O Adeus a Eunice Muñoz
O céu recebeu mais uma estrela! Nesta sexta-feira Santa, a cultura portuguesa acordou mais pobre, partiu uma das estrelas mais brilhantes dos nossos palcos, Eunice Muñoz, uma referência do teatro, televisão e cinema português com a qual, há alguns anos, tive o privilégio de conviver durante as gravações de uma telenovela. Uma atriz que partilhava a sua experiência, de atitude responsável, com uma postura humilde e sempre com um sorriso e uma palavra de incentivo para os mais novos atores que por ela passavam.
Eunice Muñoz morreu dia 15 de abril, aos 93 anos, a atriz faleceu no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, devido a uma paragem cardiorrespiratória.
Natural da Amareleja, no distrito de Beja, Eunice nasceu em 1928, a “eterna” artista completou 80 anos de carreira em novembro de 2021.
Deixo-lhe abaixo as palavras de Filipe La Féria sobre a incrível mulher e atriz, Eunice Muñoz.
Muito da nossa vida Eunice levou com ela...
"Hoje o pano de boca do Teatro desceu e as luzes apagaram-se. Fedra, Sarah Bernhardt, a Mãe Coragem, a Dama das Camélias agradeceram os aplausos e desapareceram no labirinto dos corredores dos camarins.
Muito da nossa vida Eunice levou com ela. A todos os atores e ao público de várias gerações, deixou o seu instinto genial, a sua alma e o seu incomparável talento. Ela leva consigo muito dos mais belos e emocionantes momentos das nossas vidas. Os seus olhos de deusa, a sua voz, o seu tão doce coração, o seu talento de fogo, a inteligência e sensibilidade de grande atriz.
Eunice nasceu de uma família de atores que deambulavam de terra em terra, num Teatro desmontável pelas aldeias e vilas do Alentejo. Quando via o seu avô representar personagens dramáticas a pequena Eunice assustava-se e fugia pelos campos. A sua mãe, Mimi Muñoz, tinha a sua Companhia de Teatro que já vinha dos seus avós.
Eunice nasceu no palco e o palco seria o seu irrevogável destino. A ele deu inteira a sua vida, a alma, o corpo, sempre arriscando e renovando-se em casa personagem que criava. Eunice tinha dentro de si vários heterónimos e uma sensibilidade que a fazia compreender os mistérios insondáveis do ser humano.
Alegre, cómica, triste, filha ideal da Tragédia, Eunice guardava no seu grande coração a estrela imortal do Teatro.
Obrigado, querida amiga e até já,
Filipe La Féria”
Fotografia de capa | Facebook de Filipe La Féria
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