Os Deuses Devem Estar Loucos
Relembrar é viver!
Lembra-se? Foi lançado há 41 anos… Bolas! Esse tipo de conversa faz-me sentir menos jovem.
Se há filmes que por mais anos que passem continuam muito atuais, “Os deuses devem estar loucos” é sem dúvida um deles.
Um filme imortal de Jamie Uys, de 1980, que retrata três culturas diferentes envolvidas numa sociedade contemporânea. O fio condutor do filme é uma garrafa de refrigerante cola lançada por um piloto de uma avioneta. Podemos presumir que este piloto representa a sociedade civilizada, a garrafa de refrigerante certamente representa o consumismo e a banalidade com que o mundo civilizado olha para os objetos. Quando Xi (um bosquimano do deserto árido do Kalahari) encontra a garrafa e leva-a para o seio da tribo, todas a encaram como um objeto vindo dos deuses.
Nunca ninguém tinha visto um objeto liso, duro e ao mesmo tempo bonito e reluzente. Todos os dias dias, os diversos membros da tribo descobriam novos usos para a garrafa, era útil para trabalhar o couro, ajudava imenso com as peles de cobra e, soprando no gargalo, também servia de instrumento musical.
Pela primeira vez, a tribo tinha algo que não podia ser divido.
Algo que nunca tiveram, de um momento para o outro, tornara-se indispensável, ou seja, foi criada uma necessidade.
A garrafa, devido à sua raridade, adquire um enorme valor social, mas desperta um conflito interno entre os elementos da tribo. Até então a tribo vivia em perfeita harmonia, mas com o aparecimento da garrafa, tudo mudou subitamente. Sentimentos de posse, ódio, ciúme, inveja, ganância e até mesmo comportamentos violentos começaram a dominar o quotidiano da vida tribal, mudando em pouco tempo a vida e as relações entre os membros, semeando a discórdia.
Como é possível que uma dádiva dos deuses possa ter o poder de alterar de forma tão dramática e negativa a vida de um grupo de pessoas? Até então os deuses só enviavam coisas boas, como a chuva, árvores, raízes e frutos, mas desta vez de certeza que se enganaram.
Xi ficou zangado com os deuses.
Certamente a garrafa é um objeto do maligno e, como tal, o melhor era desfazer-se dela, tendo Xi enterrado o objeto para que deixasse de fazer parte das suas vidas. Durante a noite uma hiena curiosa desenterrou-a e trouxe à superfície, fazendo com que na manhã seguinte as crianças da tribo a tenham descoberto e, tudo recomeçou, todos aqueles maus sentimentos e violência automaticamente voltaram. Foi nesse momento que Xi percebeu que teria de levar a garrafa para o fim da terra, não havia outra forma. Nesse momento alguns membros da tribo o alertaram que o fim da terra era longe, levaria 20 a 40 dias a andar a pé, mas mesmo assim não conseguiram demover Xi. Começa então uma caminhada até ao fim do mundo… E mais não digo…
Despertei-lhe o interesse? Tem de ver (ou rever)!
Parece que criei um “monstrinho” dentro de si, ainda bem, é um ótimo filme para fazer parte da educação dos seus filhos ou mesmo netos. Bem sei que no início, vão certamente reclamar pois parece antigo e não tem efeitos especiais, mas após os primeiros 5 minutos, aposto que a história vai “viciar”. Palavra de Zé Carlos!
Deixo-lhe abaixo o filme completo...
"Os Deuses Devem Estar Loucos" Dobrado em Português (do Brasil) |
Versão em inglês | AQUI