E depois do “Brexit”…
Reino Unido Desespera por Mão-de-obra!
Às 23 horas (hora portuguesa) do dia 31 de janeiro de 2020, o Reino Unido deixou de ser oficialmente um Estado-Membro da União Europeia. Nesse preciso momento, entrou em vigor o “Brexit”, de forma a garantir uma saída ordenada desse país da União Europeia, tendo sido iniciado um período transitório, que entretanto terminou no último dia do ano de 2020.
Desde dia 1 de janeiro de 2021, a realidade alterou-se com o fim do referido período transitório e, ocorreram alterações importantes com impacto na vida dos cidadãos, no comércio de bens e de serviços e na mobilidade, tanto da União Europeia para o Reino Unido, como no sentido contrário.
Foram muitos anos em que os britânicos e europeus viajaram de um lado para o outro do Canal da Mancha e puderam escolher livremente onde viver e trabalhar, mas como tudo na vida, existe sempre um fim.
Hoje, os cidadãos Europeus que ambicionem residir (estadias de longa duração) ou mesmo trabalhar no Reino Unido precisam obrigatoriamente de ter um visto, mas se o motivo das viagens for turismo, não é necessário o dito documento e a carta de condução é válida dos dois lados do canal.
Os europeus que desejem trabalhar no Reino Unido agora têm de se inscrever online para obter um visto, posteriormente serão solicitados a apresentar uma oferta de trabalho (com um salário de pelo menos 25.600 libras anuais). Entre outros requisitos, será fundamental dominar (minimamente) a língua inglesa.
Assistimos ao fim da livre circulação de pessoas e serviços. Não estão a ser cobradas tarifas adicionais entre exportações e importações, mas foram implementados controles de segurança alfandegária que estão a atrasar a dinâmica de trocas de mercadorias, situação que tem afetado, de forma dramática, as cadeias de abastecimento.
É já com alguma certeza que se pode afirmar que o “Brexit”, só por si, veio criar uma série de complicações para para as pessoas e empresas principalmente do lado do Reino Unido. Se a isso somarmos uma pandemia e a obrigação de cumprir isolamento profilático após um contacto com um caso positivo de Covid-19, temos a tempestade perfeita no meio do verão.
A campanha "pro brexit" com o seu odor populista e com a narrativa que sem a Europa o Reino Unido iria ter um futuro brilhante, “esqueceu-se” de mencionar que também havia uma boa probabilidade das prateleiras dos supermercados ficarem vazias… Ou que ficariam sem mão-de-obra numa diversidade de setores estratégicos, nomeadamente, na agropecuária e na indústria de processamento de carnes!
A falta de matérias-primas e de alimentos também tem sido uma realidade nas cadeias de restaurantes de “Fast Food”, algumas deixaram de servir “milkshakes” outros foram obrigados a fechar vários estabelecimentos.
Em terras de sua majestade, várias têm sido as vozes que se têm erguido a manifestar o seu descontentamento perante a escassez que se está a viver, chegando a considerá-la a pior de sempre.
De acordo com as associações de transporte britânicas, o Brexit levou a que muitos motoristas de mercadorias com cidadania europeia regressassem aos seus países de origem ou, tenham decidido trabalhar noutros países. Em concreto, estão a faltar cerca de 100 mil motoristas no Reino Unido.
O que está a fazer o governo Britânico?
De forma a colmatar a grande lacuna nos transportes e na indústria, Boris Johnson já anunciou que vai “oferecer” 10.500 vistos de trabalho temporários. De forma a minimizar o impacto na indústria, a recruta de presos das prisões inglesas e de ex-condenados também parece que vai mesmo acontecer. Segundo uma porta-voz do governo:
"Ajudar os presos a encontrar trabalho durante a pena e após serem soltos torna muito menos provável que sejam reincidentes."
O governo britânico anunciou uma flexibilização das regras da jornada de trabalho dos motoristas, o que significa que poderão trabalhar ao volante 11 horas por dia (o anterior limite era de 9h diárias). Esperemos que esta medida não tenha impacto na sinistralidade rodoviária!
Qualquer dia, podemos chegar ao cúmulo de não haver chá para servir à Dona Isabel!
Será que esta situação não faz parte de um plano governamental secreto com o objetivo de baixar o número de obesos no país? Será uma teoria muito louca?