A Luta por Equidade dos Arquitetos Negros Brasileiros

A Luta por Equidade dos Arquitetos Negros Brasileiros

Nos últimos anos tem sido percetível o avanço, ainda que lento, de pautas relacionadas à equidade de género e raça dentro do campo da arquitetura e urbanismo no Brasil. Um dos motivos talvez seja o fato de ter sido sancionada em 2012 a Lei de Cotas para o Ensino Superior nº 12.711/2012, ação afirmativa que institui a política de cotas que reserva 50% das matrículas por curso e turno nas 59 universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia, a alunos oriundos integralmente do ensino médios público e/ou autodeclarados pretos, pardos ou indígenas.

Com a busca pelo fortalecimento da presença negra nas universidades coletivos como o Juventude Negro da FENEA que tem âmbito nacional e outros com âmbitos locais como os coletivos estudantis: Coletivo Calunga e Coletivo Arquitetas Invisíveis da (UNB – Brasília) e Malungo (FAUSP – São Paulo e UFMG EAD – Minas Gerais), Coletivo Maloca da UNILA vem surgindo pelo país. Além dos coletivos profissionais que se unem para pesquisa e prática da arquitetura de forma colaborativa como os Coletivos CANES, ArqBlack, Terra Preta entre outros.

Ainda que estejamos distantes da época de estilos definidos, uma busca recente no Brasil vem mudando a arquitetura nacional assim como os seus protagonistas. A arquitetura brasileira afro diaspórica vem sendo trabalhada, estudada e defendida por vários profissionais em vários cantos do país na busca pela identidade nacional, pela história e por novas narrativas dentro da arquitetura, urbanismo e design.

Aponta como grandes nomes desse que não sei se posso chamar de movimento: o arquiteto Fábio Velame professor da Universidade Federal da Bahia – UFBA que no seu trabalho mais recente denominado “Arquiteturas da Ancestralidade Afro-brasileira” nos conta sobre a arquitetura religiosa do candomblé no seu livro. A Gabriela de Matos criadora do “Projeto Arquiteta Negras” que visa o mapeamento da presença de arquitetas negras pelo país, a qual teve a sua primeira publicação em revista no ano de 2019.

Além da Professora da UFBA Gabriela Leandro também conhecida como Gaia, a qual foi ganhadora do Prémio ANPUR de melhor tese pela sua pesquisa chamada Corpo, discurso e território no qual ela conta sobre a cidade em disputa nas dobras da narrativa de Carolina Maria de Jesus, escritora negra e periférica brasileira. Orienta também um grupo de pesquisa de mesmo nome que produz uma série de trabalhos visando à temática entre eles o: “Mapeamento de Arquitetos e Arquitetas Negras Pelo Mundo” entre tantos outros nomes importantes que esse texto não daria conta de abarcar.

A luta desses profissionais negros é para construir, acessar e compartilhar informações, projetos, intervenções e estudos sobre a contribuição das pessoas negras na arquitetura, urbanismo e design, a procura por mais acesso ao mercado de trabalho, mais e melhores oportunidades além que equidade salarial e mediática. Assim entre filosofias ancestrais, produção junto à população negra e afro futurismos, esses muitos profissionais têm vindo a tentar quebrar paradigmas dentro do campo e construir novas formas.

Autor | Zac Pinheiro - Designer