Palavra da Semana: Nublado
Tivemos um julho tórrido, uma sucessão de dias com temperaturas teimosamente acima dos 30ºC acompanhados com a precipitação mais baixa do século. Faz amanhã um mês sobre o dia mais quente do ano de 2022 e também, segundo o IPMA, o quinto mais quente dos últimos 23 anos, o célebre dia 13 de julho.
Esta conjetura climática criou as condições ideais à segunda corrida mais emocionante do ano, a das ventoinhas e aparelhos de ar condicionado. Apesar da subida de preços e da rutura de stocks na maioria das superfícies comerciais, não conseguiu destronar a “corrida mor” em Portugal e talvez no resto do mundo, a famosa “black Friday”.
Agosto, para tristeza dos “praia lovers”, até ao momento tem sido totalmente diferente, em vez de vagas de calor vieram máximas mais baixas e a extinção das noites tropicais (para jubilo de outros). As já referidas ventoinhas e os aparelhos de ar condicionado após semanas de trabalho forçado, entraram de férias nesta quinzena. A única coisa que não mudou foi a precipitação, continuamos a zero.
Férias em agosto? Se gosta de clima chocho, pagar tudo em dobro, nunca ter lugar para estacionar a viatura, acordar às 6 horas da manhã para reservar 1 m2 na praia e andar sempre no meio da multidão, é perfeito então!
Para além do clima, esta última semana tem sido marcada por grandes aglomerados de nuvens cinzentas e escuras sob alguns assuntos…
Serra da Estrela: Nublado!
O maior incêndio do ano esteve ativo durante uma semana, passou por cinco municípios e, consumiu mais de 14 mil hectares de floresta, sendo que algumas das zonas consumidas são classificadas como Património Mundial da UNESCO. Apesar de estarem no terreno cerca de 1600 bombeiros e 9 meios aéreos, esta tragédia ambiental parecia não ter fim à vista, felizmente foi dado como dominado passados 7 dias, pelas 23h30 de 12 julho. De momento temos de lamentar os 3 soldados da paz feridos gravemente, alguns dos autarcas dos municípios afetados falam em “falta de coordenação no combate ao incêndio”, mas ainda é cedo para fazer o balanço!
Eletricidade: Nublado!
Neste ano atípico, não bastava a inflação galopante e a subida das taxas de juros, o presidente de uma das maiores empresas elétricas a operar em Portugal veio “ameaçar” com uma subida na fatura da luz da ordem de 40%. O sono dos Portugueses sofreu profundamente com tais declarações. Certamente foi um momento de nebulosidade momentânea, pois não tardou muito (e sob ameaça do governo) a emendar o discurso.
Provavelmente foi o efeito da nebulosidade na visibilidade!
Água na torneira: Nublado!
Mesmo os mais distraídos já se aperceberam que praticamente todo o território nacional atravessa uma situação grave de seca severa e extrema.
A ministra da agricultura já tinha avisado “vão ser implementadas medidas de contenção, de forma a fazer uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos”. Por sua vez, o atual ministro do ambiente, Duarte Cordeiro foi mais longe “temos que nos habituar a viver com menos água. A verdade é que dezenas de municípios pelo país fora andam num autêntico “frenesim de camiões cisterna” para que não deixe de pingar na torneira das pessoas. Se a chuva continuar a teimar não aparecer, provavelmente vão ser tomadas medida mais drásticas, tais como cortar ou reduzir o fornecimento de água à noite!
Relações entre a China e o Taiwan: Nublado!
Todos temos assistido com alguma apreensão aos desenvolvimentos recentes na Ásia Oriental, a China continua com os já designados “maiores exercícios militares da história” em redor de Taiwan.
Quem diria que uma “aparente visita inocente da Nancy” mereceria uma retaliação tão robusta? Pois é, às vezes uma simples visita a uns amigos e uma troca de compotas caseiras, pode iniciar um problema sério. Surgem agora alguns receios que se inicie uma guerra na região, o que seria mais uma desgraça neste 2022 já azarado. Nem quero imaginar o impacto que um conflito desses teria no comércio mundial. O que acontecia aos preços dos combustíveis? Teríamos chips para produzir novos carros computadores e smartphones? A inflação chegaria a 20%? E as taxas de juros?
Neste momento (em que o artigo já vai longo), não fosse o limite de palavras ditado pela editora, poderia continuar a elencar mais uma série de nuvens: O verão negro dos serviços de obstetrícia, a situação energética na Europa, a desastrosa política externa dos Estados Unidos da América ou mesmo o perigo de uma possível crise nuclear em Zaporizhia (Ucrânia). Mas (in)felizmente tenho mesmo de concluir…
Chuva? Nem vê-la, mas com tanta nuvem negra, a ameaça de trovoada é uma realidade que paira sob as nossas cabeças!
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