Domótica: valor acrescentado no mercado imobiliário
Como pode uma habitação agradar a potenciais compradores de todas as idades?
Quais devem ser as condições de segurança ativas numa habitação?
Que nível de controlo deve ter o conforto de uma habitação?
Qual é o valor acrescentado atual da promoção imobiliária?
Estas são algumas das perguntas que o artigo pretende responder e esclarecer na perspetiva da Domótica como valor acrescentado da promoção imobiliária.
Se excluirmos o valor intrínseco das marcas de automóveis, o que distingue viaturas da mesma gama de marcas diferentes? Praticamente todas atingem pelo menos 140 km/h, são comparavelmente confortáveis e seguras…
O que a promoção de cada marca enfatiza como fatores diferenciadores são os níveis de equipamento eletrónico incluído nas ofertas diferenciadas para maximizar a segurança e o conforto a bordo.
No setor da construção, qual é o valor acrescentado atual da promoção imobiliária?
Tirando os aspetos da sofisticação comercial dos processos de promoção imobiliária, a Domótica surge como uma componente variável de valor acrescentado que permite diferenciar a oferta, personalizando-a às expectativas que o potencial comprador possa ter relativamente aos níveis de segurança e conforto que melhor se ajustam à sua vida em casa.
Mas, em que é que consiste a Domótica?
A Domótica é sinónimo de automação residencial, ou seja, representa os meios eletrónicos dedicados ao controlo da segurança ativa (deteção de intrusão e alarmes técnicos) e os níveis de conforto de uma habitação.
Fig. 1 | As áreas de abrangência técnica da Domótica
Quais devem ser as condições de segurança ativa de uma habitação?
A componente da segurança está englobada no conceito de domótica, uma vez que este implica a proteção das pessoas e bens, quer ao nível de assaltos e intrusões, quer ao nível de acidentes domésticos, como incêndios, inundações, fugas de gás ou similares, para o que poderão ser instalados detetores, circuitos fechados de televisão (CCTV), sirenes de alarme, reporte telefónico (rede fixa e/ou GSM) de ocorrências, comunicações de emergência, corte com eletroválvulas, etc..
Daí considerarem-se condições de segurança ativa.
Fig. 2 | Domótica = Automação Residencial
Nesta altura o leitor deve estar a pensar: O que faria sentido automatizar na minha casa?
É evidente que as soluções de Domótica (automação residencial) dependem muito do tipo de espaço em causa (vivendas, apartamentos, lojas, escritórios, etc.) e do que se pretende nelas integrar (gestão e controlo de motorizações, iluminação, tomadas, aparelhos de climatização, sistemas de áudio/vídeo, etc.).
Mas podemos dizer que passou a ser “banal” usar um telemóvel para ligar / desligar um alarme remotamente, tal como usar uma saída do alarme para executar uma função complementar (por exemplo baixar automaticamente os estores motorizados e desligar o ar condicionado). O custo implícito nesta ação complementar é insignificante, pois aproveita todos os componentes do alarme (comunicador telefónico, automatismo de comando, etc.) e até a sua forma de utilização.
Sistemas que acendem as luzes assim que o dia começa a escurecer proporcionam conforto, mas também segurança, uma vez que deixa a impressão de que a casa está ocupada. Se não quiser deixar nenhuma margem de dúvida na mente do ladrão, poderá até instalar um sistema de simulação de presença. Esta solução fará com que, aleatoriamente, as luzes se apaguem e acendam em quartos diferentes e que os estores desçam e subam, como se estivesse gente em casa.
Ao nível da comunicação automática das ocorrências, o sistema de alarme pode aferir qual o meio que deve utilizar, mediante a sua disponibilidade, como por exemplo: primeiro comunicar por telefone (analógico ou ADSL) e caso a linha esteja cortada, comutar automaticamente para GSM e assim garantir que o sinal de alarme chega ao seu destinatário. Como alternativa e/ou complemento, o sistema pode também enviar uma mensagem para um endereço de correio electrónico e incluir as imagens de uma câmara associada à zona onde foi detetado o alarme.
