Deixar de fumar com apoio médico
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Deixar de fumar com apoio médico

Vencer o tabagismo

Esta noite tive que levar a minha filha às urgências e assim que entramos no táxi ela sussurrou-me “cheira-me a tabaco”. Em conversa o taxista disse-nos que já tinha levado a vacina do covid-19, as suas análises estavam boas, caminhava três quilómetros por dia para ir trabalhar e que o seu único problema era fumar. Afirmava veemente “não estou ainda preparado para o deixar.”

Muitos fumadores estão dispostos a parar de fumar, mas para aqueles que ainda não se sentem “preparados” deixo a seguinte pergunta:

O que seria necessário para ter uma maior confiança na sua capacidade de mudar?

 

 

Apesar de o tabagismo ter uma maior prevalência no sexo masculino, tem-se registado um aumento do consumo no sexo feminino, em todas as idades e sobretudo na faixa etária dos 15 aos 24 anos. As crianças filhas de pais fumadores têm um maior risco de se tornarem fumadoras na adolescência e esse risco, é superior ao da facilidade e disponibilidade imediata de cigarros, ou até da própria pressão exercida pelos pares, para o início do consumo precoce. Há quem comece a fumar “in útero” e continue na amamentação e isso elevará o risco de se tornar mais facilmente “refém” na adolescência.

Perpetuar o ato de fumar é caminhar rumo ao precipício em câmara lenta. Não podemos guardar o tabagismo numa gaveta, “deixá-lo para depois” e correr atrás do cancro, das doenças cardiovasculares ou respiratórias. Para os pacientes que se encontram nesta situação uma mensagem de esperança e que olhem para esse evento de vida como uma oportunidade para mudar estilos de vida e comportamentos. Parar de fumar traz benefícios imediatos em indivíduos com ou sem doenças relacionadas com o tabaco, em ambos os sexos e em qualquer idade.

“O primeiro passo só depende de si!”

Atualmente existe tratamento efetivo que aumenta significativamente a taxa de sucesso de abandono do tabaco, que engloba aconselhamento, estratégias de mudança comportamental e tratamento farmacológico. Neste último ponto destaco que desde 2017 dispomos em Portugal de um novo fármaco que associa num só comprimido a bupropiona, já há muito usada na depressão, e a naltrexona, cujo efeito sinérgico de ambas potencia a redução de peso, apresentando bons resultados naqueles pacientes em que o aumento de peso constitui ainda um obstáculo à cessação tabágica. Na vida, o leitor não terá que vencer sempre tudo sozinho. Encontre em nós, médicos, uma ponte para a sua caminhada para uma vida melhor!

Daniela Fonte | Médica especialista com interesse no tratamento do tabagismo