
Desinformação ou Teorias da Conspiração
Lembra-se da última vez que foi a uma biblioteca pública?
Nos últimos dias esta pergunta instalou-se na minha mente. Se não estou em erro, creio que entretanto já passaram 30 anos desde a última vez. Não me sinto orgulhoso, certamente!
A “era” da internet veio trazer uma mudança significativa nas nossas vidas, em poucos segundos, no conforto do lar, conseguimos esclarecer qualquer dúvida que surja, ao invés de correr para a biblioteca mais próxima e abraçar uma enciclopédia.
Em poucos anos passamos a integrar a era da informação, nunca na história humana houve tanta informação, sempre disponível à distância de um clique. Temos à nossa disposição um conjunto de ferramentas que possibilitam o acesso cada vez mais rápido e eficiente a grandes volumes de dados em vários formatos, como a imagem ou o vídeo, e sem nenhum tipo de limitação geográfica ou temporal.
Nenhuma outra tecnologia revolucionou o mundo como a tecnologia da informação.
O problema é que, como em tudo na vida, a quantidade só por si não garante qualidade, nunca foi tão importante cultivar nas pessoas um poder de filtragem como agora. Sem uma grande capacidade de discernimento, de desinformados facilmente passamos a estar mal informados, este tem sido o drama do século XXI e, que para já não se prevê que seja de fácil resolução.
Os problemas com a qualidade da informação são sentidos de forma rotineira por todos, com diferentes níveis de severidade e de prejuízo. Basta pensar que todas as decisões tomadas são baseadas num conjunto de informação, sendo que quando a informação é de qualidade duvidosa não produzirá uma decisão adequada e que, quando aplicada a decisão, pode não produzir os resultados esperados. No mundo empresarial e na política, a informação é tratada como um ativo de grande valor, já designado por alguns de “novo petróleo”.
Hoje podemos dizer que as “fake news” são um fenómeno global, transversal a todas as sociedades modernas.
A ideia de que os governantes com o apoio da comunicação social enganam os cidadãos, a mescla entre ceticismo e a necessidade de procurar uma leitura alternativa da realidade são a combinação perfeita para o nascimento de teorias da conspiração.
Apesar da maioria delas não possuir nenhuma base científica ou histórica, elas conquistam muitas pessoas.
Bastaram-me 30 minutos de pesquisa na internet para conseguir reunir três teorias da conspiração incríveis e, a meu ver, cómicas…
A Terra é plana
De acordo com os terraplanistas, o nosso planeta é um disco plano localizado no centro do universo e cercado por uma muralha de gelo. Esta teoria teve origem no livro Astronomia Zetética de Samuel Birley Rowbotham publicada no século XIX. Quais foram as evidências científicas que estiveram na base deste livro? Ninguém sabe… E a viagem de Magalhães? Sobre isso nada dizem…
Esta teoria perdeu alguma força na segunda metade do século XX quando foram publicadas as fotografias resultantes das explorações espaciais dos anos 60 e 70. Mas quando os factos não apoiam as crenças o que fazem? Fácil, dizem que a NASA está a enganar-nos propositadamente!
O homem não pisou na Lua
Foi no dia 21 de julho de 1969, que Neil Armstrong pisou pela primeira vez a superfície da Lua. Esta notícia literalmente correu o mundo. Mesmo assim, muitas teorias de conspiração foram criadas a afirmar que tal nunca aconteceu.
Quais os argumentos dos defensores desta teoria?
► As fotos que documentam a chegada do homem à Lua seriam de altíssima qualidade, incompatível com as condições existentes, logo teriam sido feitas em estúdio.
► Nas fotos tiradas na lua não aparecem estrelas no céu, segundo os conspiradores, elas deveriam lá estar. A explicação é simples, todos os desembarques ocorreram durante o dia lunar, altura em que as estrelas são ofuscadas pela luz do Sol
► Se Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua e ele aparece nas imagens, então quem fez a filmagem? Os defensores desta teoria dizem que esta é mais uma prova de que o homem não pousou na lua, ignorando o facto que havia uma câmara do lado de fora do módulo lunar, apontada para a escada por onde Armstrong desceu.
Elvis Presley não morreu
Por incrível que pareça, há quem acredite cegamente que Elvis Presley não morreu.
A principal teoria da conspiração sugere que o cantor forjou sua própria morte para se esconder da sociedade e viver num bunker debaixo de sua casa em Graceland.
Dizem que Elvis fazia parte de um sistema de proteção às testemunhas do FBI, por ter denunciado vários traficantes de droga. Assim, ele decidiu refugiar-se eternamente com o objetivo de manter a fama e a reputação que o consagrou.
Os argumentos dos defensores desta teoria baseiam-se no facto de ao longo dos anos tem havido diversos relatos sobre aparições do Elvis, se alguém diz que o viu é sinal que está vivo. Afirmam também que na lápide do Elvis, a palavra "Aaron" está escrita de forma incorreta, na sua certidão de nascimento consta o nome "Aron".