o ferro é o principal matéria-prima para a produção de aço, para não falar da importância do lítio nas baterias, sejam elas de smartphones ou de veículos elétricos.

Segundo as estimativas americanas, apenas numa das províncias do Afeganistão, Ghazni, existem reservas de lítio de tamanho equivalente às da Bolívia, onde se situa o o maior depósito do mundo.

Segundo os cálculos dos especialistas, o povo Afegão anda literalmente por cima de uma fortuna. As estimativas apontam para um valor de quase 1 trilião de dólares. Sim… Não me enganei nas unidades, estamos mesmo a falar de um milhão de biliões (a unidade seguida de 18 zeros).

Esta vasta riqueza mineral do Afeganistão, por razões óbvias, tem sido e continuará a ser motivo de cobiça de muitos. A origem de todos os males está mais uma vez relacionada com o dinheiro? Onde já vi este filme?

Se o Afeganistão conseguisse estruturar uma política organizada para a exploração desses minérios (e este é um grande se), facilmente conseguiria receitas muito superiores às conseguidas com o produto mais exportável do país, o ópio. Este seria um cenário excelente para a débil economia Afegã e em simultâneo, poderia beneficiar o resto do mundo, no sentido em que diminuiria a produção e exportação de uma matéria-prima fundamental à produção de heroína.

Para percebermos o futuro do Afeganistão faço uma pergunta:

Que país do mundo estaria muito interessado em explorar as riquezas subterrâneas do Afeganistão, ignorando direitos humanos e as consequências ambientais que a extração desses minérios pode provocar?

Nem mais… A China!

Desde 2007 que a China tem uma licença (válida por 30 anos) para exploração de cobre em solo Afegão, um negócio de 3 biliões de dólares, simplesmente o maior investimento estrangeiro na história do país.

Tudo indica que, mais dia, menos dia, os talibãs vão proporcionar aos chineses condições de segurança para que a exploração dos riquíssimos depósitos minerais seja possível. O Paquistão, principal aliado estrangeiro do talibã, certamente aplaude e apoia o negócio, pois irá lucrar bastante.

Consegue-se facilmente imaginar uma rota comercial entre o Afeganistão e a China que passe pelo território do Paquistão. Estados Unidos da América e Rússia ficarão a “chupar no dedo”.

Já dizia a canção dos AC/DC: “Money Talks”.

"Come on, come on, love me for the money

Come on, come on. listen to the moneytalk

Come on, come on, love me for the money

Come on, come on, listen to the moneytalk

Moneytalks, yeah, yeah"

Aproveite para recordar esta música dos AC/DC, deixo aqui a partilha para não perder tempo a procurar... Goste ou não deste estilo musical, depois diga-me se a letra é ou não atual! Deixe o seu comentário...