O Lado Nocivo da Internet
A inclusão do mundo digital é já algo inerente aos nossos dias, a qual se alarga a um número considerável de dispositivos pessoais. À medida que os anos foram passando, a internet foi deixando de ser uma ferramenta de consulta em espaços públicos como bibliotecas, cibercafés ou outras salas, para passar a ser parte dos escritórios domésticos e, mais tarde, de telemóveis inteligentes, capazes de nos interligar a qualquer parte do mundo, com um conjunto diferenciado e quase ilimitado de operações.
A velocidade de acesso a serviços online, que era já uma realidade para um vasto número de pessoas, foi potencializada pela pandemia e pelos períodos de confinamento, seja pela utilização crescente de redes sociais, compras de supermercado em carrinhos virtuais, pagamentos e acessos a informações estatais ou leitura de notícias diárias.
O fecho do País, a que todos assistimos, levou a que a segurança dos depósitos bancários ou da gestão de contas, os investimentos, os negócios, o trabalho, a escolha e toda uma quantidade de informação confidencial fosse transferida do papel para os ecrãs de nossa casa.
Por sua vez, e se esta nova realidade espelha um conjunto de facilidades e de poupança de tempo, existe um universo de questões menos positivas e que nem sempre são explicadas aos utilizadores.
Em 2019, o relatório anual do Observatório de Cibersegurança mostrava que os portugueses reconheciam apenas alguns dos perigos do novo mundo digital, os quais passavam pela fraude bancária, pornografia infantil e roubo de identidade – cenários apenas combatidos pela monitorização das atividades das crianças ou pela consciência em fazer log out de algumas plataformas.
Contudo, um dos grandes perigos da internet prende-se com a segurança dos dados pessoais e com a sua rápida partilha e furto, consequentes da falta de noção sobre os riscos e o comportamento preventivo neste novo mundo virtual.
A título de exemplo, a maior parte dos portugueses mantém a mesma password durante anos e utilizam-na até para sites distintos, assemelhando-se a uma chave mestra. Por outro lado, o facilitismo de início de sessão, permitida pelas redes sociais, tem aumentado os riscos de partilha de dados em espaços desconhecidos. Hoje, mais do que em qualquer outra altura, o “pishing” – roubo de dados confidenciais através da abertura de links e posterior venda a terceiros ou uso para transações -, tornou-se numa prática frequente que aos poucos vai sendo percebida pelas pessoas. Em contraponto, existem outros perigos, como o “pharming” – clique num endereço que remete para um servidor diferente do pretendido e que se assemelha a uma página fidedigna – que não é do conhecimento da maioria dos portugueses.
É por isso necessário explicar aos consumidores que embora existam mais-valias na utilização da internet, a proteção dos seus dados é urgente e fulcral para a sua segurança. Comportamentos simples como a alteração de palavras-chave com frequência, atualização de antivírus e anti-spyware ou a autentificação de dois fatores podem evitar situações indesejáveis. O clique em links desconhecidos, que muitas vezes surgem por mensagem deve também ser evitada, tal como a inserção de dados pessoais em sites que não demonstrem total segurança.
Por norma, as pessoas com mais de 50 anos estão mais expostas a estes perigos. No período de pandemia, as burlas online aumentaram 250% precisamente pela falta de informação sobre os riscos da internet. As pessoas mais velhas têm menor literacia digital e logo maior vulnerabilidade face a ataques deste género, o que eleva a nossa atenção para com a sensibilização da temática.
A internet pode ser um mundo seguro, mas depende de cada um proteger a sua casa.
Rita Rodrigues, Head of Public Affairs da DECO PROTESTE