Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos
Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos

Ponte de Lima: vila unida por dois Caminhos

Banhada pelo “Rio do Esquecimento”, em Ponte de Lima encontram-se os dois tramos do Caminho Central que, a partir do Porto se separaram e que, com olhos a mirar a Serra da Labruja, se voltam a unir. A Galiza está cada vez mais perto.

É uma das vilas mais seculares e tradicionais de Portugal, recebendo carta de Foral em 1125 pela rainha D. Teresa (“Mãe e Avó de Reis”, como consta numa lâmina de bronze colocada na base da escultura que se encontra à entrada do centro histórico). Lugar onde nasceu a curiosa lenda que alude à figura histórica do general Décimo Júnio Brutus Galaico e do “Rio do Esquecimento”, sobre o rio Lima (que os romanos apelidavam de “Lethes”), a sua ponte romano-medieval, datada do séc. I e reconstruída na idade Média, impressiona e recorda-nos outras pontes de uma importância transcendental que podemos encontrar nas mais variadas rotas jacobeias, que pela sua história e significância, fazem parte do álbum de memórias (e fotográficas) dos viandantes como, por exemplo a Puente de San Juan de Ortega (ou de Piedra) de Logroño, Puente La Reina (referida em crónicas anteriores), a Puente del Paso Honroso (ou de Órbigo), em León ou a ponte de peregrinos de Molinaseca (a poucos quilómetros da templária Ponferrada) estas no Caminho Francês, a ponte de San Xoan de Furelos e Ponte de Maceira, no caminho a Finisterra ou a ponte medieval de Pontesampaio no Caminho português, já em território galego.

Em Ponte de Lima unem-se, rumo a Valença, os dois percursos da rota central portuguesa a Compostela, que no Porto levaram o peregrino a escolher entre o Caminho rumo à Cidade de Galo ou, ao invés, seguindo em direção à Cidade dos Arcebispos.

Seja por Barcelos ou por Braga, a etapa que termina em Ponte de Lima é a mais extensa do Caminho Central, com mais de 30 quilómetros de jornada, até alcançar a bonita Avenida dos Plátanos, que ladeia as margens do rio Lima. Nesse lugar, o cansaço da andança dá lugar à alegria refrescante da chegada, ainda com tempo para descobrir aquela que é apelidada por muitos como a “vila mais antiga de Portugal”.

Explorando o centro histórico, duas imponentes estruturas chamam a atenção para um tempo em que a cidade era defendida por uma alta e forte muralha: a Torre da Cadeia Velha e a Torre de São Paulo (mas que também se chamou da Expectação ou do Postigo), mandadas construir por D. Pedro I, no séc. XIV, em conjunto com o restante pano amuralhado, do qual já resta muito pouco.

Virando costas ao rio alcançamos a Igreja Matriz de Ponte de Lima, dedicada a Santa Maria dos Anjos, templo gótico construído no séc. XV e adaptado no séc. XVI. A rosácea da fachada e a torre sineira destacam-se do conjunto arquitetónico num lugar de profundidade histórica, já que nesse local terá havido, segundo as lendas, não apenas um templo anterior, mas também um altar pagão onde se venerava uma deusa com a forma de uma “vaca” e que estará na origem da realização da célebre “Vaca das Cordas”. Uma tradição que tem lugar na véspera do dia do “Corpo de Deus” (uma das manifestações religiosas mais antigas, sobretudo no Norte, do território português) e que, desde 2011, é recordada por uma escultura, desta feita de um touro, que se encontra, precisamente, ao lado da igreja. E por falar de esculturas vale a pena sublinhar o conjunto escultórico que evoca a tradição das Feiras Novas (a última romaria do ano no Alto Minho, em honra a Nossa Senhora das Dores, e que tem lugar em setembro) e do folclore minhoto.

Já a caminho do albergue municipal, seguindo os passos dos milhares de peregrinos que, ao longo dos séculos, cruzaram o tabuleiro da ponte romana, podemos contemplar, em primeiro plano, uma escultura evocativa da rota jacobeia e a capela medieval do Anjo da Guarda, também conhecida como o Padrão de São Miguel. Edificada no séc. XIII em estilo românico tardio, é um dos lugares de maior veneração pelas gentes de Ponte de Lima, classificada desde 1978 como Monumento Nacional.

E, quase no final da jornada, a igreja barroca de Santo António da Torre Velha, um dos típicos cenóbios do norte minhoto, com altares adornados de talha dourada.

Ao alcançar o albergue, surpreendemo-nos ainda com um museu evocativo do brinquedo português.

Pela noite, e dependendo da altura do ano, vale a pena descobrir o melhor da gastronomia limiana, descobrindo iguarias intemporais como o “arroz de sarrabulho”, a “lampreia à bordalesa”, o típico “bacalhau de cebolada” ou a “Espetada de Brutus” (que evoca, justamente, a lenda do “Rio do Esquecimento”). E para finalizar, nada melhor que um leite-creme torrado. Mas nada de exagerar, no dia seguinte chega a hora de enfrentar a etapa mais dura do Caminho Português: a subida à Serra da Labruja.


Fotografias de Artur Filipe dos Santos


Gostou do texto? Deixe abaixo a sua reação e comentário... smiley


Ver também |

Em duas palavras: Conexão e Comunicação

Em duas palavras: Conexão e Comunicação

A Importância de Planear a Sucessão em Vida

A Importância de Planear a Sucessão em Vida

Vai viajar? Reserve o seu Alojamento com o Selo Draft World Magazine... Juntos Conhecemos o Mundo! Apoie o jornalismo independente  AQUI