Fig 3 | Esquema aplicacional de equipamentos de gestão e controlo dos níveis de segurança ativa
Que nível de controlo deve ter o conforto de uma habitação?
Ao nível da habitação propriamente dita, áreas técnicas tão distintas como a segurança, a iluminação, as telecomunicações e o circuito fechado de TV passam a poder interagir com o seu utilizador, tirando este o máximo partido e proveito das suas potencialidades, graças à integração das multifunções que cada sistema proporciona, como por exemplo:
► Quando o alarme dispara, acendem-se automaticamente determinadas luzes, do circuito de domótica, o alarme envia uma mensagem escrita para telemóvel com o reporte da ocorrência e/ou uma chamada no telefone fixo com uma mensagem gravada informando o tipo de alarme (intrusão ou alarme técnico);
► Determinadas luzes (macros) do circuito de domótica podem acender com o telecomando universal ou através de um comando programado na aplicação (disponível via computador, tablet e/ou telemóvel);
► Tal como as luzes, podem-se controlar local e/ou remotamente por computador e/ou telemóvel, o aquecimento central, radiadores elétricos, aparelhos, motores de portão e estores, bombas de água, sistemas de rega, etc.
Isto tudo de uma forma extremamente simples e intuitiva, ao alcance de qualquer utilizador, minimamente instruído para o efeito.
Fig 4 | Esquema aplicacional de equipamentos de gestão e controlo dos níveis de conforto
Como pode uma habitação agradar a potenciais compradores de todas as idades?
O que é realmente importante nas aplicações de Domótica são a forma como se processam as ordens de comando.
Independentemente do equipamento que emite a ordem de comando, tudo tem de ser simplesmente intuitivo, compatível e fácil de utilizar. Quer eu utilize o telemóvel, quer o meu filho utilize o tablet ou o meu pai acione o tradicional botão na parede, o resultado deve ser o previsível.
Por outro lado, os cenários de atuação têm de ser simples de programar e alterar. Os menus de programação devem ser semelhantes aos menus de qualquer telemóvel e desde que se saiba como devem atuar os cenários, as combinações dos automatismos são simples de agrupar (exemplo: quando ligo o alarme, os estores motorizados fecham automaticamente) e as condições de atuação são também simples de programar (exemplo: quando carrego no botão de luz da entrada depois das 19:00, acendem automaticamente as luzes dos candeeiros da sala e o aquecimento central).
Quais as formas possíveis de comando
Fig 5 | Formas de comando dos sistemas de Domótica
Resumindo as aplicações de Domótica que farão sentido considerar:
Fig 6 | Resumo aplicacional de equipamentos de Domótica
Atualmente e no futuro, qualquer construção habitacional que pretenda corresponder às expectativas dos seus potenciais compradores, deve poder estar equipada com instalações técnicas especiais ao nível da domótica:
► Assegurem a Segurança das pessoas, dos bens e dos procedimentos;
► Contribuam para o Conforto, através do comando e controlo dos principais equipamentos elétricos e eletrónicos instalados;
► Permitam a interligação e integração de todos os sistemas através de Rede de Comunicações (local e remota) fiáveis e redundantes.
Quais as capacidades de evolução das aplicações de Domótica na habitação?
Fig 7 | Capacidade de evolução das aplicações de Domótica
Voltando ao tema do artigo, “a Domótica como valor acrescentado da atual promoção imobiliária”, convém dizer que o marketing promocional dos novos espaços imobiliários tem um papel fundamental para adequar a oferta das soluções de domótica à procura do público-alvo pretendido.
Se realmente for feito um bom trabalho a esse nível, a Domótica representará de fato, um valor acrescentado na promoção imobiliária, caso contrário poderá pôr em causa o retorno do investimento feito nos meios tecnológicos ao serviço da segurança e conforto das pessoas na utilização desses novos espaços.
Veja também | Soluções eletrónicas de apoio domiciliário
Autor | Alexandre Chamusca - Engenheiro Eletrotécnico, Gerente da XKT, Projetos e Instalações Técnicas Lda
Fotografia de capa | Gerd Altmann