
Celebrar a União das Nações
Celebrar a União das Nações mais do que nunca...
A 24 de outubro de 1945 nascia a segunda oportunidade de aliança entre as nações, no rescaldo da II Guerra Mundial. Sucessora da extinta Sociedade das Nações, 76 anos depois a Organização das Nações Unidas continua a ser um baluarte na defesa, na promoção da cultura e na proteção da infância.
Em 1943, na conferência de Teerão, chegara ao fim a primeira tentativa da Humanidade em se reunir à mesma mesa para discutir os males do mundo. A Sociedade das Nações - organização idealizada em 1919 pelos líderes vencedores da Primeira Guerra Mundial, com destaque para o presidente norte-americano Woodrow Wilson, autor do documento conhecido como os Catorze Pontos, declaração que propunha uma reorganização das relações entre os estados com vista à manutenção de uma paz duradoura e do desenvolvimento das relações culturais, sociais, comerciais e ao nível da educação – estava formalmente extinta. Ainda hoje conhecemos ecos de fundo deste primeiro projeto de concórdia global: a Organização Internacional do Trabalho, para além do Tribunal Internacional de Justiça e a Organização Mundial de Saúde, conhecidas à época como Tribunal Permanente de Justiça Internacional e Organização de Saúde respetivamente.
Findo o conflito que deu a conhecer ao mundo os horrores do holocausto e restantes extremismos fascistas, houve a obrigação de gerar um novo impulso no diálogo entre os países que começavam já a tomar partido por uma das duas grandes potências vencedoras rumo à Guerra Fria: Estados Unidos e União Soviética.
Apesar da desconfiança inicial e pelo facto do sonho anteriormente preconizado ter resultado num enorme fracasso, a ONU-Organização das Nações Unidas viu a luz do dia com a assinatura da carta fundamental, assinada pelos representantes de 51 países, com a promessa de uma atuação conjunta e profícua nos domínios da manutenção da paz, no fomento constante de relações entre os países-membros, com vista à eliminação da pobreza e na promoção do bem-estar social das crianças, jovens, idosos, refugiados, etc.
Se é verdade que as Nações Unidas não foram capazes de travar a escalada de conflitos importantes como a guerra do Vietname ou a do Afeganistão ou de ter uma voz mais ativa no processo de descolonização em África, ou ainda na mediação entre o mundo ocidental e os países muçulmanos, há que salientar o papel fundamental no desenvolvimento de programas de proteção à infância, com a criação da UNICEF, ou na busca pela preservação da vida de milhares de deslocados que, apoiados pelo ACNUR-Alto Comissariado para os Refugiados, encontraram um destino mais feliz mesmo longe dos seus países de origem.
Pelos seus esforços na preservação do melhor que a Humanidade ainda conserva, a ONU viu a sua importância reconhecida ao ser galardoada, em 2001, com o Prémio Nobel da Paz.
Todos os dias, milhares de colaboradores dos mais diversos programas desenvolvidos pela ONU como o Programa Alimentar Contra a Fome, a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a mediática (por via das circunstâncias criadas pela atual pandemia) OMS-Organização Mundial de Saúde ou o (muitas vezes criticado) Fundo Monetário Internacional trabalham para garantir que a sociedade global não caia numa espiral protecionista orgulhosamente só.
Atualmente a ONU assiste a um debate acalorado no que diz respeito às reformas que se exigem com vista à adequação do papel, por exemplo, do Conselho de Segurança à visão de um mundo que mudou o campo de batalha para o mundo virtual e que enfrenta desafios que urgem ser ultrapassados como as alterações climáticas, a escassez de bens alimentares ou potenciais crises energéticas.
Desde 1948 que o Dia das Nações Unidas se celebra. Hoje, mais do que nunca, esta data deve ser assinalada, para que a Humanidade não esqueça a importância de proteger os laços que nos unem.
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