
O Clima...um Brinquedo ou uma Dieta?
Três em um!..."Ioiô"
Assim que viu a palavra “ioiô” certamente veio-lhe à memória aquele brinquedo que marcou várias gerações, uma alternativa ao pião que de igual modo preencheu o imaginário da criançada.
A origem de tal objeto é de certa forma desconhecida, uns apontam a sua invenção à Grécia antiga, outros juram que foi na China e ainda há quem aponte a paternidade do “ioiô” aos Filipinos. A verdade é que não se sabe, não existem provas irrefutáveis da sua procedência!
O mais antigo “ioiô” encontrado remonta a 500 a.C. e era feito com pele e terracota, no entanto, só se tornou um fenómeno de popularidade mundial quando um filipino chamado Pedro Flores levou a ideia para os Estados Unidos e começou a comercializá-la. Pedro Flores criou uma fábrica, a “Flores Yo-yo Company”, que posteriormente vendeu a Donald F. Duncan que veio contribuir para a evolução deste brinquedo. Foi nos anos cinquenta que surgiu o primeiro “ioiô” de plástico. “Em 1985 foi levado para o espaço pela NASA, a bordo da nave espacial Discovery, com o intuito de estudar o seu comportamento face à pouca gravidade.”. (infopedia)
Há cerca de 10 anos, em agosto de 2012, o astronauta da NASA, Don Pettit usou o seu tempo livre para testar as capacidades de microgravidade com o “ioiô”. Assista ao vídeo:
As novas gerações dificilmente conseguem compreender o encanto de dois discos, geralmente de plástico, podendo ser também de madeira ou metal, unidos no centro por um eixo no qual se prende uma corda, sem um ecrã, sem bluetooth, wireless ou automatismos, portanto sem condições mínimas para estimular o sorriso da criança moderna, o que é uma pena. Eis mais uma prática em vias de extinção!
A meteorologia é, sem dúvida, outro tipo de “ioiô”, o clima do passado mês de maio foi um verdadeiro rodízio de fenómenos meteorológicos e de temperaturas oscilantes e anormais para a época. Somos visitados por dias de calor infernal acompanhados com o consequente risco de incêndio, no dia seguinte chega o frio, a chuva e o granizo, logo a seguir novamente o calor, mas desta vez com a companhia das poeiras do deserto. Máximas de 38ºC à 6ªfeira e de 23º logo na 2ªfeira seguinte, ou seja, ora o edredom abandona a cama, ora volta a ser necessário, uns dias usamos a camisola de manga curta, nos seguintes casaco impermeável, enfim, uma esquizofrenia desenfreada. A vida já tem uma considerável pitada de imprevisibilidade, mas quando não sabemos o que vamos vestir no dia seguinte ainda torna tudo um pouco mais difícil - Amanhã vou à praia? Ou talvez fazer ski? Logo se vê! Pelo sim pelo não vou deixar à mão o calção e o gorro.
Pelo andar da carruagem parece que o mês de junho ainda não vai ser perfeito, mas pelo menos vem instalar alguma, tão necessária, estabilidade e promete carros mais limpos. A ver vamos!
Ao falar em “ioiô” e, por incrível que pareça, também podemos estar a falar de dietas, também designadas de mal necessário. Falar de dieta nunca traz felicidade, pelo contrário, é como se fosse um garrote feroz na nascente do prazer.
A vida era bem melhor se a gordura não se acumulasse e se não houvesse hipótese para as doenças crónicas se instalarem. Infelizmente a realidade é outra, estamos cada vez mais gordos e menos saudáveis, tudo o que é apelativo, saboroso, prático e imediato faz-nos mal. Há quem diga que são tentações do demónio! Quem nunca se sentiu levemente deprimido ao começar um processo de dieta? Não ao ponto de necessitar de uma farmácia, mas sofrer uma grande machadada no prazer dos prazeres. Quem nunca sonhou com um bolinho apetitoso?
Na origem do conceito, dieta referia-se ao conjunto de alimentos que devíamos consumir, de forma a garantir um equilíbrio nutricional, promovendo assim o bem-estar e a saúde. A palavra dieta tem origem no latim “diaeta”, que por sua vez vem do grego “díaita”, que significa” modo de vida. Desta definição inicial retiramos que não é uma palavra restritiva, ao invés disso fomenta um conjunto de hábitos e escolhas saudáveis.
No entanto, ao longo do tempo, esta palavra, “dieta”, (tristemente, digo eu) passou a ser usada para definir regimes alimentares com objetivo de perda de peso, logo começou a ficar associada à restrição e às dietas da moda, que todos os anos variam e no geral são pouco saudáveis.
A esses regimes normalmente é associada uma campanha de marketing gigante, “slogans” apelativos, nomes com estilo e dezenas de promessas irrealistas. É com naturalidade que essas campanhas atingem as massas, fazem os “sofredores de balança” acreditar que finalmente apareceu a solução para todos os problemas.
Na maioria das vezes, essas dietas, por serem tão restritivas fomentam o efeito “ioiô”, ou seja, após alguns dias ou semanas a “passar fome”, cortar tudo e ver a balança a cair, vem a fase da recuperação rápida até ao peso inicial, isto quando a pessoa não ganha ainda mais peso do que tinha.
E o futuro? Passaram 20 anos! As temperaturas estabilizaram, o “ioiô” extinguiu-se mesmo, vivo agora com uma família de estrias e estou gordo na mesma… Onde é que errei?
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