Carina Paim: "O corpo alcança o que a mente acredita"
Carina Paim ajuda atleta japonesa a levantar-se e a sair da pista. A atleta paralímpica recebeu o Prémio Fair Play Mário Simas 2021 durante a Gala do Panathlon Clube de Lisboa que aconteceu na noite de 17 de dezembro. A distinção com este prémio de ética desportiva foi atribuída a Carina Paim pela ajuda que prestou a outra atleta após a final de 400 metros T20 dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.
Nessa final de 31 de agosto Carina Paim foi quarta classificada e correu na pista número quatro. Ao seu lado, na pista número três correu a japonesa Aimi Toyama que se classificou em sétimo lugar mas após cruzar a meta, caiu por exaustão. Carina Paim foi quem ajudou a atleta japonesa a levantar-se e a sair da pista.
Conversei com a Carina sobre o momento em que a atleta colocou o ser humano em primeiro lugar e ajudou a sua adversária em pista. O que sentiste ao seres premiada pelo ato de amparar a adversária Aimi Toyama?
“Quando recebi o prémio Fair Play Mário Simas 2021 senti-me contente porque tinha feito um gesto bonito e que o facto de eu ter ajudado aquela minha adversária tinha sido um bom exemplo mesmo apesar de não ter feito por visibilidade ou por nenhum prémio. Confesso também que achei uma boa iniciativa o que o clube panathlon está a fazer porque vai fazer com que outros atletas tenham mais atenção e mais cuidado uns com os outros dentro e fora dos locais de competição ou treino.”
Carina Paim
Quem é a Carina Paim?
A paixão pelo desporto surgiu na escola. Carina começou a sua caminhada como atleta no desporto escolar numa área diferente daquela em que se destaca agora no desporto paralímpico: “comecei na ginástica muito nova”, explica. A atleta praticou muitos anos de ginástica e mais tarde enveredou pelo atletismo: “por sugestão de uma professora”, afirma.
Carina Paim é uma jovem com 22 anos, nasceu em Portimão a 3 de maio de 1999, mas cresceu e estudou no distrito de Viseu, onde fez formação em atletismo na Casa do Povo de Mangualde. Há cerca de quatro anos (2017) rumou a Lisboa, para o Centro de Alto Rendimento do Jamor, para cumprir o seu sonho no mundo do desporto.
O que sentes quando estás na pista?
Há dois momentos distintos quando estou na pista. O primeiro é quando estou nos treinos: sinto que quando entro na pista esqueço tudo, o dia-a-dia, preocupações, problemas, outras coisas... Por momentos até esqueço que tenho outras coisas para fazer lá fora (diz sorrindo).
O outro momento é quando estou na pista para competir, aí é um misto de sensações inexplicáveis, uma mistura de nervosismo, felicidade, por vezes tristeza, liberdade!
Quando corro sinto-me livre!
O que mais te motiva quando estás numa competição?
Boa pergunta, acho que nunca pensei nisso! Mas é a minha treinadora sem dúvida. Quando compito sinto que é uma oportunidade de poder mostrar que todo o nosso esforço valeu a pena. E motiva-me porque quero tanto deixá-la orgulhosa e acabo sempre por dar o melhor de mim.
Que projetos para 2022?
Neste momento é um pouco difícil fazer planos, por causa da pandemia. Mas em 2022 está estipulado o campeonato do mundo, que em princípio também será adiado. Por isso os meus planos para já serão recuperar desta lesão, que me tem impossibilitado de fazer melhor há já algum tempo, e estar no meu melhor para o campeonato do mundo em 2022 ou 2023.
Qual o momento que destacas de 2021?
O momento que mais gostei foi os jogos de Tóquio, apesar de não ter conseguido realizar os meus objetivos. Os jogos são sempre "aquela" competição marcante independentemente de correr bem ou não.
"O corpo alcança o que a mente acredita" com isto quero dizer que conseguimos fazer tudo a que nos propusermos, só temos que acreditar e nunca desistir. Quero agradecer a todos pelo apoio que me dão principalmente nas grandes competições."
Carina Paim
A Rotina de Carina Paim
A minha alimentação é gerida pela minha nutricionista. Temos de combinar a minha alimentação com a fase do treino em que estou. É preciso ter atenção à carga e ao volume e se estou a tomar suplementação ou não.
Importante ajustar sempre a quantidade de hidratos de carbono e proteínas. De resto são as restrições normais, evitar as gorduras, açúcares e beber muita água.
Treino todos os dias (6 dias) ►15 horas semanais.
Uma semana na vida de Carina Paim
O meu registo diário semanal...
► Às segundas, quartas e sextas-feiras acordo pelas 8 horas, como não tenho aulas e é dia de ginásio vou logo pela manhã fazer uma corridinha e alguns exercícios de “core”. Depois tomo o pequeno-almoço, estudo, almoço entre as 13 e as 14 horas, descanso, faço fisioterapia ou massagem e pelas 17 horas tenho treino de ginásio. Às 22 é hora de jantar.
► Terças e quintas-feiras como tenho aulas acordo às 7 horas, tenho aulas das 9 às 13h30. Às 14h30 almoço, depois de almoçar, até às 17 horas, tenho tempo para descanso, fisioterapia ou massagem e às 17 horas começa o treino de pista, seguido do jantar, às 21 horas.
► Ao fim de semana acordo pelas 8h30, ao sábado, porque tenho treino das 10 horas até às 13 horas.
E depois, começa o fim de semana!