Páscoa: Uma Viagem pelas Raízes Históricas e Espirituais
A origem etimológica da Páscoa e o porquê da sua mobilidade no calendário anual...
A maior celebração do calendário cristão abraça a história de duas das mais importantes religiões monoteístas do mundo. Se é verdade que a Páscoa judaica, a Pessach, ganha um enorme simbolismo com a libertação dos hebreus do jugo egípcio, é com a metáfora do milagre da ressurreição de Jesus, a sua vitória contra a morte, depois do Seu sacrifício para a salvação do Homem que esta palavra se eterniza.
Páscoa: uma palavra que se perde na raiz dos tempos, recuando a um período em que a pátria judaica dava os seus primeiros passos, há mais de três mil e quinhentos anos, legitimada pela tradição dos seus patriarcas e a profundidade dos textos que conta a sua diáspora pelo mundo antigo.
Conhecida como a festa da libertação, Páscoa ou Pessach significa, em hebraico, “passar por cima” ou passar sobre”. Já a expressão em inglês, Easter, encontra-se envolta em incerteza. Uma hipótese avançada no século VIII pelo monge inglês conhecido como Venerável Beda sugeria que esta derivava de Eostre ou Eostrae, a divindade anglo-saxónica consagrada à estação vernal e à fertilidade. Esta conjetura postula — à semelhança da teoria que relaciona a fixação do Natal a 25 de dezembro com os festejos pagãos do solstício invernal — que os cristãos primitivos teriam reivindicado nomes e celebrações pagãs para as datas religiosas mais importantes. No entanto, tendo em conta a veemência com que o cristianismo primitivo combateu todo e qualquer vestígio de paganismo (entendido como a crença em múltiplas divindades), tal premissa levantou, entre os historiadores e teólogos, algumas interrogações. Presentemente, um consenso mais amplo encaminha-se para a derivação da palavra da expressão cristã para a Semana Santa, "hebdomada alba" em latim, literalmente a “semana branca”, uma locução que passou a ser entendida como o plural de alba, ou seja, "amanhecer”, enquanto o domingo após a Páscoa era chamado de dominica in albis, em alusão às vestes brancas que os adultos recém-batizados usavam. A forma latina pascha,ae, é originada do latim grego "Pasckha" (por sua vez inspirado pelo aramaico) e está na origem de Pâques, o termo francês para designar a festividade pascal.
A Páscoa e o equinócio vernal...
A Páscoa é uma celebração móvel que ocorre, variavelmente, entre os dias 22 de março e o dia 25 de abril do calendário gregoriano. A definição da data para a observação e celebração da Ressurreição de Jesus foi mote de acirrada controvérsia no seio das comunidades cristãs primitivas, discernindo-se claramente posturas divergentes entre as tradições orientais e ocidentais. Tal disputa, conhecida nas efemérides eclesiásticas como as controvérsias pascais, apenas logrou uma resolução definitiva no decorrer do século VIII.
No oriente da Anatólia, os fiéis cristãos consagravam o dia da crucificação de concomitância com a celebração da Páscoa judaica – isto é, no décimo quarto dia após o surgimento da primeira lua cheia da estação primaveril, 14 de Nisã (ou nissan, nome dado ao sétimo mês do calendário civil e primeiro do calendário religioso judaico). No Ocidente, a ressurreição era festejada ao Domingo, dia marcado pela ressurreição de Jesus Cristo, habituando a prática de celebrar a Páscoa no primeiro domingo subsequente ao décimo quarto dia do mês de Nisã.
Com o tempo, as congregações orientaram-se cada vez mais para a celebração do domingo de Páscoa, relegando a seita dos quartodecimanos (aqueles que propugnavam a celebração no “décimo quarto dia”) para a condição de minoria. O primeiro Concílio de Niceia, ocorrido no ano de 325, e onde marcou presença o imperador Constantino, proclamou que a Páscoa, doravante, realizar-se-ia no primeiro domingo subsequente à lua cheia (que ficaria conhecida como a Lua Cheia Pascal) após a entrada do equinócio vernal, a 21 de março, considerando herética qualquer outra data em discussão.
Já os cristãos ortodoxos fundamentam a data de celebração da Páscoa na matriz temporal do calendário juliano, cujo dia fixado a 21 de março, corresponde ao dia 3 de abril segundo a contagem do calendário gregoriano, este adotado pelos católicos romanos. Por este motivo, a celebração pascal entre os ortodoxos e cristãos orientais oscila entre o dia 4 de abril e o dia 8 de maio do calendário gregoriano, abrangendo tais datas na sua variação anual.
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