Bom dia América! Vai um Chip?

Bom dia América! Vai um Chip?

Os Estados Unidos da América finalmente acordaram. Não foi um sono profundo, talvez um leve e duradouro processo de hibernação. Após vários anos de apatia, o país mais poderoso do mundo finalmente percebeu que está prestes a deixar de ser o incontestável líder mundial.

Nas últimas décadas, muitos têm sido os sinais, não foi por falta de aviso!

A lenga-lenga entre democratas e republicanos absorve e amolece, parece que embala as pessoas como se de uma melodia suave se tratasse. A verdade é que os Americanos se distraíram…E o mundo não parou, muito pelo contrário.

De certo modo faz-me lembrar um colega de turma que tive há muitos anos, provavelmente a pessoa mais inteligente que conheci. Um QI muito acima da média que chumbou vários anos… Alguém que por ser tão mais inteligente que os demais, não precisava de ir às aulas nem de estudar, hoje não sei nada dele, mas acredito que invés de uma carreira brilhante circula de forma invisível por palcos secundários. Oxalá que não!

Desde a 2ºGuerra Mundial, os USA habituaram-se a ser o país mais rico do mundo, o país com a maior máquina de guerra, a melhor tecnologia ou até os melhores hambúrgueres.

O que faz alguém quando está convencidíssimo que é o melhor? Sim, isso… Relaxa!

Ao longo dos anos, têm sido várias as “batalhas” comerciais entre os EUA e os países Asiáticos, apesar dos acordos que esses países têm celebrado, uma das mais míticas batalhas envolveu a indústria dos Chips.

Decerto o leitor lembra-se bem da Intel, uma empresa tecnológica de Silicon Valley que liderou o mercado mundial dos semicondutores até ao final dos anos 90.

Disse bem, liderou… Entretanto perdeu o seu domínio para duas gigantes Asiáticas, a TSMC de Taiwan e a Samsung da Coreia do Sul, que juntas representam 81% do mercado mundial.

Relembro que os chips, também designados processadores, são fundamentais para o fabrico de computadores, tablets, smartphones e uma enorme diversidade de aparelhos eletrónicos.

Desde o início do século, a Intel “poupou” na investigação e inovação, cá está… deixou-se dormir! Chegou ao ponto de a Apple (empresa Americana) para conseguir chips para os seus smartphones, teve de recorrer à TSMC porque a Intel não tinha, nem tem, capacidade nem “know-how” para produzir chips tão avançados. Todos sabemos que não deve faltar muito para que a China tome conta do Taiwan, diria que é uma questão de tempo, portanto, tudo indica que a China será a líder mundial de Chips.

Já com a presidência Biden, os Estados Unidos começaram a fazer esforços para recuperar a liderança novamente. No passado mês de fevereiro, Biden assinou uma ordem executiva para que fosse feita uma revisão da cadeia de abastecimento de semicondutores. A administração Americana desembolsou 50 biliões de dólares para a pesquisa, investigação e fabricação de semicondutores.

Um projeto de lei conhecido como “CHIPS for América Act” tem como principal objetivo proteger a cadeia de abastecimento. Quase em simultâneo, a Intel também acordou (balde de água fria?), anunciando um plano de 20 biliões de dólares para construir duas novas fábricas de chips.

Em bom rigor, Trump não se interessou pelos chips, vale aos Estados Unidos o velhinho Biden.

A escassez da oferta de semicondutores provavelmente fez o governo dos Estados Unidos perceber que neste momento não consegue controlar o seu próprio destino. A longo prazo, o governo Biden quer continuar a incentivar os fabricantes de semicondutores a expandir a capacidade, reduzir a dependência do Taiwan, e ao mesmo tempo, criar mão-de-obra qualificada e bem remunerada em solo Americano. A visão de Biden envolve a formação de alianças, como o Japão, que irá cooperar com os EUA na indústria de componentes críticos como semicondutores.

Bom dia América, fico contente por terem acordado. Vai um pequeno-almoço continental?