
Educação Emocional: Uma Urgência Atual
Emoção e razão são duas faces de um só rosto.
Um rosto único e singular.
Um só rosto, uma pluralidade de expressões.
As emoções decorrem de sensações impregnadas de afetos, que nos movem na procura de forma, de lugar, de expressão, de sentimento, de pensamento, de nomeação e integração. Pela tradução que fazemos das sensações que vivemos, existirão emoções que pelo seu movimento nos estimularão para a ação ou não, ou seja para a ação ou retração. Como já temos vindo a referir em artigos anteriores, a emoção procura sempre uma forma de expressão corporal e uma representação para ser pensada (sentimento).
As emoções agitam-nos a partir do presente vivido. São essas emoções que nos guiam na compreensão da postura a adotar perante o vivido, perante aquilo que nos rodeia. Elas representam a avaliação da experiência por nós vivida. Agitam-nos a partir do presente, mesmo quando vindas do passado ou projetadas no futuro. Experimentamo-las no aqui (corpo) e agora (presente). As emoções posicionam-nos perante o tempo e o espaço.
As emoções predispõem-nos para a acção. Se temos medo, queremos fugir, se tivermos raiva, sentiremos fortes impulsos para atacar; se estamos tristes, temos vontade de chorar. Se estamos felizes, rimos. As emoções são como uma bússola interna, que nos podem levar ao equilíbrio e ao bem-estar.
Neste sentido e face aos recorrentes sinais e sintomas de mal-estar que testemunhamos no consultório, nas escolas, na sociedade em geral, é urgente educar as emoções. Sim, essa é a boa notícia as emoções tem um potencial de educabilidade que é urgente ativar e cuidar.
A educação emocional é importante porque contribui para o desenvolvimento integral da pessoa, um contributo que é a finalidade da educação da pessoa com vista ao desenvolvimento da sua humanidade. Não somos humanos, tornamo-nos humanos. A humanidade potencial ganha forma pela qualidade das relações interpessoais.
As emoções são respostas complexas do organismo que devemos aprender a conhecer, a regular e a gerir adequadamente. Conhecer, interpretar e enfrentar as emoções é uma tarefa que nos leva a mergulhar na sua complexidade de forma a poder coincidir com o que mais desejamos na vida, ou seja: ir no sentido do bem-estar, da saúde emocional e da felicidade, para tal é necessário desenvolvermos competências emocionais.
As competências emocionais são as habilidades básicas para uma boa adaptação às exigências da vida, atitudes que precisamos aprender e desenvolver. Elas têm a ver com a consciência e a regulação emocional. Ninguém nasce com habilidades prontas, é preciso educá-las. As Competências emocionais contribuem para a convivência e para o bem-estar.
Como se desenvolve o que estamos a propor?
Na prática da educação emocional é essencialmente um treino, um trabalho ativo para que o desenvolvimento de competências emocionais se efetue. No seu desenvolvimento e concretude os conteúdos que a educação emocional procura desenvolver constituem um amplo quadro do competências emocionais que vão desde: a consciência e regulação emocional, a autoestima, a gestão de conflitos, a prevenção da ansiedade e do stress, assim como o controle da impulsividade, o desenvolvimento da empatia, a prevenção da violência, a tolerância à frustração, entre outros.
A atenção às emoções, aos afetos e seus sentimentos é um fator potenciador de bem-estar, elemento essencial para a saúde e qualidade de vida da pessoa. Devemos ter em atenção o bem-estar porque o bem-estar é o que as pessoas mais precisam, o que mais desejam e o que procuram. As emoções com potencial negativo (medo, raiva, tristeza, nojo, ansiedade) chegam até nós inevitavelmente, sem as procurarmos, no entanto, as emoções com potencial positivo (alegria, amor, paz interior, bem-estar emocional, felicidade, gratidão, pró-socialidade) e bem-estar exigem aprendizagem para que possam ser apreciadas. Uma das principais aprendizagens consiste em descobrir que o maior bem-estar reside em realizar ações em favor do bem-estar dos outros.
Segundo Rafael Bisquerra, um dos maiores especialistas em Educação Emocional, a procura do bem-estar emocional como fundamento da educação emocional leva à convicção de que não há bem-estar pessoal sem bem-estar social. O compromisso com a construção do bem-estar social é o provedor principal do bem-estar pessoal. É significativo que as fontes de bem-estar incluam o altruísmo, a pró-socialidade e o compromisso, tudo atributos e atitudes de cariz social.
Neste sentido segundo o mesmo autor, o principal objetivo da educação emocional é o desenvolvimento de competências emocionais, nomeadamente a aquisição de um melhor conhecimento das próprias emoções e a identificação das emoções dos outros.
Assim como a aquisição e desenvolvimento de vocabulário emocional que nos permita nomear as emoções corretamente. É também seu objetivo desenvolver a capacidade de regular as próprias emoções e de aumentar o limiar de tolerância à frustração. Outro dos grandes objetivos é o de poder vir a evitar os efeitos nocivos das emoções com potencial negativo e por sua vez desenvolver a capacidade de gerar emoções com potencial positivo. Assim como desenvolver a capacidade de estimular a automotivação adotando uma atitude positiva perante a vida, e assim desenvolver habilidades para a resiliência para aprender a fluir. Para que tal como diz o ditado, o rio corra por si. O rio da vida e do potencial de crescimento em humanidade.
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