O Presépio é Rei
Mais do que uma árvore… Um presépio!
A época natalícia não termina no dia 25, as comemorações e tradições prolongam-se até 6 de janeiro — Dia de Reis, também conhecido como Festa da Epifania, que comemora a manifestação de Jesus aos homens como o Filho de Deus. Esta celebração católica está associada à tradição natalícia, que diz que três reis magos do Oriente (Belchior, Baltazar e Gaspar) visitaram o Menino Jesus na noite de 5 para 6 de janeiro, depois de serem guiados por uma estrela. A tradição manda que neste dia a família se volte a reunir para celebrar o fim dos festejos de Natal e começam a retirar os enfeites de Natal que decoram as casas durante a época festiva.
Mas não estamos a falar apenas das bolas e estrelas brilhantes ou da árvore de natal, viver o Natal na sua verdadeira essência “exige” um presépio, mais do que qualquer árvore de natal ou representação do pai natal.
Quem nunca foi apanhar musgo para adornar a gruta? Quem nunca foi a uma serração em busca de farelo de madeira, de forma a pavimentar as ruas do presépio? Ou usou papel de prata amachucado para simular um ribeiro?
São provavelmente recordações de criança, que, tal como a catequese, infelizmente, na maioria das vezes, não conseguem sobreviver nas grandes cidades.
Montar um presépio em casa para o período do Natal é algo incontornável a todas as famílias católicas, normalmente acontece no final de novembro ou mesmo no início do mês de dezembro. Encontrá-los em espaços públicos ou em cartões de boas festas, é algo tão natural para os católicos que muita gente talvez imagine que essa tradição sempre existiu.
O presépio como conhecemos hoje consta ter tido origem em Itália, pela mão de São Francisco de Assis, um frade católico que para muitos foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus.
A intenção do hoje santo, que na época era um líder religioso, teria sido didática. São Francisco de Assis após uma viagem a Belém (Palestina) visitou a gruta da Natividade, o local onde terá ocorrido o nascimento de Jesus Cristo. Sabendo da impossibilidade de todos os devotos fazerem a mesma visita, decidiu criar o primeiro presépio, em Greccio (região da Lácio) para que todos pudessem perceber as circunstâncias físicas do nascimento de Jesus e compreenderem o significado do Natal. São Francisco queria que as pessoas percebessem a pobreza e a humildade do local e, por isso, retratou uma representação simples.
Não havendo certezas sobre o assunto, uns afirmam que esse presépio era constituído por dois animais vivos (um boi e um burro) e ao centro a manjedoura. Outros afirmam que também estavam representadas imagens em argila do menino e dos seus pais, Maria e José.
Apesar de São Francisco ter nascido e vivido em Assis, criou o primeiro presépio na província vizinha (Greccio), pensa-se que foi convidado a rezar a missa de Natal nessa localidade, tendo contado com a ajuda de um nobre local.
A vila de Greccio ainda hoje (entre 24 de dezembro e dia 6 de janeiro) abriga a mais famosa encenação viva da Natividade, onde é incluída a reconstituição dos fatos que levaram São Francisco a realizar a cena do nascimento de Cristo.
Algo muito característico do Natal Açoriano, tradição que também se cumpre na casa dos meus familiares, é plantar sementes de trigo e ervilhaca entre o dia de Santa Bárbara e o da Imaculada Conceição, ou então no dia de Santa Luzia (13 de dezembro) para que no dia do Natal estejam com o tamanho ideal. As tacinhas com os rebentos, juntamente com algumas laranjas e tangerinas, são usadas para enfeitar o presépio ou o altar do menino Jesus.
Os “Altares do Menino Jesus”, que muitas vezes surgem em alternativa ao presépio, são outra tradição açoriana (sobretudo na ilha de São Miguel) assim como a “Lapinha” que é um presépio em miniatura sobre rochas e ornamentado com materiais da terra e do mar com figurinhas de barro pintadas à mão que representam quadros da vida de Jesus.
É nas Furnas que poderá apreciar um dos mais emblemáticos presépios ao ar livre, presente num ambiente místico e mágico: o presépio das Caldeiras das Furnas.
Este presépio terá tido início no ano de 1976, anualmente embeleza e atrai milhares de locais e turistas para apreciar as mais de 500 figuras que constituem este presépio ao ar livre.
Cada terra tem as suas tradições… Na zona em que nasceu, que tradições estão associadas ao presépio e à época natalícia?