
Nelson Mandela: Símbolo dos Direitos Humanos
A 18 de julho celebra-se o Dia Internacional de uma das grandes referências da luta contra o racismo
Há imortais neste mundo e Mandela é um deles
Foram 67 anos que o principal rosto da oposição ao regime segregacionista instalado na África do Sul dedicou no combate ao racismo e à descriminação, colocando um ponto final no Apartheid em 1994 com o apoio de Frederikde Klerk.
Desde 2009, o dia 18 de julho é oficialmente considerado pela ONU como o Dia Internacional de Nelson Mandela.
“Tata” (“Pai” em língua Xhosa) ou “Madiba”, são os nomes que identificam uma das maiores personalidades do séc. XX. Num período em que se assiste a um aumento visível das tensões raciais, um pouco por todo o mundo, a memória do maior ativista africano dos direitos humanos perdura muito para além dos livros de história, dos copos e porta-chaves que hoje se vendem nas muitas lojas espalhadas por Joanesburgo ou Pretória.
Nascido a 18 de julho de 1918, no seio de uma rica família nobre tribal sul-africana, Nelson Rolihlahla Mandela não imaginaria o que a vida lhe iria destinar quando passeava a sua rebeldia pelos corredores da faculdade.
Num dos maiores bairros de Joanesburgo, o Soweto (onde viria a conhecer um dos seus maiores amigos e companheiros na luta contra a descriminação racial, Desmond Tutu), Mandela ensaia os primeiros passos no ativismo político. Acabado de se formar, em 1943, enquanto advogado, cedo demonstrou uma postura firme e crítica ao Apartheid, regime político de segregação racial imposto pelo nacionalista africânder e pastor protestante Daniel François Malan, em 1948.
E de voz ativa da juventude negra, inspirada pelas ideias de Karl Marx, rapidamente se tornou um ruido incómodo para os poderes supremacistas brancos: Mandela foi preso pela primeira vez em 1956, sendo condenado, oito anos mais tarde, a prisão perpétua.
Durante 27 anos, a Ilha de Robben, localizada a onze quilómetros da cidade do Cabo, representou o cárcere do ativista e símbolo da luta internacional contra o Aparthaid, com a memória do lugar a perdurar ainda hoje, ao que contribuiu a inclusão pela UNESCO da ilha (descoberta por Bartolomeu Dias em 1448) na lista dos lugares classificados como Património da Humanidade em 1999.
Foram muitas as personalidades internacionais que um pouco por todo o globo se revoltaram contra a situação vivida no país e em particular para a realidade vivida por Mandela, desde os músicos Paul Simon, Roger Waters ou Johny Clegg (que ficou conhecido pela canção “Asimbonanga”, composição escrita em homenagem ao futuro primeiro líder negro da antiga colónia britânica, e que se tornou num verdadeiro hino anti-Apartheid), passando por João Paulo II, o ator Marlon Brando ou o presidente norte-americano Jimmy Carter. Uma pressão que deu frutos e que culminou, em 1990, com a libertação de Mandela. Obreiro da mudança política na África do Sul e responsável pelo fim da prisão de “Madiba”, Frederik de Klerk viria a promover com Mandela o fim do regime, num esforço reconhecido pela opinião pública internacional, valendo a ambos, em 1993, a atribuição do Prémio Nobel da Paz.
Empenhado numa transição pacífica no sentido do respeito universal pelos direitos humanos, que ainda hoje tarda a fazer efeito, Nelson Mandela procurou pacificar a sociedade sul-africana, buscando sarar as feridas através do diálogo e na promoção da educação como fator decisivo para a mudança das mentalidades:
“Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da sua pele, pela sua origem ou pela sua religião, para odiar as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar também podem ser ensinadas a amar”.
Nelson Mandela
Num momento-chave da realidade que a nossa sociedade vive atualmente, onde as feridas do passado ainda se encontram abertas e o estigma da diferença da cor da pele, do lugar onde se nasce ou vive ainda pesa, da religião que se professa são sinónimos de conflito e descriminação, vale a pena ler vezes sem conta algumas citações eternas de Madiba como “a educação é a arma mais poderosa que temos para mudar o mundo” ou “os tolos multiplicam-se quando os sábios ficam em silêncio” e refletirmos sobre o legado de personagens da história que, como Nelson Mandela, demonstrando coragem na defesa inflexível dos direitos humanos e na autodeterminação cultural e social dos povos, encontraram lugar no panteão daqueles que nunca morrem.
Extra | No Dia Internacional Nelson Mandela, a 18 de julho de 2018, há quase 3 anos, celebrou-se o 100º aniversário do nascimento de Nelson Mandela.
“Foi um grande defensor global da justiça e da igualdade” e “continua a inspirar o mundo pelo seu exemplo de coragem e compaixão”.
António Guterres, o secretário-geral da ONU, sobre Nelson Mandela, no vídeo de comemoração da data.
Veja o vídeo:
Fotografia de Capa (com fundo e cor alterados) | Sebástian Freire