Os Murmúrios da Terra

Os Murmúrios da Terra

O planeta tem apresentado uma atividade vulcânica acima do normal!

O ano de 2021 ainda não acabou, mas neste momento já é possível afirmar que ficará na história como o ano dos vulcões.

Quando recuamos até às aulas de ciências, no meu tempo chamava-se “CTV Ciências da Terra e da Vida”, relembramos que os vulcões são estruturas geológicas que fazem a ligação do interior da Terra com o meio exterior. Através dessa abertura é expelida, lava, cinzas, gases e outros materiais. O magma é formado pela fusão do manto terrestre, entre 8 e 80 quilómetros abaixo da superfície. O magma sobe até à superfície devido à temperatura em que se encontra, o facto de ser quente e menos denso que a rocha que o rodeia origina um movimento de ascensão e desencadeia pequenos sismos.

A distinção entre magma e lava assenta, exclusivamente, na localização. Quando os geólogos falam em magma, estão-se a referir ao material rochoso semifundido que se mantém retido no subsolo. Se esse material ascender à superfície e mantiver a respetiva fluidez, designa-se por lava.

As áreas de maior instabilidade, que coincidem com as bordas das placas tectónicas, são as de maior intensidade sísmica, constituindo o conhecido Círculo de Fogo do Pacífico, onde 80% dos vulcões formam um alinhamento que vai da Cordilheira dos Andes às Filipinas, passando pela costa oeste da América do Norte e pelo Japão.

Porquê viver perto de um vulcão ativo?

Parece loucura viver num local que a qualquer momento pode colocar vidas e bens materiais em risco, mas é preciso compreender que existem algumas vantagens nessas zonas, nomeadamente o aproveitamento da energia geotérmica, a riqueza dos solos para a agricultura, indústria do turismo. Parece estranho, mas todos os anos os vulcões são o destino de eleição para centenas de turistas, contribuindo para a criação de postos de trabalho em hotéis, restaurantes, lojas de "souvenirs" ou até guias turísticos.

É certo que as erupções vulcânicas, como fenómeno natural que são, fazem parte do passado, presente e futuro, esse é um "não assunto". A frequência com que estão a acontecer no presente ano é que é sem dúvida motivo de interesse.

As erupções vulcânicas, tal como outras manifestações da natureza, têm sido consideradas imprevisíveis. Tudo indica que, segundo a NASA, estamos muito próximos de conseguir mudar essa situação, conseguindo algum grau de previsibilidade desses fenómenos naturais.

É de extrema importância conseguir prever onde e quando haverá uma erupção vulcânica, basta pensar nas vidas que poderão ser salvas graças aos alertas com maior antecedência que poderão permitir evacuações mais organizadas.

Os cientistas da NASA recorrendo aos dados de radiação térmica fornecidos pelos satélites conseguiram encontrar um padrão importante. Nos 2 a 4 anos que antecedem uma erupção vulcânica têm sido registados, nas zonas afetadas, aumentos de temperatura na ordem de 1 °C. Tudo indica que a ciência está no caminho certo.

Cronologia das erupções vulcânicas em 2021

16 de fevereiro

Entrou em erupção o vulcão Etna no sul de Itália, sendo considerado o vulcão mais ativo da Europa. Devido às colunas de fumo com uma altura superior a um quilómetro, foi preciso encerrar o aeroporto da Catânea na Sicília e suspender todos os voos. Não há registo de danos. Este vulcão já voltou a entrar em erupção em agosto e setembro.

02 de março

Entrou em erupção o vulcão Monte Sinabung, localizado na província Sumatra do Norte na Indonésia. Cerca de 30 mil pessoas foram forçadas a deixar as casas. Não houve mortes ou feridos.

19 de março

Vulcão Fagradalsfjal na Islândia originando mais de 17 mil sismos num curto espaço de tempo, que resultou numa fissura de pelo menos 500 metros de comprimento. Não há vítimas ou danos materiais porque a erupção aconteceu numa área desabitada.

09 de abril

Vulcão La Soufrière entrou em erupção na ilha de São Vicente e Granadinas nas Caraíbas. Cerca de 1.600 pessoas tiveram de ser evacuadas, não houve mortes ou feridos.

22 de maio

Entrou em erupção o vulcão no monte Nyiragongo no Congo. Resultou na morte de 32 pessoas e destruiu mais de 500 casas. Pelo menos 150 crianças foram separadas das suas famílias e 170 podem ter desaparecido durante a fuga.

19 de setembro

Entrou em erupção o vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma no arquipélago das Canárias. A erupção já causou a retirada de 6100 pessoas incluindo 400 turistas, que foram afastados das zonas de risco. Felizmente não houve mortos ou feridos a lamentar, mas os prejuízos são enormes, até ao momento a lava destruiu cerca 400 edifícios, as mais recentes contas apontam para prejuízos superiores a 400 milhões de euros.

Ainda faltam 3 meses para terminar o ano, algo me diz que esta lista não vai ficar por aqui. Onde será a próxima erupção? Aceitam-se apostas!