Covid deixa várias sequelas

Covid deixa várias sequelas

Síndrome Pós Covid: Sintomas persistentes em pacientes recuperados de Covid-19

Os impactos causados pela Covid-19 na fase aguda da doença vem sendo discutido na literatura científica atual, onde evidenciam os órgãos-alvo, que incluem pulmões, mas a falta de oxigénio e a inflamação generalizada também podem danificar de forma aguda os rins, fígado, trato gastrointestinal, causar alterações na cascata de coagulação e sistema hematopoiético, coração e sistema cardiovascular, cérebro e sistema nervoso central (SNC) e outros órgãos. Que se agravam com as consequências geradas devido ao tempo na Unidade de Terapia Intensiva, chamada síndrome pós-cuidados intensivos (PICS), onde requer a necessidade de antecipação na reabilitação desses pacientes.

Os profissionais de reabilitação desempenham um papel importante na facilitação da alta hospitalar precoce, o que é essencial no contexto da escassez de leitos hospitalares. Assim como na redução do risco de reinternação, ajudando a garantir que os pacientes não se deteriorem após a alta e precisem ser reinternados. Como podemos ver na foto do paciente com diagnóstico de Covid-19, em processo de reabilitação, fazendo uso de cicloergómetro com suporte de oxigénio através de cateter nasal.

Imagens |  André Queiroz, paciente pós Covid-19 a realizar fisioterapia, utilizando o cicloergómetro, oxigenoterapia e cinesioterapia. Fotografias com efeito arrastado (ligeiramente desfocadas) devido aos movimentos rápidos.

Além disso, a Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) alertam que: “Após o primeiro relato da doença do novo coronavírus (COVID-19), o conhecimento das complicações e sequelas dessa doença aumentou substancialmente e se faz necessário garantir a continuidade do acompanhamento e assistência aos pacientes que tiverem sequelas da doença.”.

Essas sequelas também estão presentes nos pacientes que tiveram sintomas moderados e leves na fase aguda da doença, exigindo assim um programa especializado para reabilitação desses pacientes, já que esses sintomas podem persistir por meses.

As manifestações mais comuns na Síndrome Pós Covid são:
Síndrome da fadiga crónica;
Dispneia (falta de ar);
Tosse persistente;
Dores musculares e articulares;
Cefaleia (dor de cabeça);
Queda de cabelo e erupções cutâneas;
Ageusia e anosmia (perda de paladar e olfato);
Dor no peito;
Tontura;
Trombose;
Palpitações;
Transtornos de humor;
Depressão, ansiedade e distúrbios do sono;
Dificuldade de linguagem, raciocínio e memória.

As sequelas Pós Covid não podem ser ignoradas, a falta de acesso, interrupção ou redução da reabilitação podem comprometer seriamente a saúde e a funcionalidade e aumentar a mortalidade.

Segundo Pizarro-pennarolli e os seus colaboradores*1 todos os estudos revelaram agravamento da capacidade funcional no desempenho das Atividades da Vida Diária e consequente perda de independência em pacientes com COVID-19 após a fase aguda da infecção. Esses estudos procuram compreender o impacto dessas sequelas nos sobreviventes do Pós Covid-19. A European Respiratory Journal e a American Thoracic Society, entre outros criaram diretrizes baseadas em evidências que possam orientar os profissionas especializados em reabilitação sobre o atendimento na fase hospitalar e pós hospitalar. A partir dos déficits identificados, a reabilitação multidisciplinar deve ser oferecida com atenção aos músculos esqueléticos e à restauração funcional e mental.

Os profissionais de reabilitação podem promover a realização de exercícios progressivos, ficando atentos à ocorrência de dessaturação de oxigénio e/ou outros sinais de descompensação que surgirem durante a prática, garantindo uma execução segura, a educação sobre conservação de energia e alterações do comportamento, modificação da casa e produtos assistidos, bem como fazer o trabalho de reabilitação para qualquer deficiência específica, além de, actividades da vida diária e apoio psicossocial em centros de reabilitação, programas ambulatoriais, serviços domiciliares, serviços móveis e telessaúde.

*1 | Catalina Pizarro-Pennarolli, Carlos Sánchez-Rojas, Rodrigo Torres-Castro, Roberto Vera-Uribe, Diana C Sanchez-Ramirez, Luis Vasconcello-Castillo, Lilian Solís-Navarro, Gonzalo Rivera-Lillo

Autora | Mayara Vivas - Fisioterapeuta com especialização em terapia cardiointensiva e enfermaria cardíaca pelo HUPE - UERJ. Formação em Pilates clínico pela THE AUSTRALIAN PHYSIOTHERAPY E PILATES INSTITUTE - APPI PORTUGAL. Pilates Clássico pelo Clube de Regatas do Flamengo. Pós Graduação em Terapia Intensiva pelo Instituto Dor de Ensino e Pesquisa.

Fotografia de capa | Jenny Friedrichs