
Turismo: Hoje e Amanhã
De acordo com a pesquisa da "Future Foundation", a maioria dos consumidores dos tempos atuais, indicam as viagens de férias como o produto de luxo número um, em detrimento da compra de casas, automóveis de luxo ou vestuário de alta-costura.
Tem sido demonstrado que as escolhas feitas pelos turistas são determinadas por vários fatores, em termos evolutivos, pode-se dizer que o consumidor está cada vez mais exigente com a indústria do turismo. O conceito tradicional de férias há muito que passou a figurar numa galeria de museu, hoje o turista não procura apenas 15 dias de praia, mas uma multiplicidade de novas vivências e experiências.
Os turistas do presente e do futuro levam vidas complicadas e têm uma identidade fluida. Por um lado, desejam experiências descontraídas, ecológicas, em contacto com a natureza, mas, ao mesmo tempo, apreciam a azáfama de um "shopping center", divertem-se nos casinos e apreciam uma vida noturna agitada. Novas experiências, luxo, cultura e autenticidade são algumas das tendências que estão a moldar o turismo mundial.
De forma a conseguir manter o emprego ou atingir prémios de produtividade fundamentais ao consumismo, as pessoas trabalham cada vez mais horas, deixaram de ter horários definidos, a fronteira do trabalho e do lazer tornou-se impercetível, claro está que nesta equação complexa, o contexto e o convívio familiar tem sofrido alguma negligência.
O desinvestimento sociofamiliar tem de ser compensado, há que atingir algum equilíbrio de forma a preservar o ecossistema da vida pessoal. As férias são agora percebidas como um tempo de qualidade para a família, são o ambiente ideal para realizar atividades em conjunto, de forma a fortalecer os laços familiares.
A partir do momento em que o turista decide viajar, ele imagina o lugar que visitará, que experiências e atrativos procurará, onde se vai hospedar e em que restaurantes irá comer. Mas também quer conhecer quem vive no destino, quais as suas tradições e que filosofia de vida seguem.
Num momento em que o turismo Português está dependente do humor Britânico e dos seus caprichos, parece-me óbvia a necessidade de implementar estratégias de diversificação a nível de oferta, conquistar novos mercados, novas nacionalidades. Não me parece economicamente sustentável depender em demasia de uma nação, prova disso são os acontecimentos mais recentes, onde os interesses económicos encapotados de interesses pandémicos estão a ditar a ruína do início do verão.
Os Ingleses são mesmo maus?
Ou mais uma vez, a ausência de pensamento/planeamento a médio e longo prazo está a condenar a "galinha dos ovos de ouro"?
Não seria previsível a situação que estamos a passar?
Agora não adianta muito chorar, o que está feito…feito está… Vamos olhar para a frente?
Qual deve ser a aposta de Portugal? Que mercados ou Países devem ser o foco?
É sempre simpático e útil continuar a contar com a Europa do Norte, melhorar/aumentar a promoção dirigida aos Estados Unidos da América e Canadá, mas, é sabido que ao longo das próximas décadas, o número de pessoas de classe média na China, Índia e na Europa Oriental aumentará, esses serão, cada vez mais, os turistas de amanhã. Parece-me sensato pensar que queremos turistas hoje, mas também os queremos amanhã!
A meu ver, a coluna vertebral da promoção turística nacional terá obrigatoriamente de se focar nestes países, onde o aumento do número de pessoas com mais recursos financeiros está em rota de crescimento.
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